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  • Contato Brasil, 29 de março de 2024 01:50:43
Magno Martins
  • 08/01/2020 09h13

    O ataque da avó ao neto

    O neto, ao tornar público a péssima impressão que tem do tio, hoje presidente da Fundação Joaquim Nabuco, não tinha a menor noção do revide que sofreria da avó

    João Campos e a avó Ana Arraes

    (Recife-PE) A entrevista da ministra Ana Arraes, do TCU, ontem, ao Frente a Frente e ao meu blog, caiu como uma bomba no meio político. Ressentida com o ataque do deputado João Campos, seu neto, ao seu filho Antônio Campos, afirmando que ele (Antônio) seria mais desqualificado do que o ministro da Educação, na verdade, usou o termo pior do que você (mesmo em se tratando de um ministro de Estado), em debate na Comissão de Educação da Câmara, provocou um engasgo na garganta e uma ferida na alma.

    Por isso, abriu o coração como nunca na entrevista antológica, que poderia parar nos anais do Congresso ou da Assembleia Legislativa devido ao seu valor histórico. A repreensão ao neto foi dura, o recado à família da viúva Renata Campos, sua nora, de chamamento à guerra. A ministra não fala com Renata tem tempo, há uma cisão no seio do arraesismo com desdobramentos imprescindíveis.

    O neto, ao tornar público a péssima impressão que tem do tio, hoje presidente da Fundação Joaquim Nabuco, não tinha a menor noção do revide que sofreria da avó. “Eu acho que ele ultrapassou os limites da sua tarefa de deputado, do local onde ele dizia e, sobretudo, do teor que ele disse. Eu fui acostumada a respeitar os meus parentes. Mesmo se a gente não concorda com alguma coisa, a gente fala de outra forma. Foi muito desagradável, foi um sinal de grande má-educação e prepotência”, afirmou.

    A volta e o legado – Na entrevista, Ana Arraes deixou claro nas entrelinhas que não engole a forma como os “herdeiros” do arraesismo e do eduardismo governam Pernambuco, chegando a anunciar que, cumprindo sua missão no Tribunal de Contas da União, regressará à política, podendo disputar o Palácio das Princesas para dar sequência ao legado do pai Arraes e do filho Eduardo Campos.

    Longe do neto – Perguntada qual opção faria na disputa no Recife entre o neto João Campos e a sobrinha Marília Arraes, a ministra não quis assumir nenhum dos lados, mas pelo tom do bombardeio em cima do herdeiro político de Eduardo Campos, dá para entender que, predominando a divisão familiar, tendo o filho Antônio Campos como centro, não apoiará o neto.

    Facada – O que este colunista ouviu, ontem, em meio à enorme repercussão da entrevista nas redes sociais, é que Ana Arraes estava aguardando apenas a reação da nora Renata para um contra ataque mais inflamado ainda. Como mãe e não ministra, a filha de Miguel Arraes está ferida. O ataque do neto ao filho Antônio varou a sua alma como uma facada no coração.

    O xodó – Ao longo da entrevista, concedida na ampla sala do seu apartamento no Monteiro, que considera seu refúgio, Ana Arraes exibiu, com orgulho revelado num sorriso largo, porta retratos da família, com destaque para o filho Eduardo Campos. Apontando para o neto Pedro, foi taxativa: “Este aqui é o meu xodó, sou sua madrinha de crisma”. E se emocionou.

    No confronto – Ana Arraes assume a presidência do Tribunal de Contas em 2021 e conclui seu mandato em 2022, ano da sucessão do governador Paulo Câmara. Na linha sucessória no PSB, o nome que se apresenta é o do prefeito Geraldo Júlio. Ela, entretanto, adianta que tem planos para voltar à política e sonha em ser governadora. Disposta a enfrentar Geraldo? O tempo dirá.

    VIRÁ O PERDÃO? – No grande desabafo ao blog e ao Frente a Frente, Ana Arraes disse que ficará no seu canto, mesmo com saudade dos netos, mas não procurará a família de Renata até o neto João Campos pedir desculpas pela agressão desnecessária ao filho. “Quem deveria advertir o filho era ela, a mãe, e não eu, avó”, afirmou.

    Perguntar não ofende: Como o núcleo forte do PSB vai reagir à entrevista de Ana Arraes?


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