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  • Contato Brasil, 25 de abril de 2024 13:32:04
Jorge Henrique Cartaxo
  • 14/11/2019 08h53

    As formas e o medo

    O mundo nunca está exatamente harmônico. Pelo contrário, de um modo geral ele é tenso e belicoso.

    Três de Maio, por Goya

    O “Brexit” na Inglaterra,  a ascensão comercial e tecnológica da China, a presença crescente da Rússia na geopolítica latino-americana, as dissonantes tendências eleitorais no Continente Europeu, as permanentes diatribes do presidente Trump, turvando a compreensão do papel e das atribuições dos Estados Unidos no realinhamento da geopolítica mundial em curso, e, agora, as grandes tensões políticas e revoltas populares na Bolívia e no Chile.

    O mundo nunca está exatamente harmônico. Pelo contrário, de um modo geral ele é tenso e belicoso. O que parece particular nos dias de hoje é que, apesar do momento relativamente pacífico em que vivemos – não temos guerras declaradas e sim conflitos regionais – é visível a grande mudança que se avizinha. Como nos adverte o sempre oportuno Harari, os algoritmos , de certa forma, inauguram uma nova civilização. E é, talvez, com esse olhar, que devemos tentar compreender, por exemplo, a face expansiva de uma certa regressão nos costumes e valores, a pulsão crescente da tolerância e da convivência com a violência, os fanatismos religiosos, o incomodo crescente com a alteridade.

     Grandes mudanças, por óbvio, geram medos e inseguranças. Foi assim no passado. Tem sido agora também. O simples, rude e vulgar é o caminho mais fácil diante de um horizonte turvo  e imprevisível. A sedução de um passado imaginário e de uma ordem vertical e previsível é a opção preferencial populista, salvacionista, portanto, mistificadora e falsa. Esse olhar torto é forte e tem adeptos crescentes em todo o ocidente. Certamente, o mundo não vai se acabar e, menos ainda, implodir. Mas uma caminhada tensa e desafiadora vem colocando-se diante de todos nós. Cada Nação, a seu modo, tem uma interrogação diante de si. E as respostas virão, dos seus hábitos, tradições e valores, num diálogo inevitável com o resto do mundo na esteira das suas inevitabilidades e imposições.

     O Brasil fez, recentemente, sua opção por uma experiência absolutamente oposta ao que vinha prevalecendo desde a redemocratização em 1984. Mesmo sugerindo direções positivas na macroeconomia – o que não quer dizer socialmente justas – o governo Bolsonaro tem se atrapalhado no estilo, nos valores, na linguagem, na postura e na pacificação do País. Ele nos afastou de um grande receio, mas não nos trouxe exatamente harmonias e caminhos. Estas duvidas perenes não nos ajudam. Antes nos jogam, de forma mais assustadora, diante de um conflito possível como solução para nossa própria reconstrução e refazimento. Assim não funciona!

                                        

                                      


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