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  • Contato Brasil, 28 de março de 2024 16:27:27
Jorge Henrique Cartaxo
  • 28/11/2019 06h01

    Numa varanda em Sobral

    Sou da mesma geração dos Ferreira Gomes

    Cid e Ciro Gomes( Foto: arquivo do colunista)

    O gabinete do Senador Cid Gomes, no décimo andar do anexo do Senado, é amplo, despojado, quase impessoal. Sua equipe é elegante, atenciosa e traz o estilo clássico dos servidores do Congresso Nacional: formalidade e discrição.

    Quando Cid Gomes adentrou seu gabinete, na tarde da última terça-feira,  eu, Fernando Maia, Luiz Jorge Natal – seu assessor de imprensa – e o jovem e cult Germano Neto, responsável pelas mídias sociais do senador,  já cofiávamos há muito os desafios políticos, econômicos e sociais de nossa contemporaneidade, num diálogo tão agradável quanto distante das asperezas e desinteligências que costumam marcar esse tipo de reflexão nos tensos dias atuais. 

    Sou da mesma geração dos Ferreira Gomes. Enquanto eu aprendia a ser jornalista, eles afinavam o manuseio da política e da gestão pública no Ceará, ultrapassando os limites da nossa província em pouco tempo e tornando-se referências na política nacional,  com destaque para o resoluto presidenciável Ciro Gomes. Cid já foi quase tudo na vida pública: ministro, governador, deputado, prefeito e agora é senador. Sua postura e estilo, entretanto, não nos remetem a essa densidade pública e política. Suave, informal, ele se movimenta e fala como se estivesse na varanda de um casarão em Sobral numa tarde de domingo com amigos. Cultiva até hoje o, nada recomendável, hábito de fumar.

     Agora na ampla mesa de reunião do gabinete, entre pipocas, água e café, a conversa incursionou pelas tensões da conjuntura nacional. Cid não escondia seu desconforto com a política econômica e as ideias de Paulo Guedes. Lembrou dos 63 milhões de brasileiros sem acesso ao credito, destacou os 30% de ociosidade do nosso parque industrial e os milhares de dólares que estão saindo do país. Tudo isso ao lado de uma política econômica que vem reduzindo o poder aquisitivo dos brasileiros. Foi denso ao sublinhar seu desacordo com o comportamento da Presidência da República em vários momentos mas com destaque à  forma pouco responsável como Bolsonaro vem tentando acabar com o seguro DPVAT. Cid Gomes não poupou o ministro Sérgio Moro, cujo  comportamento, como juiz e agora ministro, considera impróprio. E foi claro ao  posicionar-se contrário à aplicação da prisão em segunda instância na forma defendida pelo magistrado. Cauteloso ao refletir sobre a possibilidade ou não de uma crise institucional num futuro próximo, Cid, entretanto, foi enfático ao defender a permanência de Bolsonaro no cargo até o final do seu mandato em 2022. Entusiasta da candidatura e do reconhecido talento do irmão, Cid ponderou que a candidatura de Ciro jamais se curvará aos interesses de parte da elite brasileira, historicamente distante dos interesses da Nação.

                                      


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