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  • Contato Brasil, 29 de março de 2024 07:00:06
Magno Martins
  • 19/02/2020 09h39

    Oportunismo mal direcionado e grotesco

    O deputado foi rápido no gatilho. Sua intenção?

    João Henrique Campos( Foto: arquivo colunista)

    (Recife-Pe) O acidente no Metrô do Recife, o Metrorec, ontem pela manhã, resultando em mais de 70 pessoas feridas, acabou entrando na pauta do cinismo da política. Logo cedo, o pré-candidato do PSB a prefeito do Recife, João Campos, fez o seu protesto oportunista, prometendo ficar de prontidão em defesa de ações que possam se traduzir em melhorias no sistema de transporte urbano da Região Metropolitana.

    “Lamentável. O Metrô do Recife, sob responsabilidade do Governo Federal, vem enfrentando muitos problemas mesmo com o aumento abusivo de suas tarifas em menos de um ano, saindo de R$ 1,60 para R$ 4 a partir de março. A estrutura permanece precária e não vemos sinais de mudança. Vou acompanhar e cobrar melhorias justas e necessárias”, escreveu ele, em suas redes sociais.

    O deputado foi rápido no gatilho. Sua intenção? Atingir o presidente Bolsonaro. Só esqueceu que o Metrorec é controlado por um aliado de peso, o deputado federal Eduardo da Fonte (PP), que, aliás, andou pelo Palácio, na última segunda-feira, prestigiando uma solenidade do governador Paulo Câmara. João só não foi tão ágil na marcação do terreno político-eleitoreiro quanto sete pessoas morreram e três ficaram feridas no bairro de Dois Unidos, no apagar das luzes de 2019.

    Ali, um deslizamento de barreira, no Córrego do Morcego, matou até uma criança e um bebê. No dia, não caiu uma gota de água. Moradores da área relataram que dois canos da Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa) existentes no local estouraram e o vazamento teria feito a barreira deslizar. Até hoje, não se sabe absolutamente nada do que foi apurado, porque o assunto saiu da mídia, não sendo cobrado nem mesmo pelo Ministério Público.

    Como o caso envolve uma estatal do Governo, no caso a Compesa, que deveria zelar e proteger a vida dos cidadãos que dela esperam a água do dia a dia para matar a sede, João Campos se omitiu, não foi sequer ao local prestar solidariedade humana. O deputado faz maldição agora ao Metrorec apenas para marcar posição eleitoreira como candidato a prefeito. Esquece que o oportunismo mal direcionado é grotesco, leviano e desprezível.

    CABIBE ELEITORAL – Tão logo se espalhou a notícia, ontem, do acidente envolvendo dois vagões do Metrorec, seus dirigentes tentaram explicar a tragédia, mas quanto mais falavam, mais se complicavam. O fato é que o Metrô do Recife é um equipamento jurássico, há mais de dez anos sem receber qualquer equipamento novo. Comparado ao de Salvador e ao de Fortaleza, é um lixo, com tarifas caras, inseguro e muito mal administrado. Nos últimos anos tem servido apenas de verdadeiro cabide eleitoral.

    NA GUILHOTINA – O que ouvi ontem de uma fonte próxima ao presidente Bolsonaro é que cabeças vão rolar na estrutura da CBTU, que administra o Metrorec, e no próprio Metrô do Recife. Informado que os gestores que dão as cartas em ambas as instituições são da época do Governo Lula, o chefe do Planalto deu ordem para não sobrar nenhuma cabeça dos atuais comandantes. No Rio, a CBTU tem sangue vermelho e no Recife o Metrorec é latifúndio do presidente do PP, Eduardo da Fonte.

    EM LIBERDADE – A Sexta Turma do STJ manteve, ontem, em liberdade, o ex-governador da Paraíba, Ricardo Coutinho (PSB), alvo de investigações no âmbito da Operação Calvário. Por quatro votos a um, os ministros decidiram preservar a liminar concedida em dezembro por Napoleão Nunes, que determinou a soltura de Coutinho, preso durante uma das fases da operação que apura desvios de recursos públicos da Saúde e da Educação no Governo da Paraíba. Votaram contra o recurso da Procuradoria-Geral da República (PGR), que pedia o retorno de Ricardo para a prisão, a relatora Laurita Vaz e os ministros Sebastião Reis, Nefi Cordeiro e Antônio Saldanha. Já em favor da prisão, votou apenas o ministro Rogério Schietti Cruz.

    TRAIÇÃO EM TABIRA – O Palácio joga pesado para atrair o maior número de candidatos em potencial para disputar as eleições para prefeito. E pisa até em velhos aliados, como o ex-prefeito de Tabira, Dinca Brandino, que está sendo apunhalado pelas costas. Chamada para uma conversa, ontem, no Palácio, a presidente da Câmara de Vereadores, Nelly Sampaio, ainda no PSC, declarada e confessa cabo eleitoral de Bolsonaro no município, recebeu a oferta para ingressar no PSB e ter o controle da legenda, também cobiçada pelo prefeito Sebastião Dias (PTB). Embora não seja do PSB, mas do MDB, outra legenda governista, Dinca sempre bateu continência aos poderosos socialistas.

    CURTAS

    ENFIM, FILIADO – O ex-prefeito de Surubim, Flávio Nóbrega, enfim, ganhou um partido para chamar de meu no município: o Republicano, sob o comando estadual do deputado federal Silvio Costa Filho. Assinou a ficha, ontem, em Brasília, abonada também pelo presidente nacional, Marcos Pereira, vice-presidente da Câmara dos Deputados, apontado como o provável sucessor de Rodrigo Maia (DEM-RJ). Também ingressou na legenda a prefeita de Camaragibe. Nadegi Queiroz, candidata à reeleição sem ainda ter a certeza de que terá as benções do Palácio.

    O AMBÍGUO – Embora vote contra o Governo em matérias de vida e morte para Bolsonaro, como a reforma da Previdência, o deputado Fernando Monteiro (PP) é adepto da política do lá e lô. Sua madrasta bate ponto no Metrô do Recife, função negociada com Eduardo da Fonte, com quem vive entre tapas e beijos. Nos corredores do poder em Brasília, o deputado estufa o peito quando se apresenta com a credencial de sobrinho do presidente do Tribunal de Contas da União, José Múcio Monteiro, que não reza pela sua cartilha. Múcio é um político correto e decente.

    AGRESSÃO CULTURAL – Patrimônio vivo e imortal da cultura de Pernambuco, a cirandeira Lia de Itamaracá levou um chute do traseiro do Governo do Estado e está fora do calendário momesco. A Fundarpe, responsável pelo cartão vermelho, se recusou a reajustar o cachê merreca da artista, no valor de R$ 7 mil. Aos 76 anos, Lia, entretanto, brilhará em outros palcos da folia, como São Paulo, que sabe valorizar e reconhecer o seu talento.

    Perguntar não ofende: Se o Governo não tira o chapéu para a legenda viva e imortal de Lia de Itamaracá, vai tirar para quem?

     


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