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  • Contato Brasil, 24 de novembro de 2024 21:34:24
Magno Martins
  • 21/10/2020 09h35

    A arte de convencer

    Especialista no assunto, o professor Antônio Lavareda, do Ipespe, que agora ganhou um blog da revista IstoÉ para comentar pesquisas, avalia que a eleição no Recife ainda se configura para uma disputa em dois turnos

    João Campos) Foto: arquivo do colunista)

    (Recife-PE) Depois do efeito das pesquisas de intenção de voto, as eleições passaram a ser regidas pela ditadura dos números do sobe e desce na preferência do eleitorado entre os candidatos em disputa. Pleito municipal não é diferente e a cidade, por menor que seja, não escapa da influência desse fator preponderante. No Recife, que não é uma ilha, a cada pesquisa uma reação.

    Amanhã, tem Datafolha, via TV-Globo-JC. A esta altura, os candidatos mais competitivos já estão roendo as unhas de tamanha ansiedade. Há de se esperar se o fato novo, o crescimento repentino do candidato do PSB, João Campos, se confirme. Na última do Ibope, a semana passada, ele roubou a cena. Subiu dez pontos percentuais e ficou numa posição confortável. Logo, a pergunta que mais se faz na cidade é se ele ganhará no primeiro turno.

    Especialista no assunto, o professor Antônio Lavareda, do Ipespe, que agora ganhou um blog da revista IstoÉ para comentar pesquisas, avalia que a eleição no Recife ainda se configura para uma disputa em dois turnos. O que se sabe, hoje, é que João tem seu lugar assegurado no confronto final, aguardando apenas o seu adversário, que sairá entre Marília Arraes (PT), Mendonça Filho (DEM) e Patrícia Domingos (Podemos). Os três, segundo as últimas sondagens, aparecem empatados, tecnicamente.

    O que se ouve no rádio corredor do Palácio das Princesas e no Palácio Capibaribe, local de despacho do governador e do prefeito do Recife, respectivamente, ambos do PSB, é que o chamado tracking (acompanhamento diário da tendência do eleitor por telefone) já aponta João bem mais à frente dos números do Ibope da semana passada. Se isso se confirmar com o Datafolha amanhã, a oposição será obrigada a rever o rumo da campanha, assim como a estratégia escolhida para a propaganda no rádio e na TV.

    Candidato só cresce em pesquisa quando seu discurso, suas propostas e seu desempenho na campanha caem na graça do eleitorado. Há quem ache que o ainda discreto favoritismo de João nas pesquisas se dê por causa do verdadeiro exército de aliados batalhando o voto para ele, que tem a maior frente partidária, o maior tempo no rádio e na televisão, duas máquinas moendo 24 horas em seu favor.

    Uma eleição, na verdade, não se resume ao humor das pesquisas. Também não é uma corrida de 100 metros, mas uma maratona na qual o candidato tem que ter um mínimo de arte, a arte de convencer.

    Tem IPESPE também – O Ipespe, de Antônio Lavareda, também traz, amanhã, mais uma rodada de pesquisas sobre a sucessão no Recife. Na primeira, em setembro, publicada pela Folha, apontou um cenário de empate entre os quatro principais postulantes, mas se deu há mais de 30 dias, o que já mudou muito, segundo revelaram Ibope e Datafolha. O Instituto Opinião, de Campina Grande, também identificou essa mudança em levantamento de 15 dias atrás, o que reforça a tese de que pesquisa é uma fotografia do momento, varia de acordo com o humor do eleitor.

    Yves reverte – O candidato do MDB a prefeito de Paulista, Yves Ribeiro, conseguiu liminar na primeira instância federal, em Brasília, suspendendo os efeitos do processo de impugnação da sua candidatura. A decisão foi do juiz Eduardo Rocha Penteado, da 14ª Vara Federal Cível, na capital. Um trecho da decisão diz que o Tribunal, por unanimidade, apreciando o tema 899 da repercussão geral, negou provimento ao recurso extraordinário, mantendo-se a extinção do processo pelo reconhecimento da prescrição, nos termos do voto do Relator. Foi fixada a seguinte tese: "É prescritível a pretensão de ressarcimento ao erário fundado em decisão de Tribunal de Contas”.

    Fim de carreira – No Cabo, conforme este blog antecipou, ontem, o candidato do MDB, Elias Gomes, saiu da disputa e anunciou apoio ao postulante do PL, Keko da Farmácia, vice-prefeito e que assumiu durante a ausência do prefeito Lula Cabral (PSB). Na sua fala, Elias alegou que fez o gesto em nome da unidade das oposições, mas, na verdade, ele correu de mais uma derrota para Lula, que é o favorito. Ex-prefeito do município, Elias perdeu o poder para o próprio Lula e nunca mais seu grupo se recuperou do baque eleitoral. Sua jogada de toalha se deu porque vinha patinando nas pesquisas, na lanterninha.

    Lula derrotado – A 5ª Turma do Superior Tribunal de Justiça negou, ontem, por unanimidade, sete recursos da defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva que pediam a revisão de decisões que o colegiado já havia negado anteriormente. Os recursos, feitos por meio de embargos de declaração, são relacionados a desdobramentos das operações Lava Jato, que apura desvios ligados à Petrobras, e Spoofing, que investiga a invasão de celulares de autoridades, entre elas o ex-juiz Sergio Moro e os procuradores. O relator, ministro Félix Fischer, rejeitou todos os pedidos e teve o voto acompanhado pelos outros magistrados. Não houve debates, e a defesa de Lula não se manifestou durante o julgamento porque não há previsão nesta etapa processual.

    CURTAS

    PSL EM BAIXA – Em sua primeira eleição na condição de partido grande, o PSL enfrenta defecções em algumas capitais importantes típicas dos nanicos e que podem ampliar o tumulto interno da legenda. No Rio, parlamentares bolsonaristas já estão na campanha de Marcelo Crivella (Republicanos), em detrimento de Luiz Lima. Luciano Bivar, presidente do PSL, minimiza as “traições”, mas admite tratar-se de “um desconforto para o partido”. Ainda assim, disse acreditar que, no balanço final, as cizânias serão inferiores aos bons resultados das urnas para o PSL. Destinatário de R$ 199 milhões do fundo eleitoral, o PSL não tem nome despontando nas capitais. Em São Paulo, o fraco desempenho de Joice Hasselmann nas pesquisas desmotiva o PSL e provoca defecções.

    DESPREZÍVEL – Em Ipojuca, o ex-prefeito Carlos Santana, que entrou na disputa para tentar voltar ao poder pelo PSB, vestiu, literalmente, a camisa vermelha do PT num ato no último fim de semana. Se por um lado quis agradar à militância petista que não o engole, por outro o gesto foi um tiro no pé, até porque o neo-socialista, que já foi tucano, passou a vida inteira sendo atacado pela estrela vermelha, o PT algoz. Já ouvi que o oportunismo mal direcionado é grotesco. Neste caso, chega a ser desprezível.

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