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  • Contato Brasil, 25 de novembro de 2024 05:19:34
Magno Martins
  • 01/09/2020 09h04

    Bolsonaro fora do embate eleitoral

    Os centristas se beneficiam não só da fragmentação da direita e da esquerda, mas também da pulverização - no campo à direita - do próprio bolsonarismo

    Bolsonaro e a política eleitoral( Foto: arquivo do colunista)

    (Recife-PE) Enquanto o presidente Jair Bolsonaro – que não conseguiu tirar a agremiação Aliança pelo Brasil própria do papel e permanece sem partido – se defende de questionamentos vindos do Congresso, de inquéritos do Supremo Tribunal Federal (STF) e de pedidos de cassação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), prefeitos centristas despontam como fortes candidatos para a reeleição em grandes capitais.

    Em meio à crise desencadeada pela pandemia da covid-19, ganharam visibilidade nomes como o do tucano Bruno Covas, em São Paulo, e do democrata Bruno Reis – vice de Antônio Carlos Magalhães Neto –, em Salvador, que conseguiram montar uma coalizão para 2020. Pesquisas ainda indicam o favoritismo dos prefeitos Alexandre Kalil, do PSD, em Belo Horizonte, e Rafael Greca, do DEM, em Curitiba. O tucano Nelson Marchezan Júnior, de Porto Alegre, está em terceiro na sua disputa pela reeleição.

    Os centristas se beneficiam não só da fragmentação da direita e da esquerda, mas também da pulverização - no campo à direita - do próprio bolsonarismo, que sequer é representado por uma única sigla. "Tirando o caso do Rio de Janeiro, não tem ninguém que pode ser a tradução explícita do Bolsonarismo em grandes capitais como Belo Horizonte, Curitiba e Porto Alegre", diz o cientista político Marco Antonio Teixeira, coordenador do curso de administração pública da FGV-SP.

    Como o futuro partido do presidente da República, Aliança Pelo Brasil, ainda não saiu do papel, os nomes que pretendem se alicerçar no bolsonarismo estão distribuídos em diversas agremiações, como Republicanos, PRTB, Patriota e PL. No Rio, o maior herdeiro desse eleitorado é o Republicanos, partido ao qual o próprio senador Flávio Bolsonaro se filiou no início do ano. Já em São Paulo, quem quer ser o candidato do presidente é Levy Fidélis, chefe do PRTB – partido do vice, Hamilton Mourão.

    A eventual candidatura de um nome do Republicanos, como o deputado Celso Russomanno, e a campanha de Filipe Sabará (Novo), disputarão o mesmo espaço. De acordo com o TSE, o pleito de novembro irá selecionar 5.568 prefeitos em todo o Brasil. O contexto da covid-19 também favorece os centristas que já estão atuando na gestão das crises. O discurso muito crítico da política tradicional funcionou em 2018, mas, talvez, não sirva para 2020.

    Uma das consequências da pandemia é o aumento de recursos aos instrumentos do Estado, como o auxílio-emergencial, o apoio a pequenas e médias empresas e o SUS. “Então, no lugar da antipolítica, talvez o eleitor prefira alguém que entenda de gestão pública e possa entregar esses serviços", diz o doutor em ciência política Mauricio Santoro, professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

    Aliança rara – A cidade de Porto Alegre é um caso raro não de aliança entre duas siglas expressivas da esquerda. A ex-deputada Manuela d'Ávila (PCdoB) lidera as pesquisas e terá como candidato a vice o petista Miguel Rossetto. Trata-se da primeira vez em um comunista encabeça a tradicional aliança PT-PC do B. Na disputa presidencial de 2018, d'Ávila foi vice da chapa do petista Fernando Haddad. "Nossas cidades já viviam a desigualdade e desemprego crescentes e o impacto da ausência de políticas públicas antes da covid-19. A pandemia tornou isso ainda mais dramático", escreveu Manuela d'Ávila em suas redes sociais. "Nossa unidade (na esquerda) deve ser consequência da urgência de reconstrução de cidades com políticas fixadas em trabalho, renda e proteção social", completou.

    Caça meteoritos – Santa Filomena, no Alto Sertão do São Francisco, virou mídia nacional depois da queda de meteoritos. Quatro pesquisadores do Rio estão por lá tentando caçar em terras semiáridas o que caiu do céu. Junto com os moradores, os pesquisadores, liderados pela curadora do Setor de Meteoritos do Museu Nacional da UFRJ, Maria Elizabeth Zucolotto, vasculham terrenos e mata em busca das pedras. A única pousada da cidade, que funciona junto de posto de gasolina, virou "centro comercial", onde meteoritos maiores podem valer mais de R$ 100 mil. "Chegamos no dia seguinte à chuva de meteoritos e já não tinha lugar para ficar na pousada da cidade. Estamos hospedadas na casa de uma moradora", conta Zucolotto. O foco é achar as pedras de mais de 4, 6 bilhões de anos, formadas antes de o planeta Terra existir.

    Contra reeleição – Um grupo de dez senadores acionou, ontem, o Supremo Tribunal Federal (STF) contra a possibilidade de reeleição dos presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (AP), e da Câmara, Rodrigo Maia (RJ), ambos do DEM. Eles reforçaram a ação do PTB que pede ao Supremo para declarar a inconstitucionalidade da reeleição. A petição foi assinada por senadores do Muda, Senado, grupo de oposição a Alcolumbre, entre eles Alessandro Vieira (Cidadania-ES), Jorge Kajuru (Cidadania-GO), Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Oriovisto Guimarães (Podemos-PR) e Major Olímpio (PSL-SP). Os senadores contestam um parecer da Advocacia do Senado, que defendeu ao Supremo a possibilidade de reeleição, em situação análoga à dos chefes do Poder Executivo. Para eles, a comparação é "absolutamente descabida".

    Mais restrições – O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) vedou de forma unânime os "livemícios" nas eleições 2020 com base numa consulta do PSOL se a legislação eleitoral permitiria ou não a transmissão de shows ao vivo - mesmo não remunerados - em plataformas digitais com a presença de candidatos. O ministro Luís Felipe Salomão, relator do processo, argumentou contra a possibilidade por entender que o "livemício" se assemelha ao "showmício", prática vedada no Brasil desde 2006. "O atual cenário de pandemia não autoriza transformar em lícita conduta que se afigura vedada. A proibição (prevista no artigo 39 da lei eleitoral) compreende não apenas a hipótese de showmício, mas também de evento assemelhado, sendo ou não remunerado”, disse o ministro.

    CURTAS

    MINORIA NEGRA – O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu que o dinheiro público usado para financiar as campanhas políticas deve ser dividido de forma proporcional entre candidatos negros e brancos a partir de 2022. Na maior parte dos partidos, negros ainda são minoria nas executivas nacionais (cargos de direção), responsáveis por definir, por exemplo, quem será candidato e como a verba do fundo eleitoral será distribuída. Em 17 dos 24 partidos com representação no Congresso, a participação de quem se autodeclara negro ou pardo nas cúpulas partidárias vai de zero a 41%, segundo levantamento feito pelo jornal Estadão. Para chegar ao resultado, foram cruzadas informações prestadas ao TSE por dirigentes que já foram candidatos em alguma eleição com dados enviados pelas próprias siglas e entrevistas com dirigentes partidários.

    LIVE COM BARROSO – O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Luis Roberto Barroso, participa de live pelo YouTube deste blog, amanhã, às 18 horas com transmissão simultânea pela Rede Nordeste de Rádio. Vai tratar das regras eleitorais numa eleição atípica, num momento em que o País vive o drama na saúde pública provocado pela pandemia do coronavírus. Na quinta, será a deputada Bia Kicis (PSL-DF), para falar de crise nacional e CPI das Fake News, esta às 19 horas, pelo Instagram.

    Perguntar não ofende: Nem no segundo turno nas capitais o presidente Bolsonaro vai se envolver nas eleições municipais?

     


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