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- Contato Brasil, 23 de dezembro de 2024 05:36:32
Como previsto, a Reforma da Previdência promete tensões, chantagens e distribuição de cargos e verbas para o devido apoio no Congresso. O tema em si já é tenso em qualquer lugar do mundo. No Brasil o embate se anuncia bélico. E não poderia ser diferente. Apesar do boicote da mídia, do silêncio da academia e da esgueira dos parlamentares e partidos que se dizem da oposição, o pouco que ainda resta de organizado no País vai se unir e se mobilizar no debate desse tema.
Há coisas assustadoras na proposta do ministro Paulo Guedes já encaminhada ao Congresso. A mais grave delas é o modelo de capitalização individual do novo sistema previdenciário, retirando o estado e as empresas que integram a arrecadação do sistema público. Esse modelo foi adotado no Chile em 1981 ainda no governo do general Pinochet. Trinta e oito anos depois, o fracasso dessa proposta é evidente. O projeto chileno prometia um retorno de 70%. Mas isso não aconteceu. Os aposentados por esse sistema no Chile não recebem mais do que 35% de sua renda media. Nem mesmo as mudanças feitas nos governos Bachelet resolveu essa grave injustiça. Hoje, quase 80% das aposentadorias pagas estão abaixo do salario mínimo. E 45% dos pensionistas vive abaixo da linha da pobreza ( não mais do que 600 reais ). Já a classe media foi a mais atingida. Não foi beneficiada nas mudanças feitas por Bachelet e na velhice recebe muito menos do que na vida labora. “O modelo pinochetista, que produziu massa de pobres no Chile, não dará certo no Brasil”, adverte o economista chileno Andras Uthoff.
Depois, a forma como o governo e a mídia apresenta a questão do chamado “déficit da previdência”, é falso. Dados oficiais da Fazenda Nacional indicam que um conjunto de empresas deve 426 bilhões à Previdência Social. Só os bancos devem R$ 1,3 bilhões. Estranho que o Relatório da CPI da Previdência do Senado, conduzida pelo senador Paulo Paim em 2017, não seja considerado nesse debate torto que se inicia agora. O relatório é completo e honesto. Mas ele se mantém esquecido e até de certa forma censurado exatamente pelas verdades e esclarecimentos que contem.
É fato que precisamos fazer uma adequação na Previdência. A idade é um dado a ser considerado hoje. Eventuais acumulações devem ser anuladas. Mas não parece prudente privatizar o sistema previdenciário, jogando nas mãos dos bancos o destino do trabalhador brasileiro. Não devemos aceitar esse crime!
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