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Jorge Henrique Cartaxo
  • 01/01/2020 20h41

    Reflexões das celebrações

    As idas e vindas de Albert Einstein nas questões divinas nos remetem a dois pensadores extraordinários e de épocas distintas

    Imagem de parte da Capela Sistina, Vaticano( Foto: arquivo colunista)

    Em janeiro de 1936, Albert Einstein, então um dos mais respeitados cientistas do mundo, recebeu um carta singela de Phyllis, uma menina de seis anos da Riverside Church em Nova Iorque,  onde se lia a seguinte pergunta: Cientistas rezam?

    Einstein não demorou a responder à jovem missivista: “ Os cientistas... portanto não acreditam que a oração... tenha capacidade de alterar o curso dos acontecimentos... Mas também todos os que se dedicam seriamente à ciência acabam se convencendo de que um espírito infinitamente superior ao espírito humano se manifesta nas leis do universo. Assim, o trabalho científico leva a um tipo especial de sentimento religioso...”,  escreveu Einstein à Phyllis. Posteriormente, agora numa carta ao filosofo judeu Eric Gutking, em 1954, Albert Einstein foi mais distante da ideia de Deus e do Cristianismo. “A palavra ‘Deus’ não é para mim nada além da expressão e o produto de fraquezas humanas”,  sentenciou nosso o cientista maior do século XX.

    Apesar dos termos ásperos dirigidos ao professor Gutking, em outra oportunidade,  Einstein ao ser indagado sobre a existência de Deus,  saiu-se com uma terceira resposta: “Acredito no Deus de Spinoza, que se revela por si mesmo na harmonia de tudo que existe, não no Deus que se interessa pela sorte e pelas ações dos homens”. Para Baruch Spinoza, Deus era sinônimo de natureza o qual estaria refletido na harmonia e na existência de todas as coisas, portanto um Deus transcendente e imanente.

    As idas e vindas de Albert Einstein nas questões divinas nos remetem a dois pensadores extraordinários e de épocas distintas: “A física tropeça, muito frequentemente, em problemas metafísicos. No entanto, nossos físicos revelam uma ignorância de sapateiros para as coisas da filosofia”, observou Arthur de Schopenhauer (1788-1860). Já Aristóteles,  o filosofo maior da Era clássica, observou: “Cada homem julga bem apenas aquilo que conhece. Assim, um homem instruído a respeito de um assunto é bom juiz apenas nesse assunto”.

    Mas é a ideia de movimento, presente e inspiradora em São Tomás de Aquino, nos seus argumentos para a existência Divina, a que mais se aproxima do conteúdo da carta de Einstein à menina Phyllis. “É preciso que tudo o que se move seja movido por outro. Assim, se o que move é também movido, o é necessariamente por outro, e este ponto por outro ainda. Ora, não se pode continuar até o infinito, pois neste caso não haveria um primeiro motor...É então necessário chegar a um primeiro motor... e este, todos entendem é Deus.... Se  o que os impressionou é a sua força e o seu poder, que eles compreendam, por meio delas, que seu criador é mais forte; pois é a partir da grandeza e da beleza das criaturas que, por analogia, se conhece seu autor”, diz a sabedoria tomista. 


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