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- Contato Brasil, 22 de dezembro de 2024 20:53:13
O estilo peculiar do presidente Jair Bolsonaro é um prato cheio para seus detratores e inimigos. O ruído que suas palavras e gestos causaram no agronegócio brasileiro, nos últimos dias, não poderia ter sido maior. Quase a um só tempo, o presidente destituiu o respeitado ex-diretor do Inpe, Ricardo Galvão, acusando-o de divulgar dados falsos sobre o desmatamento na Amazônia; defendeu a exploração mineral em terras indígenas; trocou uma audiência previamente agendada com o ministro das Relações Exteriores da França pela cadeira de um barbeiro; e mandou recados, nada diplomáticos, para Angela Merkel e Emmanuel Macron. E mais: na esteira de um conjunto de incômodos quanto a liberação progressiva, veloz e incomum de uma quantidade de novos agrotóxicos para uso no Brasil.
Amazônia, agronegócios, povos indígenas e meio-ambiente são temas delicados no Brasil e no mundo. Certamente há manipulações e interesses poderosos nas questões, sobretudo quando consideradas as riquezas minerais estratégicas existentes na região. É humana e justa a defesa dos povos indígenas, mas sabemos que esse discurso serve, também, como biombo para negócios inconfessos. Somos um dos maiores produtores de alimentos do mundo e o acordo Mercosul/União Europeia nos jogou, com mais força, no centro do mercado mundial de grãos e proteínas. Quanto a importância do bioma amazônico para o presente e o futuro do Brasil e do mundo, não há dúvidas.
Não foi por acaso que os generais Villas Boas e Alberto Cardoso alertaram, numa conferência no início da semana no Instituto Histórico e Geográfico do DF, para a relevância estratégica da Amazônia no Brasil. “O Exército vai continuar olhando para esta região a partir do estabelecimento de que a Amazônia é a prioridade número um”, disse Villas Boas. A questão ambiental - pelo menos na forma como vinha sendo conduzida pelo Palácio do Planalto - acendeu o sinal amarelo na República, dentre outros indicadores, quando a revista The Economist, num editorial – Velório para a Amazônia –, destacou as preocupações das economias centrais, se não ainda com as ações, pelo menos com o discurso errático do presidente Bolsonaro sobre as questões ambientais.
Não foi sem razão que a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, e o presidente do Instituto CNA, Roberto Brant, pediram cautela, prudência e ação positiva ao Palácio do Planalto. “Falar em garimpar em território indígena serve a quem?”, indagou Brant em visível tom de critica.
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