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- Contato Brasil, 23 de dezembro de 2024 00:40:28
Há uma calma aparente no governo. Apesar das medidas polêmicas, encaminhadas ao Congresso, que alteram o Código de Trânsito Brasileiro e da insistência em modificar o Código Florestal em vigor, o presidente Bolsonaro parece palmilhar, com um certo retardo, o caminho formal da presidência da República. No início da semana, com surpreendente habilidade e elogiável negociação – pelo menos até onde se sabe -, o governo conseguiu aprovar no Senado a Medida Provisória 871 que determina auditoria nos benefícios pagos pelo INSS, dentre outras mudanças.
Nota-se também um conveniente silêncio dos ruidosos filhos do presidente. Nos últimos dias, apenas notícias sobre o incomodo processo do senador Flavio Bolsonaro no caso Queiroz. Os militares do Palácio recolheram-se um pouco e o vaidoso Mourão, o vice-presidente da República, também trancou a matraca. Mas, como nem tudo é perfeito, ainda ontem o presidente saiu em defesa do jogador Neymar no rumoroso processo com a “jovem senhora” que quer tungar-lhe alguns euros depois de uma tumultuada noite em um hotel parisiense. A vulgaridade da moça parece evidente, assim como o jeitão de delinquente a black-tie do nosso mestre do gramado. Definitivamente, esse não deveria ser um tema presidencial!
Os bons modos entre o Palácio do Planalto, o País e o Congresso – até porque o Supremo também sugere ter voltado a dedicar-se aos seus afazeres constitucionais - não necessariamente estão livres de turbulências próximas. A PEC que reduz as Medidas Provisórias e o Relatório da Reforma da Previdência prometem animar o diálogo entre os Poderes na próxima semana. A expectativa sobre a possibilidade de Lula ir para a prisão domiciliar e a permanente mobilização sobre o sensível tema da educação também sugerem novos momentos na cena política.
Governar um País em crise e disfuncional como o Brasil, não é tarefa exatamente confortável. De todo modo, diante das turbulências iniciais, os modos que prevaleceram nos últimos dias sugerem alguma afinação na orquestra. Divergências e negociações são naturais e de certa forma bem vindas. Fazem parte do diálogo democrático e da necessária construção de maiorias e consensos possíveis nos processos de decisão e implementação de políticas públicas.
Mesmo antevendo novos ruídos, algo pode ser comemorado, ainda que de forma prudente: as negociações nada republicanas parecem intimidadas. Em principio, cargos e dinheiros estão fora dos acordos. Bom para o bananal!
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