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  • Contato Brasil, 25 de novembro de 2024 05:48:27
Magno Martins
  • 28/05/2020 10h08

    Pensando no Brasil

    Rodrigo Maia falou o que o povo queria ouvir, foi de encontro ao sentimento consensual da sociedade brasileira

    Bolsonaro e Moraes( foto: arquivo do colunista)

    (Recife-PE) A quem interessa, neste momento de grave crise na rede pública de saúde, com milhares de vidas ceifadas pela Covid-19, o agravamento da outra crise, a política, envolvendo o conflito e a medição de forças entre poderes? Só aos que querem o pior para o País, aos que não têm alma nem sentimento. Com todo respeito ao Supremo Tribunal Federal, a operação de ontem da Polícia Federal, por ordem do ministro Alexandre de Moraes, só fez agravar ainda mais a relação Executivo x Judiciário.

    Há, no entanto, quem esteja pensando diferente, de olho no País e não de forma enviesada. Pena que o STF tenha se manifestado, usando a força da PF, no dia seguinte ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), assumidamente no campo de oposição, mas sem dar um passo além das suas prerrogativas de chefe de um poder. “O povo brasileiro espera que cada um de nós, detentores de mandatos públicos, tenhamos consciência do papel a desempenhar na busca de soluções para enfrentar o vírus. Vencida essa etapa, ficará um legado de imensos desafios a enfrentar, e o primeiro deles é a reconstrução da nossa economia”, pregou.

    “Nesta hora grave, acrescentou, a Nação exige que tenhamos prudência e que estejamos à altura dos combates que já foram e que ainda serão travados. Prudência não pode ser confundida com medo ou com hesitação. A coragem, muitas vezes, está em saber construir a paz”. No discurso, o presidente da Câmara lembrou que o mundo vive a mais grave crise sanitária e humanitária desde a Segunda Guerra Mundial e se solidarizou, em nome do Parlamento, com todas as famílias que perderam seus entes queridos ou têm parentes internados em razão da Covid-19.

    Ele também elogiou a atuação dos profissionais de saúde e ressaltou que o isolamento social não é o responsável pela crise econômica. “A quarentena e o isolamento social não são culpados, quem derrubou nossa economia foi o vírus. O distanciamento momentâneo das pessoas salva vidas”, destacou, para acrescentar: “Nesta Casa, a casa da democracia, todos temos uma pessoa próxima que já foi vítima da terrível doença, ou perdemos pessoas queridas, e recebemos diariamente apelos de quem está sem trabalho, sem recursos, sem alimentos, sem meios de sobrevivência e sem condições de manter suas empresas. Vivemos uma guerra”, acrescentou.

    Rodrigo Maia falou o que o povo queria ouvir, foi de encontro ao sentimento consensual da sociedade brasileira. O caminho para salvar e escapar da morte draconiana do vírus do fim do mundo e do terror é por aí.

    Exemplo de Maciel– Na mesma linha do presidente da Câmara, o líder do DEM, o paraibano Efraim Moraes assinou embaixo de tudo o que Maia afirmou e, em tom de conciliação, estendendo a bandeira branca, citou o exemplo do ex-senador Marco Maciel, o maior apagador de incêndio da história republicana. “Devemos buscar sempre, entre o que nos separa, aquilo que pode nos unir, porque, se queremos viver juntos na divergência, estamos condenados a nos entender, dizia Maciel”, afirmou o parlamentar, sendo tão aplaudido quanto Rodrigo Maia.

    Dois caminhos – Já o deputado Marcelo Ramos (PL-AM) recorreu um pouco à história, mas reforçou também o posicionamento de Maia. “A humanidade sempre enfrentou as crises da democracia por dois caminhos: autoritarismo, que nega as instituições e procura fragilizá-las, sempre levando à barbárie. E pelo aprofundamento da democracia, que pressupõe diálogo, tolerância, respeito e fortalecimento das instituições democráticas. No discurso de Vossa Excelência, a Câmara reafirma a sua escolha pela democracia. Um país solidário às vítimas, sensível a luta dos profissionais de saúde, unido pela superação dos efeitos sanitários, econômicos e sociais da crise é o que todos esperam de nós”, assinalou.

    Rastro de destruição – Marcelo lembrou que já foram 23 mil mortos pela Covid-19, provocando um rastro de destruição na economia, com 600 mil pequenas empresas fechadas. Lembrou ainda que 1,5 milhões de novos desempregados foram jogados fora. “São os números que importam, e o é que devem nos unir. A mensagem desta Casa pelo discurso de Vossa Excelência é muito clara. Estamos prontos para servir ao Brasil. Estendemos as mãos ao presidente da República com o compromisso de sermos ágeis e responsáveis nas pautas de enfrentamento à crise. Reafirmamos a necessidade de respeito à constituição e ao poder Judiciário, como bem dito, mesmo em decisões que nos contrariam. Confirmamos nosso compromisso com o equilíbrio federativo necessário para que Estados e Municípios exerçam sua autonomia e tenham recursos pra enfrentar seus problemas”, afirmou.

    Boa notícia – Ainda é muito cedo para pensar em flexibilização da quarentena mais rígida adotada pelo Governo de Pernambuco. Essa é a visão do secretário de Saúde do Recife, Jailson Correia. Mas ele admite que há um indício de desaceleração da curva de casos da Covid-19 na capital pernambucana. "Há um sinal de desaceleração da curva. Mas ainda é precipitado afirmar que já se pode flexibilizar o isolamento. É importante dizer que analisamos esses dados diariamente, junto com o Governo do Estado e é hora, neste momento que estamos no meio da quarentena, de manter firme o isolamento", afirmou.

     

    CURTAS

    GABINETE DO ÓDIO – Em sua decisão que autorizou o cumprimento de mandados de busca e apreensão no âmbito do inquérito das fake news, ontem, no Rio, Brasília e Santa Catarina, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), apontou indícios de que um grupo de empresários atua de maneira velada financiando recursos para a disseminação de fake news e conteúdo de ódio contra integrantes do STF e outras instituições. O ministro também definiu como “associação criminosa” o grupo conhecido como “gabinete do ódio”, como é chamado um núcleo de assessores que tem forte influência sobre o presidente Jair Bolsonaro e suas redes sociais.

    SÃO PAULO REABRE – A cidade de São Paulo poderá abrir, com restrições, escritórios, o comércio de rua, shoppings centers, concessionárias e imobiliárias a partir da próxima segunda-feira. A decisão é parte do plano de reabertura do Estado anunciado pelo governador João Doria (PSDB). O pacote prevê que a saída da quarentena, em vigor desde 24 de março, será um processo dividido em cinco fases. As atividades que serão autorizadas a reabrir terão de seguir regras como limitar o acesso de clientes por vez e oferecer álcool em gel. Shoppings, por exemplo, terão de adotar ações para evitar aglomerações. Stands de venda de prédios terão de seguir recomendação para serem ventilados. O uso de máscaras segue obrigatório em todo o Estado.

    EVITAR MÁSCARA – Prática já adotada pela população de países asiáticos para se proteger de doenças respiratórias transmitidas principalmente no inverno, o uso de máscaras se mostrou um instrumento eficaz na prevenção ao novo coronavírus. Mas dependendo da faixa etária da criança e da condição clínica, o uso deve ser evitado. Especialistas lembram que para quem tem idade inferior a dois anos, o uso da máscara facial pode dificultar a respiração e até aumentar o risco de asfixia.

    Perguntar não ofende: Qual a revista nacional que vai trazer uma bomba sobre os contratos superfaturados do Recife com o dinheiro da Covid-19?

     

     


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