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- Contato Brasil, 25 de novembro de 2024 03:41:52
(Recife-PE) No bloco de oposição em Caruaru, o cenário que se desenha para o enfrentamento ao favoritismo da prefeita Raquel Lyra (PSDB) não passa pela candidatura de nenhum dos dois nomes mais fortes – José Queiroz, do PDT, e Tony Gel, do MDB. Tudo caminha em direção ao jovem empresário Toninho, filho de Gel, que atua na área de eventos e tem filiação emedebista.
Conforme cantei a bola ontem neste espaço, Queiroz adiou a sua convenção para encontrar um pretexto que justifique sua jogada de toalha. Experiente político, 78 anos, quatro vezes prefeito, o pedetista já tem cabelos brancos suficientes para compreender que esta eleição, a das redes sociais, conseqüência da pandemia do coronavirus, está longe de ser a sua praia.
Tony Gel poderia até ser candidato, mas sua punição pela justiça eleitoral, ficando inelegível, foi considerada injusta até por aliados da prefeita, porque o deputado não se envolveu em nenhum escândalo que desabonasse a sua conduta. Na verdade, quando prefeito, avalizado pela Câmara Municipal, concedeu aumento aos secretários, que de tão baixos que eram, ninguém se interessava em compor a sua equipe.
Se a Câmara aprovou, Gel estava, portanto, protegido legalmente. As convenções vão se encerrar na próxima quarta-feira e até lá o ex-prefeito não tem prazo para reverter tal decisão e, sendo assim, não passa pela sua cabeça concorrer jubjudice. Em casa, Tony Gel nunca estimulou o ingresso do filho Toninho na política, mas isso se deu naturalmente, até porque está no seu DNA.
Convocado, numa aliança que possa agregar as duas forças mais poderosas de oposição – no caso José Queiroz e Tony Gel – Toninho ganha o aval do pai para entrar na disputa, o que pode se constituir no fato novo da política caruaruense. Numa eleição de pandemia, com a máquina na mão, Raquel, entretanto, é franca favorita. E só está prefeita, diga-se de passagem, por um erro de avaliação estratégica de Queiroz.
Se Queiroz tivesse apoiado Gel em 2016, a tucana teria perdido a eleição. Mas, jogou errado. A partir do momento em que viu o pedetista em seu palanque, a quem combateu duramente no primeiro turno, Raquel ignorou a sua presença, o escondeu dos eventos de campanha e, eleita, nem o convidou para a posse. Resultado? O rompimento precoce se materializou bem antes da tucana receber a faixa do antecessor.
De lá para cá, as noites de Queiroz não têm estrelas. Resta-lhe apenas o brilho da lembrança das estrelas que iluminaram o seu reinado de oito anos no esplendor do céu caruaruense. A política, verdadeiramente, não é para amadores.
PRISÃO E DINHEIRO – A prisão do prefeito de Agrestina, Thiago Nunes, e do seu vice Zito da Barra, ambos do MDB, fazem parte da terceira fase da Operação Pescaria, deflagrada pela Polícia Federal, com o propósito de dar continuidade às ações repressivas iniciadas no ano de 2018 para desarticular uma Organização Criminosa especializada no desvio de recursos públicos. Os crimes investigados na atual fase da operação são de organização criminosa, peculato, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro. Durante as buscas e apreensões, uma quantia de R$ 110 mil foi encontrada dentro de um cofre na casa de um dos suspeitos.
CONTA E LARANJAS – Nas investigações da Polícia Federal em Agrestina também foi identificada uma conta bancária de titularidade de um “laranja” vinculado ao grupo. Esta conta bancária servia aos investigados para o recebimento de transferências bancárias e depósitos em espécie, estes na sua maioria em valores baixos e sem a identificação da origem, realização de saques de valores vultosos, bem como, também, para a utilização de títulos de crédito ao portador (cheques) assinados em branco, tudo com o propósito de dificultar a identificação da origem criminosa do dinheiro. O prefeito e o seu vice haviam sido cassados pela justiça eleitoral por abuso de poder econômico, em junho, e reconduzidos ao cargo por uma liminar do TSE, em julho.
SUCESSÃO EM IPOJUCA – Em Ipojuca, a galinha dos ovos de ouro da municipalidade pernambucana, assim tratada pelo alto poder de combustão de arrecadação e receita própria, o PP fará a sua convenção na próxima quarta-feira, às 18h, no bairro Vila do Estaleiro. O candidato que encabeça a chapa para prefeito é o vereador Albérico da Cobal, presidente da Câmara. O evento ocorre no sistema drive - in e também será transmitido pela página oficial de Albérico no Facebook. A convenção servirá, ainda, para revelar a escolha do vice e os nomes que disputarão o pleito como vereador pelo PP. Albérico tem feito reiteradas críticas à prefeita Célia Sales (PTB), que tenta a reeleição.
COTA RACIAL – O ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que já nestas eleições os partidos políticos deverão dividir os recursos do Fundo Eleitoral e do horário de propaganda no rádio e na TV segundo a quantidade de candidatos brancos e negros de cada sigla. O entendimento do ministro antecipa a vigência da decisão do plenário do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que no mês passado determinou a aplicação das novas regras somente a partir das eleições de 2022. A legislação eleitoral não obriga os partidos a lançarem um número mínimo de candidatos negros. O que o TSE decidiu é que a divisão dos recursos do Fundo Eleitoral e o horário eleitoral na TV e no rádio devem ser divididos segundo o critério racial.
DÍVIDA PERDOADA – Texto aprovado pelo Congresso, ontem, anula dívidas tributárias das igrejas com a Receita Federal. Regulariza também descontos em pagamento de precatórios (valores devidos depois de sentença definitiva na Justiça). O texto aguarda sanção do presidente Jair Bolsonaro. O valor “perdoado” caso o texto seja aprovado é de quase R$ 1 bilhão. Hoje, apesar de não estarem sujeitas ao pagamento de impostos, as igrejas ainda precisam pagar contribuições como a CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido) e a contribuição previdenciária. Algumas instituições religiosas tentam driblar a legislação e são autuadas pela Receita Federal. Elas distribuírem parte da arrecadação entre os principais dirigentes e lideranças sem pagar os tributos obrigatórios.
BAHIA NA FRENTE – O Governo da Bahia saiu na frente e concluiu o acordo de confidencialidade com a Rússia para que todas as informações científicas da vacina contra a Covid-19 "Sputinik V" sejam repassadas à Fundação Baiana de Pesquisa Científica e Desenvolvimento Tecnológico (Bahiafarma). Na prática, o acordo marca um avanço nas negociações entre o País e o Estado, que a partir de agora poderá ter acesso à tecnologia usada na produção do imunizante. De acordo com o governador Rui Costa (PT), o próximo passo é a instituição decidir se vai dar seguimento ao projeto.
Perguntar não ofende: Além de Thiago Nunes, de Agrestina, quais prefeitos estão na mira da Polícia Federal?