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- Contato Brasil, 25 de novembro de 2024 11:57:03
(Recife-PE) O presidente Bolsonaro passou a campanha inteira, e continuou tão assumiu o Governo, declarando que iria “abrir a caixa-preta” do BNDES, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social. O ministro da Economia, Paulo Guedes, indicou um colega de Chicago, o ex-ministro Joaquim Levy, que deixou um dos cargos mais importantes do Banco Mundial para atender ao convite, mas Bolsonaro o levou à humilhação pública ao ejetá-lo do cargo de presidente do banco.
Eis que o próprio Bolsonaro escolhe um jovem de 38 anos, Gustavo Henrique Moreira Montezano, indicação do filho número 02, Eduardo, amigo de infância no mesmo conjunto no subúrbio do Rio e depois companheiro de farras em São Paulo. Montezano teve posse no próprio Palácio do Planalto, assumindo como maior compromisso público junto a Bolsonaro de “abrir a caixa preta” do BNDES.
Mas já se passaram seis meses e a montanha pariu uma catita: foi declarado alto e bom som que não houve corrupção, com base em auditoria ao custo de R$ 48 milhões. E aí Bolsonaro ficou enfurecido, inclusive chamando Montezano de “garoto”, mesmo dando um tom de esporro para um sobrinho descuidado. Só que tudo tem o outro lado: o PT está vibrando de alegria, pois Bolsonaro passou um recibo de honestidade para as administrações Lula e Dilma no BNDES.
Também fontes do PT lembraram que Bolsonaro não fez a devida checagem quanto ao Montezano: ele era sócio do André Esteves, o dono do BTG, preso e acusado por Antônio Palocci de “o banqueiro de Lula”, além de ter sido um dos líderes do projeto “Sete Brasil” de sondas com a Petrobras, de perdas bilionárias e envolvida em corrupção pesada.
A influência de André Esteves no BNDES era gigantesca e o “garoto” de Bolsonaro jamais iria fazer qualquer movimento para atingir seu sócio. O custo de R$ 48 milhões é o que há de menor nessa confusão, que é mais virada que bolo de rolo. Vamos ver como vai terminar mais um papelão da República bolsonarista.
Novela mexicana – O ex-presidente Lula passou o tempo todo defendendo a candidatura de Marília Arraes na reunião do diretório nacional, ontem, em São Paulo, assim como a presidente Gleisi Hoffmann, mas acabaram se rendendo às pressões da turma pesada de Humberto Costa, para deixar a decisão agendada somente para o prazo final de filiação partidária, em abril. Humberto, como se esperava, fez a mais dura intervenção contra a tese de candidatura própria sob os olhares intrigantes de Lula, que não quer aliança com o PSB.
PT numa fria – Não foi bom para Marília o adiamento da decisão para abril. Lula, por outro lado, mostrou fraqueza, já que, em entrevista ao portal do UOL, praticamente na véspera da reunião da executiva em São Paulo, decidiu antecipar que o partido iria fechar apoio a Marília. Humberto ficou o tempo todo defendendo a manutenção da aliança com o PSB, a ponto de afirmar, durante suas falas, que João Campos, seu candidato preferencial, seria imbatível e que o PT iria entrar numa fria.
Sai ganhando – Com o adiamento da decisão do PT no Recife quem ganha fôlego para valer é a possível candidatura da delegada Patrícia Domingos, que volta a ser objeto de discussão como alternativa da construção de uma candidatura alternativa em torno dela. Saindo candidata declarada do encontro de São Paulo, Marília, por ser, hoje, o nome mais competitivo da oposição, tenderia a ter um crescimento natural, a ponto de barrar ou impedir qualquer debandada de partidos em apoio ao projeto em voo solo da delegada que mandou 49 gestores e políticos para a cadeia.
O vice gorou – Criou-se uma animação tamanha com a entrevista de Lula, antecipando uma decisão que não houve por parte da executiva nacional, que o PDT já teria admitido nos bastidores uma aliança com o PT, pela qual o deputado Túlio Gadelha seria o vice de Marília. O que se diz, a partir de agora, é que o entendimento do PDT pode se dá em direção à Patrícia Domingos, que peca por não avançar em negociações, preferindo adotar um discurso batido, contra os políticos e a velha política, sem, no entanto, apontar saídas.
CURTAS
ROENDO O OSSO – Ainda sobre a decisão do PT, o blog apurou que a decisão de apostar em Marília foi remetida para abril com a intenção de ocorrer uma espécie de transição para administrar a saída do grupo de Humberto do Governo Paulo Câmara. “Para quem tem tantos cargos no Governo, o melhor é ficar roendo o osso e esticar a corda por mais 60 dias”, diz uma fonte petista-socialista. No latifúndio de Humberto no poder estadual está a Secretaria de Agricultura, entregue a Dílson Peixoto, que conforme antecipei ontem, só foi apresentado a uma vaca depois de empossado.
ATÉ TAPIOCA – O prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio (PDT), me deu tratamento VIP, ontem, na visita que fiz ao seu gabinete. Não apenas concedeu uma ampla entrevista, abordando com coragem todos os assuntos que apontei como abriu até intimidades. Revelou que, como todo adolescente que brinca o carnaval pelas ladeiras de Olinda, já se apaixonou por uma pernambucana, mas hoje está bem casado, tendo duas filhas. Serviu ainda uma boa tapioca e, na despedida, me levou ao elevador. Até na política, o cearense é diferenciado.
INSENSÍVEL – Desde que assumiu, o prefeito de Paudalho, Marcelo Gouveia (PSD), passou a borracha na lei estadual 14.139, que obriga os municípios a castração de animais para manter o controle de natalidade das mais variadas raças. Com isso, a Prefeitura perdeu completamente o controle populacional de cães e gatos, provocando revolta na sociedade e nas instituições em defesa dos animais. Coração duro e insensível, Gouveia, na verdade, só faz adoçar a boca de aliados pensando na reeleição.
Perguntar não ofende: No mesmo dia que o PT pernambucano se reuniu, ontem, em São Paulo, para selar o destino de Marília Arraes, o que o governador Paulo Câmara foi fazer na capital paulista?