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  • Contato Brasil, 25 de abril de 2024 22:24:59
Magno Martins
  • 10/03/2020 09h39

    Lutar pelo perdido ou por aumento?

    Delegados convocaram, para a próxima segunda-feira,16, uma assembleia-geral para discutir se aceitam a proposta que o Governo já fez à categoria

    Policiais militares de Pernanbuco( foto: arquivo colunista)

    (Recife-PE). Se os policiais militares colocarem como principal pauta na mesa de negociação com o Governo o reembolso dos descontos no Funafim, o fundo previdenciário da categoria, referentes a janeiro e fevereiro, podem até se dar bem, mas, estrategicamente, correm o risco de enfraquecimento perante o poder na negociação dos seus salários. A Polícia Civil já está num processo bem mais adiantado.

    Delegados convocaram, para a próxima segunda-feira,16, uma assembleia-geral para discutir se aceitam a proposta que o Governo já fez à categoria. Enquanto isso, a Polícia Militar, a maior tropa de fato da segurança do Estado, não recebeu ainda nenhum tipo de sinalização para abertura de uma rodada de negociações. Ao ceder na devolução do que recolheu ilegalmente, o Governo pode encorpar o discurso contra o aumento.

    Pelo menos, essa é a voz corrente na Polícia depois que inativos e pensionistas da PM chiaram contra o recolhimento em duplicidade – janeiro e fevereiro – das contribuições previdenciárias com aumento da alíquota em 9,5%, conforme aprovado na reforma da Previdência. No final da tarde de ontem, o deputado Alberto Feitosa (SD) recorreu judicialmente da decisão do Governo, atendendo a pedido os militares prejudicados.

    “Mas o Governo pode usar isso como pretexto para não aumentar o salário da tropa”, diz um experiente militar que acompanhou, ontem, a movimentação nos quartéis com a repercussão da medida adotada pelo Governo. O que mais está preocupando a categoria é a choradeira dos sargentos e pensionistas, que tiveram quase R$ 1 mil de desconto e receberam apenas R$ 500 líquidos.

    Para Feitosa, que também é militar, os delegados avançaram de fato na pauta econômica com o Governo muito mais do que os PMs, mas uma coisa não tem nada a ver com a outra na questão do recolhimento do tributo ao Funafim. “Pode até fazer sentido que, ao devolver o que foi tirado de forma ilegal reforce o discurso do Governo para não dar aumento à Polícia Militar, mas uma coisa está separada da outra”, observa.

    Doleiros, a versão certa – Um esclarecimento aos leitores do blog e do jornal O Poder: o ex-deputado Ricardo Heráclio e o seu pai João da Bomba, doleiros, não foram presos numa operação da Polícia Federal, na semana passada. Sofreram apenas uma busca e apreensão na chamada operação Aqua, desencadeada pela PF. Eles prestaram depoimentos sob acusação de atividade clandestina em operações de câmbio, evasão de divisas ao Exterior e lavagem de dinheiro. Heráclio foi deputado federal por dois mandatos pelo PSB e estaria disposto a revelar o que sabe sobre o envolvimento de políticos para se livrar de penalidades no futuro.

    Efeito inédito – O Brasil pode ter queda de consumo e de crescimento como consequência, da forte desvalorização das ações que ocorreu ontem. Essa é a opinião do especialista Roberto Padovani, economista chefe do Banco BV. “Nos Estados Unidos, como todos têm ações, uma queda assim diminui riqueza, afetando decisões de consumir, investir, contratar e tomar crédito. No Brasil, não era assim. Mas a gente passou nos últimos seis meses por uma experiência nova, com todo mundo saindo de renda fixa e indo para a Bolsa”, explicou. Houve queda nas bolsas de valores em todo o mundo, provocada pela drástica diminuição dos preços do petróleo e pelos efeitos da disseminação do coronavírus. No caso do petróleo, o processo foi detonado pela decisão da Arábia Saudita, maior produtor, de aumentar a produção e reduzir preços, após uma disputa com a Rússia, segundo produtor mundial.

    Governo cauteloso – Em viagem com o presidente Jair Bolsonaro aos Estados Unidos, o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, disse que o governo vai “observar” a tendência do mercado de petróleo antes de tomar medidas. Segundo ele, a crise da guerra de preços do óleo pode ser uma “oportunidade” para o Brasil adotar mecanismos para períodos de elevada volatilidade. “Temos de observar antes de agir – se é uma tensão momentânea ou terá uma duração maior”, afirmou.

    Fim da maré baixa – “Acabou o cenário de céu de brigadeiro”, reagiu, ontem, um grupo de vereadores de Jaboatão ao observar as declarações do pré-candidato do Republicanos a prefeito de Jaboatão, Silvio Costa, cobrando explicações ao prefeito Anderson Ferreira (PL) quanto à dinheirama de R$ 23 milhões do orçamento para este ano que pretende torrar pelo seu gabinete, enquanto menos de R$ 3 milhões estão reservados para investimentos em saneamento. Segundo os parlamentares, o prefeito não contava em enfrentar um adversário tão inteligente, combativo e ousado.

    CURTAS

    NÓS PAGAMOS A CONTA – O governador Paulo Câmara recebeu, ontem, para um jantar suculento, à custa dos contribuintes, o ex-ministro da Casa Civil de Lula, José Dirceu. Condenado a 23 anos de prisão, o todo poderoso da era Lula saiu da prisão em novembro do ano passado após vir abaixo à tese da condenação em segunda instância. Dirceu está no Recife para o lançamento do seu livro de memórias hoje, às 19 horas, na sede da Fetape, a Federação dos Trabalhadores na Agricultura.

    PODER ESVAZIADO – A presença de José Dirceu em Palácio também foi interpretada como uma tentativa dele ser instrumentalizado para o processo de fritura da candidatura de Marília Arraes à Prefeitura do Recife junto à executiva nacional do PT, em Brasília. Um observador atento informa que o então homem forte de Lula e hoje abandonado por ele não tem mais poder de fogo para cumprir o papel de detonador da candidatura de ninguém, até porque perdeu voz e espaço junto ao ex-chefe e à nova presidente da legenda, Gleisi Hoffman, a namoradinha do ex-senador Lindbergh Farias (PT-RJ).

    BRIGA FEIA – A Embratur comprou uma briga com o Governo de Pernambuco com a ideia de liberar cruzeiros para propiciar ao turista uma opção de chegar à ilha pelo mar. A administração bateu o pé e diz que Noronha já recebe mais turistas do que é capaz de comportar: de acordo com o último plano de manejo realizado, em 2009, o limite é de 89 mil pessoas por ano. Em 2019, o número chegou a 106 mil, recorde histórico. O cabo de guerra entre governos estadual e federal afeta também o repasse de recursos para a melhoria na infraestrutura.

    Perguntar não ofende: Quanto o custo o rega-bofe que o Governo do Estado movimentou, ontem, em Palácio, para homenagear José Dirceu?


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