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  • Contato Brasil, 24 de abril de 2024 08:34:03
Magno Martins
  • 21/10/2019 16h40

    Interpretava Arraes até pelos lábios

    Passados dois meses, o Governo Bolsonaro está mais perdido do que cego em tiroteio para conter o vazamento de petróleo cru nas praias nordestinas.

    Luiz Pinto( foto: arquivo do colunista)

    (Recife-PE) Morreu, ontem, o coronel Luiz Pinto, 61 anos, um dos ajudantes de ordem mais politizados e jeitosos que já conheci. Era o auxiliar da maior confiança do ex-governador Miguel Arraes, a quem interpretava até pela leitura labial. Certa vez, fui a Belo Horizonte cobrir uma reunião de governadores.

    Chegando lá, atrevido, pedi uma carona no jatinho até Brasília. Ele olhou enviesado e sapecou: “Se você se comportar direito, posso pensar no assunto”. Era o sim, Arraes falava por parábolas. No voo, Luiz serviu a primeira dose de uísque ao velho cacique. De dicção péssima, entre um trago e outro, danou-se a falar mal de Jarbas.

    Eu só compreendia o nome. Ele ria da história e eu também, disfarçando, porque não entendia patavinas. Na chegada, Arraes me chamou na presença do coronel e advertiu que a conversa era off. “Não se preocupe, doutor Arraes, a gente só escreve o que entende”, sapequei, bem-humorado. O velho e o coronel reagiram com uma sonora gargalhada.

    Expulsão histórica – Foi ainda o coronel Luiz Pinto, ultimamente servindo à segurança de dona Madalena, viúva de Arraes, que me socorreu de um grande vexame.  Arraes não tolerava minha presença nas coberturas de suas visitas a Brasília e, certa vez, me expulsou de um encontro num hotel. De fala mansa, Luiz dobrou Arraes e pude acompanhar a reunião à distância, apesar do constrangimento.

    Nem sobrevoo – Passados dois meses, o Governo Bolsonaro está mais perdido do que cego em tiroteio para conter o vazamento de petróleo cru nas praias nordestinas. Se o desastre ecológico tivesse ocorrido no Rio e não no Nordeste, reduto que ainda enxerga como lulista, Bolsonaro já teria sobrevoado as áreas atingidas. Isso mostra que não tem noção da função dele.

    Atrapalhado – As providências tomadas até agora foram em função de provocação do Judiciário, porque o Governo reage ao que acontece de forma ineficiente. As manifestações por meio do Ibama deixam claro, igualmente, que o Governo não sabe o que está acontecendo de fato e sua extensão calamitosa. São sabe a origem do vazamento, se foi um acidente ou um ato criminoso.

    Sem provas – O Governo acusou a Venezuela antes de apurar. Chegou a dizer que foi uma ação criminosa, um dolo, vontade consciente de cometer o crime. Não tem amparo ainda para concluir isso, porque só o MP poderia levantar tal suspeitas mediante uma ampla investigação.

    Responsabilidade – Tudo que foi feito nas praias se deu por determinação judicial dos governos estaduais e do MP. Independentemente da origem do vazamento, esse é o tipo de situação em que a responsabilidade é da União, que deveria ter pedido à justiça o isolamento dos rios por barragens.

    NO MDB – Não será surpresa a travessia do prefeito de Olinda, Professor Lupércio, do Solidariedade para o MDB. Enfrenta dificuldades de montar uma aliança que garanta tempo de televisão e base eleitoral para arrebatar a reeleição. Além disso, reclama da falta de apoio do Estado.

    Perguntar não ofende: Como o ministro Sérgio Moro tratará o governador, hoje, na programação de Paulista, depois das ofensas de Bolsonaro?

     

     

     


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