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  • Contato Brasil, 25 de abril de 2024 19:28:45
Magno Martins
  • 18/11/2020 09h07

    Semancol de João em falta

    Foi ao PT que o PSB recorreu em 2018 para, numa aliança “pragmática”, se manter no poder, derrotando Armando Monteiro (PTB)

    João Campos( foto: Arquivo do colunista)

    (Recife-PE) Após o tombo do primeiro turno, no qual por pouco não foi deixado para trás pela candidata do PT, Marília Arraes, João Campos (PSB) deu declarações usando a estratégia de jogar a corrupção no colo da adversária por ser do Partido dos Trabalhadores, legenda que se confunde com o que há de mais sujo no País, graças ao desfecho da operação Lava Jato, que levou o ex-presidente Lula a ver o sol nascer quadrado.

    João esqueceu o semancol em casa. Majoritariamente, o PT está alojado no Governo que ele serve, no Estado e na Prefeitura do Recife. A turma do senador Humberto Costa, que sabotou a candidatura de Marília no primeiro turno, tem uma aliança histórica com o PSB. Principal porta-voz de Humberto, Dílson Peixoto é secretário de Agricultura do Governo Paulo Câmara e o partido ocupa mais de 200 cargos no Estado e na Prefeitura.

    Foi ao PT que o PSB recorreu em 2018 para, numa aliança “pragmática”, se manter no poder, derrotando Armando Monteiro (PTB). João não pode jogar pedras no PT dele e dos seus aliados governistas, porque o seu PSB também se confunde com roubalheira. Lá atrás, o Governo do seu pai, Eduardo Campos, foi objeto de operações da Polícia Federal. Em âmbito municipal, recentemente Geraldo Júlio assistiu a mesma PF subir as escadas da Prefeitura por seis vezes.

    João deveria, portanto, ser melhor orientado, porque se sua propaganda eleitoral no rádio e na TV, que começa amanhã, se der na direção de carimbar Marília como patrona da corrupção do PT, o efeito será ao contrário. Dizem que a corrupção é um crime sem rosto, mas se João quiser, como parece dar sinais, dar um tiro no pé, o rosto já tem cor e cara: PSB.

    Santo Agostinho dizia que com a corrupção morre o corpo, com a impiedade morre a alma. Em essência, a corrupção política é apenas uma consequência das escolhas do povo. No Recife, o povo vai novamente se manifestar em eleição de segundo turno no próximo dia 29. Esse mesmo povo, se tiver juízo, votará com o discernimento de que acabar com a corrupção é o objetivo supremo de quem ainda não chegou ao poder.

    Mais corrupção – Antes mesmo de começar a propaganda eleitoral no rádio e na TV no Recife, o PSB, que disputa o segundo turno com João Campos sofreu um revés: O relatório oficial do Tribunal de Contas do Estado confirmou, ontem, segundo antecipei com exclusividade, as irregularidades na compra de 500 respiradores da microempresária veterinária Juvanete Barreto Freire, sem licitação, pelo valor total de R$ 11 milhões. É o caso dos respiradores testados em porcos que a gestão de Geraldo Júlio queria que fossem usados pela população recifense na covid-19.

    Prisão temporária – A compra foi objeto de três fases da Operação Apneia, da Polícia Federal, com buscas e apreensões na casa de secretários e assessores do prefeito Geraldo Júlio (PSB). O secretário de Saúde do Recife, Jailson Correia, teve pedido de prisão temporária na segunda fase da Operação, mas a Justiça Federal negou a prisão. O celular de Jailson Correia revelou conversas constrangedoras sobre os respiradores com João Guilherme Ferraz, assessor e homem de confiança de Geraldo Júlio.

    Homem forte – O relatório do TCE responsabilizou, além do secretário Jailson Correia, também o assessor Felipe Soares Bitencourt, apontado nos bastidores como homem-forte de Geraldo Júlio nas compras da saúde. Felipe Soares Bitencourt está afastado das funções na PCR, por ordem da Vara Criminal da Justiça Federal, após ser alvo de outra operação da Polícia Federal. Segundo o relatório, a microempresa dos 500 respiradores tinha capital social de apenas 50 mil e tinha sido aberta poucos meses antes. Apesar disso, a gestão de Geraldo Júlio assinou com a microempresária um contrato de R$ 11 milhões sem licitação para a compra de respiradores da covid-19 no auge da pandemia.

    Risco assumido – Os auditores apontam que a gestão de Geraldo Júlio "assumiu o risco" das irregularidades ao contratar a microempresária veterinária por R$ 11 milhões sem licitação. "A Secretaria de Saúde assumiu o risco de contratar fornecedor sem capacidade operacional para executar o objeto dos contratos, o que se reforçou com a posterior rescisão contratual", apontam os auditores.

    CURTAS

    MAIS VOTADO – Em Jaboatão, o vereador mais votado, com 3.796 votos, é aliado do prefeito Anderson Ferreira: o ex-secretário de Turismo, Marlus Costa (PL). Sua grande arma foi serviço prestado: ajudou a tirar, literalmente, o povo da lama em mais de 30 ruas, contemplando cerca de duas mil pessoas. Antes de entrar na vida pública, Marlus foi blogueiro e no exercício parlamentar também ocupou a função de líder do Governo Anderson na Câmara.

    TRÊS DEBATES – A Band Recife não vai fazer o debate de amanhã com os candidatos a prefeito em segundo turno, como está confirmado em São Paulo e no Rio. O primeiro confronto entre João Campos e Marília Arraes se dará, na verdade, na próxima sexta-feira, às 18 horas, na TV-Clube, afiliada da Record. A previsão de duração é de 1h45, com mediação de Isly Viana, a mesma jornalista que deu uma saia justa na delegada Patrícia Domingos. Na terça-feira da próxima semana tem o debate na TV-Jornal e na quinta-feira, encerrando, o da TV-Globo.

    Perguntar não ofende: João Campos vai exibir seus padrinhos Paulo Câmara e Geraldo Júlio na propaganda eleitoral?

     

     

     

     

     


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