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- Contato Brasil, 24 de novembro de 2024 23:34:52
(Recife-PE) De origem pernambucana, com família ainda no Recife, o senador Chico Rodrigues (DEM-RR), flagrado com R$ 30 mil na cueca numa operação da Polícia Federal em Boa Vista, capital do seu Estado, arranha a imagem do Governo Bolsonaro por ser vice-líder no Senado. A natureza do escândalo, entretanto, está, pelo menos por enquanto, fora da órbita do Governo.
Com a distinção da vergonhosa área encontrada para esconder o dinheiro, dentro das calças, reproduzindo o que se passou no Governo do PT com um assessor do atual vice-presidente nacional, José Guimarães (CE), o caso tem semelhanças ao que se passou no Rio, no Pará e em várias capitais, entre elas Recife: dinheiro federal destinado ao combate à pandemia do coronavírus desviado, seja por compras mal-assombradas, seja por falcatruas outras.
O escândalo, portanto, não envolve o Governo Federal. A malversação se dá em Roraima, não se sabe ainda se pelo Governo do Estado ou Prefeitura de Boa Vista, ou ambos. A União atua, neste caso, apenas como ator do repasse, porque o dinheiro desviado e supostamente encontrado na cueca de Chico tem carimbo federal. A oposição, porém, quer carimbar o episódio como o primeiro grande escândalo da gestão Bolsonaro.
Chico, que se apressou em entregar o cargo, é o segundo a deixar o cargo no Senado desde o início da gestão Bolsonaro. Em março de 2019, o presidente nomeou quatro senadores para sua tropa de choque. Além de Rodrigues, amigo de mais de duas décadas, foram escolhidos Eduardo Gomes (MDB-TO), Elmano Férrer (Progressistas-PI) – na ocasião filiado ao Podemos –, e Izalci Lucas (PSDB-DF). No mês passado, Izalci deixou a função após votar contra governo no veto ao reajuste salarial para servidores públicos. Nenhum parlamentar foi nomeado para o seu lugar.
Apesar de Bolsonaro tentar se desvincular do senador após a Polícia Federal flagrá-lo com R$ 30 mil na cueca, ele é tido como um político da extrema confiança do Planalto. Além de empregar no gabinete Leo Índio, primo dos filhos do presidente, no ano passado, Rodrigues foi escolhido para ser o relator da indicação do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) para a embaixada brasileira em Washington na Comissão de Relações Exteriores do Senado.
Críticas – Mesmo desfrutando da amizade com a família Bolsonaro, Rodrigues também chegou a criticar o governo em algumas ocasiões. Em janeiro, o senador se posicionou contra o subsídio para igrejas no pagamento da energia elétrica negociado entre Bolsonaro e a bancada evangélica. Além disso, em junho, foi um dos aliados de Bolsonaro a pedir publicamente a demissão do então ministro da Educação, Abraham Weintraub. Na prática, os líderes do governo são os que fazem as maiores negociações e os vice-líderes ficam encarregados do “varejo” da política, levando e trazendo os pedidos das bancadas para cargos e liberação de emendas parlamentares, por exemplo. É esse toma lá, dá cá que alimenta muitas votações no Congresso.
Afastado – O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou o afastamento do senador Chico Rodrigues (DEM-RR), vice-líder do governo e alvo de operação da Polícia Federal, que flagrou o parlamentar com dinheiro escondido dentro da cueca. A decisão de Barroso, assinada ontem, ainda precisa passar por votação no Senado Federal para que seja validada. O parlamentar é investigado em inquérito que apura desvios de recursos destinados ao enfrentamento da pandemia de covid-19. A PF encontrou R$ 30 mil reais em espécie escondidos pelo corpo de Chico Rodrigues, no momento da operação policial.
Estragos – A operação da Polícia Federal que apreendeu dinheiro na cueca do senador Chico Rodrigues (DEM-RR) tem potencial para causar impacto na disputa municipal. O temor do Palácio do Planalto é de que o escândalo, um dos mais comentados no Twitter, também seja explorado nas campanhas de aliados do governo, como na de Celso Russomano, candidato do Republicanos à Prefeitura de São Paulo. Na tentativa de conter o desgaste em várias frentes, o presidente Jair Bolsonaro agiu rápido e, ontem mesmo, tirou Rodrigues da vice-liderança do governo no Senado. A apreensão de R$ 30 mil na cueca do homem que até hoje era um dos vice-líderes do Planalto – em uma investigação que apura desvio de recursos destinados ao combate da covid-19 – não apenas desmonta esse discurso como promete causar mais estragos.
Flagrante – Relatório da Polícia Federal descreve como foi o flagra do senador Chico Rodrigues (DEM-RR), ex-vice-líder do Governo do presidente Jair Bolsonaro no Senado, com dinheiro escondido na cueca. O documento foi obtido pelo jornal O Globo, que publicou, ontem, reportagem sobre o episódio. De acordo com o jornal, agentes da Polícia Federal, sob o comando do delegado Wedson Cajé, chegaram por volta das seis horas da última quarta-feira para realizar uma busca e apreensão na residência do congressista em operação deflagrada para investigar desvios de recursos destinados à Secretaria de Saúde de Roraima para o combate à pandemia.
CURTAS
NO BANHEIRO – A ação transcorreu com certa normalidade. Os agentes federais solicitaram ao senador que abrisse um cofre existente no seu quarto, onde encontraram, em dinheiro vivo, R$ 10.000 e US$ 6.000. No entanto, o que de fato chamou a atenção do delegado foi o grande volume existente dentro da bermuda do senador. Em determinado momento, durante as buscas, Chico Rodrigues pediu para ir ao banheiro. Cajé autorizou, mas disse que o acompanharia. Foi neste momento que percebeu o grande volume dentro da sua bermuda.
LIVE DA SEGUNDA – Autor do livro “Casaca e chuteiras”, que trata da trajetória do Rei Pelé, o jornalista mineiro Silvestre Gorgulho, com quem trabalhei no Jornal de Brasília, é o convidado da live deste blog da próxima segunda-feira, às 19 horas, pelo Instagram. Trata-se de resultado de uma pesquisa ao longo dos últimos dez anos com o alho e faro apurados do grande e talentoso repórter que é o Gorgulho.
Perguntar não ofende: O PT está fazendo escola com essa nova novela de dinheiro na cueca?