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- Contato Brasil, 18 de janeiro de 2025 01:45:53
(Brasília-DF) O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não gostava que dissessem que era um sortudo, pois via, especula-se, como uma forma de menosprezar seus predicados como homem público, especialmente por conta de sua origem humilde, gente que vem da base da sociedade.
Hoje em dia, não sei se da boca para fora, coisa de político, lida melhor com a situação.
O anúncio na 65ª Cúpula dos Chefes de Estado do Mercosul, em Montevideo, no Uruguai, de que o acordo de Livre Comércio entre o Mercosul e União Europeia é um grande feito para o Brasil, para a democracia, para o chamado multilateralismo e para o Ocidente.
Com a chegada de Donald Trump para um segundo mandato, fortalecido e, ao contrário do sonho dos fundadores daquele país, controlando o Executivo, Legislativo e Judiciário num momento de enfraquecimento da imprensa, o que atinge e democracia – se tem em mente um protecionismo perigoso e que nada combina com os Estados Unidos.
O Brasil, que vai comandar o Brics em 2025, uma democracia, foi convocado pela China para uma parceria nunca vista, “velejar com velas cheias”, como disse Xi Jinping, em seu já histórico artigo publicado na “Folha de S. Paulo” quando de sua visita em novembro passado.
O acordo do Mercosul, uma construção marcadamente brasileira e de sua chancelaria, inegavelmente face a fragilidade da Europa, é um grande advento.
Lula era acusado de ser antiamericano e favorável a ditaduras face a sua origem como defensor do socialismo real. Não adianta o coração mandar amar alguém se outro alguém te ama e tem o teu sangue. É mais a menos assim que esse acordo por significar para o Brasil.
Todos que conhecem o Mercosul sabem que ele não é zona de livre comércio que deveria e foi assim pensando, mas sim uma união aduaneira. O acordo do Mercosul com a União Europeia vai necessitar de um breve novo encontro, exclusivo para clarear o futuro e acelerar a aprovação pelos Estados Membros da Europa que se seguirá a uma votação do Parlamento Europeu. Para China e Estados Unidos não é interessante que isso se dê.
Não vamos ser hipócritas com nós mesmos. Não será a França, que recebeu a visita de Donald Trump neste final de semana, em sua primeira viagem internacional após eleito, que será o maior adversário do “advento” Mercosul-União Europeia, mas sim China e Estados Unidos.
O Brasil, por fazer parte dos Brics fortemente influenciado pela China, ter dificuldades com Donald Trump, é, sem dúvida, quem mais vai ganhar com o acordo. O Brasil se forma exponencial se associa com a terra de onde tem seus fundadores, se fortalece institucionalmente, se redime com a democracia e ancora sua máxima pelo multilateralismo.
Lula é um sortudo, impressionante. Ele está penando com a gestão de sua nova governabilidade que certamente virá com uma iminente reforma ministerial, ou o que seja, mas ganha fôlego internacional após erros do passado.
É difícil crer, para horror de seus adversários, que chegará em má situação quando 2026 chegar. Lula já cometeu muitos erros nessa metade de seu terceiro mandato, mas se continuar com essa sorte toda vai dar mais trabalho do que a desastrosa eleição municipal de 2024 poderia indicar!
Por Genésio Araújo Jr, jornalista
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