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- Contato Brasil, 24 de novembro de 2024 19:43:13
(Brasilia-DF) O estranho, forçoso e inexplicável apoio virtual do presidente Bolsonaro à candidatura de Patrícia Domingos, à Prefeitura do Recife, não passa de uma ópera-bufa mal acabada. Ópera-bufa é um termo usado na Itália para obras teatrais cômicas. No fundo do poço, próximo a sair das urnas como lanterna entre os quatro principais postulantes, a delegada recorreu, desesperadamente, à corda da salvação bolsonarista. Um tremendo tiro no pé. Vai morrer afogada, junto com Bolsonaro e Gilson Neto, seu padrinho, de quem tanto falou horrores.
Líder em rejeição, já tendo ultrapassado João Campos (PSB), Patrícia renegou a vida inteira sua alma bolsonarista temendo contrair a altíssima antipatia do eleitorado recifense ao presidente. Adorava bajular Sérgio Moro quando a ex-palmatória do mundo estava em alta, mas sempre negou aproximação e até admiração por Bolsonaro, perfil de político oportunista e carreirista.
O socorro de Bolsonaro, portanto, é uma comédia dantesca. Se o objetivo foi a salvação, o tiro pode sair pela culatra. Bolsonaro, além de gigante em rejeição, não tem poder nem varinha mágica para passar uma borracha na cabeça dos recifenses apagando as agressões da delegada, que chamou o povo de feio e classificou a capital pernambucana de Recífilis, enquanto dizia que o Rio, de onde veio, era paraíso, lugar de gente linda.
O apoio virtual de Bolsonaro se traduz, também, por uma velada agressão ao Recife. É como se o presidente estivesse pactuando com todas as agressões da delegada ao povo sofrido do Recife, atacado por ela. A chegada de Bolsonaro ao palanque da delegada afasta, consequentemente, seu principal partido aliado, o Cidadania. Em nota, o presidente nacional da legenda, Roberto Freire, jogou a candidata aos leões e orientou o presidente estadual, Daniel Coelho, a trilhar o mesmo caminho. Só resta saber se o partido vai mandar o candidato a vice, o enrolado Léo Salazar, bancado por Daniel, renunciar.
Ficou claro que a delegada não tem ideologia nem respeito aos partidos aliados. Jogou na lata do lixo o discurso antibolsonarista de Daniel, a quem tanto lhe deu a mão. Uma demonstração de que para chegar ao poder ela vende até a alma. O limite é do seu umbigo para baixo. Mas Recife não dá asas a imaginações dessa natureza. Seu eleitorado é sabido, consciente e rebelde. Já está sabendo que o jogo dela é o poder pelo poder.
O alvo - A direita no Recife cometeu mais um erro crasso, infantil: juntar-se à delegada, como já fez Marco Aurélio, ao retirar sua candidatura pelo PRTB. Raivoso, o nanico Aurélio tenta, a todo custo, inviabilizar a ida de Mendonça Filho, do DEM, para o segundo turno. Não sabe ele, ao agir com o fígado, e não a cabeça, que está ajudando Recife a ter uma disputa final entre dois candidatos de esquerda: João Campos, do PSB, e Marília Arraes, do PT. Em política, burrice tem limites. Soa ridícula a versão de Aurélio de que se curva à agressora do Recife por ser bolsonarista disciplinado. Mostrou que também concorda com a delegada, que disse que o Recife é Recífilis e tem um povinho feio.
A ira de Freire - "Foi mais um grande decepção, mas o que podemos fazer além de retirar o apoio?". A reação é do presidente nacional do Cidadania, Roberto Freire, ao comentar a revoada da delegada Patrícia Domingos para os braços de Bolsonaro. "Conosco não há acordo nem com Bolsonaro nem com PT. São irmãos siameses da gatunagem, do oportunismo e do fisiologismo. O que há de pior para o País", atacou, em tom irado. Segundo Freire, sua posição é a mesma do presidente estadual da legenda, Daniel Coelho.
Reação contrária - Diversas correntes do bolsonarismo no Recife reprovaram a decisão do presidente Jair Bolsonaro em apoiar a delegada. O que esperavam era um posicionamento em favor do Coronel Alberto Feitosa (PSC), relegado a segundo plano, mesmo assumindo todas as bandeiras de direita e do próprio Bolsonaro durante todas as fases da sua campanha. Para essas mesmas correntes, ninguém vai seguir o voto do presidente, que, segundo elas, errou feio, revelando mais uma vez desconhecimento da política pernambucana.
Reprovação - Ao se aliar a Bolsonaro, a delegada agressora dos recifenses agrediu, consequentemente, a direção nacional do seu Partido, o Podemos, a começar pelo líder no Senado, Álvaro Dias (PR), que odeia Bolsonaro. Mostra que não tem respeito por ninguém. Foi Dias que estendeu a mão a ela no momento em que, aflita, procurava um partido para disputar a Prefeitura do Recife. A delegada contou com o senador em todas as fases cruciais, até quando o presidente estadual da legenda, Ricardo Teobaldo, a quem em nenhum momento ela procurou, resistia.
CURTAS
IBOPE - Hoje, primeiro dia da reta final da campanha, tem mais uma pesquisa para prefeito do Recife, desta feita do Ibope, em parceria com a TV Globo e o JC. Deve trazer um quadro mais claro em relação ao adversário de João Campos no segundo turno. Confirma também que a delegada é imbatível em rejeição.
SERRA - Em parceria com a Serra FM, integrante da Rede Nordeste de Rádio, que retransmite o Frente a Frente em Serra Talhada, este blog e o Instituto Opinião trazem hoje pesquisa de intenção de voto para prefeito daquele município, segundo maior colégio eleitoral do Sertão. Será divulgada às 11 horas, horário do jornal mais ouvido do Sertão.
Perguntar não ofende: A Federal vai agir por aqui nesta última semana de campanha?