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Jorge Henrique Cartaxo
  • 18/07/2019 07h46

    O exemplo Singapura

    Enquanto Sérgio Mouro e a Lava Jato derretem, avançam os bloqueios nos caminhos das investigações

    Jorge ressalta a experiência da ex-colônia inglesa e seus lideres( Foto: arquivo do colunista)

    “Corrupção, nepotismo, propinas e suborno são um meio de vida na Ásia, e as pessoas as aceitam abertamente como parte da sua cultura e costumes.(...) A engenhosidade humana é infinita quando se trata de traduzir poder e arbítrio em ganhos pessoais(...)"

    A observação de Lee Kuan Yew , lendário primeiro ministro da hoje próspera, limpa e elogiada Singapura,  deveria ser um alerta e exemplo no Brasil dos nossos dias. Lee assumiu o governo da colonizada e corrupta ilha asiática em 1959, ao vencer uma eleição de forma esmagadora. Enquanto buscava modernizar e adequar as intuições do País construindo e formando um corpo de servidores públicos altamente remunerados, preparados e promovidos de forma meritória, o jovem líder também empunhou o chicote e o fuzil. Castigou em praça pública os pequenos meliantes. Prendeu e executou, sem piedade, a plêiade de corruptos que destruíam o pequeno País. Comandando uma espécie de Lava Jato confúciana, Lee transformou Singapura numa referência mundial.

    Já no bananal estamos destruindo os servidores públicos, aniquilando nossa parca meritocracia, desmoralizando a coisa pública e criando uma casta de juízes, militares, parlamentares bem pagos e com uma infinidade de benefícios pessoais e familiares. A função precípua dessa gente é  zelar e  proteger os interesses de uma pequena “elite” financeira e empresarial, nacional e internacional. O Brasil é apenas um espaço geográfico do planeta, rico em recursos escassos e habitado pelos escravos da pós-modernidades que gostam de ser chamados de brasileiros e não raro de torcedores do Flamengo.

    Enquanto Sérgio Mouro e a Lava Jato derretem, avançam os bloqueios nos caminhos das investigações. No início da semana, por exemplo, o presidente do STF, Dias Toffoli, suspendeu todas as diligências sobre lavagem de dinheiro no País. Ao atender o senador Flávio Bolsonaro, flagrado pelo Coaf em transações tenebrosas,  o STF decidiu que dados fiscais e bancários só podem ser disponibilizados para investigação com a devida autorização judicial. Ganham os tribunais, os advogados e os larápios. Perdem o Brasil e os brasileiros! Assim, sob o manto das boas palavras e do doce direito individual e outras baboseiras mais que servem apenas para divinizar o crime, o Brasil vai se redesenhando institucionalmente para assegurar que a corrupção – o maior negócio do País – simplesmente reste intocável.

    Sim, marchamos para um momento tenebroso, como nunca visto antes na história desse triste País!

    e-mail: [email protected]                            

                                                                         

                                                                         


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