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- Contato Brasil, 24 de novembro de 2024 21:24:39
(Recife-PE) O affair vacina chinesa, que o presidente Bolsonaro se recusa a comprar o primeiro lote que havia sido anunciado pelo ministro da Saúde, gerou uma crise política e já tem até ameaça de pedido de impeachment. O Partido Cidadania, presidido pelo pernambucano Roberto Freire, sinalizou, ontem, com uma ação nesse sentido, caso o chefe da Nação desautorize a compra de uma vacina que se comprove eficaz contra a covid-19.
A estratégia está sendo avaliada pela cúpula do partido e depende dos próximos passos do Governo. A discussão aumenta a pressão sobre Bolsonaro após ele ter desautorizado o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello. A compra de doses de um laboratório chinês produzidas com o Instituto Butantã, de São Paulo, havia sido anunciada pelo Ministério da Saúde na terça-feira. Bolsonaro, porém, ficou inconformado com o destaque recebido pelo governador João Doria (PSDB-SP) no episódio e avaliou que Pazuello se precipitou.
A nacionalidade e o domicílio eleitoral da vacina deram fôlego à ala ideológica do governo, que atacou a iniciativa tomada com aval dos militares. Se for comprovado que realmente a vacina pode imunizar a população do novo coronavírus, uma atitude de Bolsonaro para barrar o financiamento poderia ser enquadrada como crime de responsabilidade ou até mesmo crime comum, de acordo com o presidente do Cidadania, Roberto Freire.
Um processo de impeachment precisa passar pelo crivo do Congresso e, inicialmente, depende de uma decisão do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que, até o momento, rejeita autorizar uma denúncia. "Crime de responsabilidade, durante ainda o curto mandato do presidente, tem a granel. Se essa vacina for atestada do ponto de vista científico como eficaz e ele tentar impedir, não é nem crime de responsabilidade, é crime comum para ser processado por atentado à saúde e à vida dos brasileiros", diz Freire.
Imbecilidade – "Discutir a coloração política da vacina é uma imbecilidade”, acrescentou. Freire ponderou que não vê ambiente político para impeachment no momento, apesar da posição de Bolsonaro. O presidente afirmou que “qualquer vacina, antes de ser oferecida, deverá ser comprovada cientificamente pelo Ministério da Saúde e certificada pela ANVISA”. A posição de confronto com Doria incomodou líderes do Congresso. "Impeachment é quando há crime de responsabilidade. Se ele tomar alguma atitude que caracterize, podemos considerar um pedido, embora não seja o que discutimos neste instante. A postura do presidente é altamente inaceitável", afirmou o líder do Cidadania na Câmara, Arnaldo Jardim (SP).
No protocolo – Na quarta-feira passada, a Rede Sustentabilidade protocolou ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para obrigar Bolsonaro a assinar protocolo de intenções para a aquisição de 46 milhões de doses da vacina Coronavac, produzida pela farmacêutica chinesa Sinovac Biotech e em desenvolvimento no Instituto Butantã, em São Paulo. Na avaliação do partido, Bolsonaro agiu violando o direito à vida e à saúde, com o objetivo de "privar a população brasileira de uma possibilidade de prevenção da covid-19 por puro preconceito ideológico ou, até pior, por motivações estritamente políticas".
Gabinete do ódio – Acabou a temporada do “Bolsonaro paz e amor”. A guerra das vacinas devolveu à cena política o presidente Jair Bolsonaro como ele é, insuflado pelas redes sociais no estilo “quem manda sou eu”, que havia sido arquivado após investigações do Ministério Público, da Polícia Federal e do Supremo Tribunal Federal atingirem sua família e amigos. Agora, porém, no momento em que Bolsonaro vê a Procuradoria-Geral da República como sua aliada e consegue nomear pessoas de sua mais estrita confiança para o Supremo e o Tribunal de Contas da União (TCU), o “gabinete do ódio” voltou.
Cueca 1 – A República Federativa das Cuecas ganhou um novo episódio, ontem, em Brasília. O senador Chico Rodrigues (DEM-RR), flagrado pela Polícia Federal com dinheiro escondido nas vestes íntimas, agora terá que dividir seu protagonismo com um ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que apareceu numa reunião virtual de trabalho da Corte apenas de camisa social, gravata e toga. Tudo corria bem em mais uma sessão do tribunal. Com suas togas, os ministros da 6ª Turma do STJ faziam considerações profundas do saber jurídico, em uma sessão transmitida via internet, para o pleno vigor de transparência ao público. Mas acabou transparecendo demais.
CURTAS
CUECA 2 – No meio da sessão, enquanto um de seus pares discorria sobre um julgamento, o ministro Néfi Cordeiro caminhou até a imagem de uma estante de livros, o que se tornou símbolo da ostentação acadêmica e cultural em tempos de pandemia. Na transmissão, os contornos da toga do ministro aparecem borrados não por uma edição, mas porque o aplicativo Zoom permite o uso de um plano de fundo virtual que, enquanto há movimento, faz a imagem ficar alterada. Com um celular nas mãos, escrevendo mensagens, Cordeiro esqueceu-se de prestar atenção no que dizia o colega de turma. Esqueceu-se, também, que havia deixado ligada a câmera de seu computador. Na tela, durante a discussão, o ministro brilhou de cuecas, com a sua toga até a cintura, como mostrou, ontem, os segundos divulgados pelo site jurídico Jota.
PESQUISA CARUARU – A pesquisa do Instituto Opinião em parceria com este blog sobre a sucessão em Caruaru somente será postada, hoje, exatamente, às 7h15, horário do primeiro jornal da Rádio Cultura do Nordeste, integrante da Rede Nordeste de Rádio, que retransmite o programa Frente a Frente. A emissora fechou a parceria para a divulgação. Portanto, estamos quebrando uma tradição de trazer o levantamento à meia noite, como habitualmente fazemos.
Perguntar não ofende: O Brasil virou a República das Cuecas?