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  • Contato Brasil, 23 de dezembro de 2024 00:40:28
Jorge Henrique Cartaxo
  • 05/06/2019 17h54

    O Silêncio dos Inocentes

    Nota-se também um conveniente silêncio dos ruidosos filhos do presidente

    Presidente Bolsonaro com os presidentes Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre

    Há uma calma aparente no governo. Apesar das medidas polêmicas, encaminhadas ao Congresso, que alteram o Código de Trânsito Brasileiro e da insistência em modificar o Código Florestal em vigor, o presidente Bolsonaro parece palmilhar, com um certo retardo, o caminho formal da presidência da República. No início da semana, com surpreendente habilidade e elogiável negociação – pelo menos até onde se sabe -, o governo conseguiu aprovar no Senado a Medida Provisória 871 que determina  auditoria nos benefícios pagos pelo INSS, dentre outras mudanças.

    Nota-se também um conveniente silêncio dos ruidosos filhos do presidente. Nos últimos dias, apenas notícias sobre o incomodo processo do senador Flavio Bolsonaro no caso Queiroz. Os militares do Palácio  recolheram-se um pouco e o  vaidoso Mourão, o vice-presidente da República, também trancou a matraca. Mas, como nem tudo é perfeito, ainda ontem o presidente saiu em defesa do jogador Neymar no rumoroso processo com a “jovem senhora” que quer  tungar-lhe alguns euros depois de uma tumultuada  noite em um hotel parisiense. A vulgaridade da moça parece evidente, assim como o jeitão de delinquente a black-tie  do nosso mestre do gramado. Definitivamente, esse não deveria ser um tema presidencial! 

    Os bons modos entre o Palácio do Planalto, o País e o Congresso – até porque o Supremo também sugere ter voltado a  dedicar-se aos seus afazeres constitucionais  - não necessariamente estão livres de turbulências próximas. A PEC que reduz as Medidas Provisórias e o Relatório da Reforma da Previdência prometem animar o diálogo entre os Poderes na próxima semana. A expectativa sobre a possibilidade de Lula ir para a prisão domiciliar e a permanente mobilização sobre o sensível tema da educação também sugerem novos momentos na cena política.

    Governar um País em crise e disfuncional como o Brasil, não é tarefa exatamente confortável. De todo modo, diante das turbulências iniciais, os modos que prevaleceram nos últimos dias sugerem alguma afinação na orquestra. Divergências e negociações são naturais e de certa forma bem vindas. Fazem parte do diálogo democrático e da necessária construção de maiorias e consensos possíveis nos processos de decisão e implementação de políticas públicas.

    Mesmo antevendo novos ruídos, algo pode ser comemorado, ainda que de forma prudente: as negociações nada republicanas parecem intimidadas. Em principio, cargos e dinheiros estão fora dos acordos. Bom para o bananal!

                                                    

    Email: [email protected]                                                


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