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- Contato Brasil, 14 de outubro de 2024 14:55:47
(Brasília-DF) Coisas de ditaduras e dos homens.
Em abril de 1941, em pleno Estado Novo foi editado o Decreto-Lei 3.199, artigo 54, que proibia as mulheres de praticar esportes que não fossem "adequados a sua natureza". Noutra ditadura, em 1965 foi regulamentado, em novo decreto que enumerava os tais esportes incompatíveis. Tais como o futebol, futsal, futebol de praia, polo aquático, rúgbi, beisebol, halterofilismo e qualquer tipo de luta.
Neste agosto de 2024, termina a 30ª edição de Jogos Olímpicos de Verão dos Tempos Modernos.
A equipe brasileira recebeu 20 medalhas em Paris. Sendo 12 conquistadas por mulheres, 7 por atletas homens, e uma pela equipe mista do judô. Destaque-se que foi obtida graças às vitórias das judocas Rafaela Silva e Beatriz Souza. Rafaela foi a derradeira luta.
Acredito que você que me acompanha nessas mal traçadas ou em meus comentários quase diários em rádios brasileiras, ou no Spotfy, sabe que afirmo que os homens morrem de medo das mulheres no poder. Os mais progressistas fazem tipo, perfomace de bons garotos e dizem que acham plural e bonito, os conservadores alegam, sem pudor, que as mulheres contribuem mais na formação das famílias.
O combate ao poder dado às mulheres usa os exageros do movimento feminista como argumento. Esquecendo a importância da busca pelo voto feminino, a luta contra a violência contra as mulheres ou o direito à remuneração igualitária. Tudo isso tem a ver com o lado bom do movimento feminista.
Os ultra conservadores, tão em evidência nos dias de hoje, combatem o poder feminino pois elas foram as responsáveis em carregar nas costas, quase literalmente, por 80 anos todas as minorias estabelecidas.
Elas começaram carregando as mulheres pobres e analfabetas, depois carregaram os pretos e pretas, depois os homossexuais, tido como doentes, depois todas as suas vaiáveis, LGBTQI+ e agora, os PCDs, as pessoas que já foram chamadas de retardados, excepcionais e especiais. Os ultra conservadores detestam as minorias pois alegam que as chamadas maiorias, o poder cristão, patriarcalismo, estão sendo controladas por minorias.
Essa turma detesta discutir gênero, pois é algo complexo. Eles exaltam coisas simples, como se o arco íris não existisse com suas muitas cores. O mundo rural é simples, o mundo urbano é complexo e vai continuar a ficar mais ainda, para horror dessa gente.
As mulheres não são agora, com tanto sucesso, melhores que os homens nos esportes e agora devemos ver um Mundo comandado por amazonas super-poderosas. Isso é mais uma simplicidade que está sendo posta de forma risível.
O Mundo é de todos os gêneros, pois eles existem, não adianta baixar decreto negando sua existência.
Novas olímpiadas virão e os homens voltarão a mostrar bom desempenho, no entanto o exemplo de París, 100 anos depois da primeira criação de vila olímpica de uma Olímpiada dos tempos modernos – deve servir de farol àqueles que fecham os olhos para as complexidades, querendo soluções simples para novos desafios sociais pressionados por uma nova individualidade.
Não nos resta fugir de uma constatação, uma Olímpiada é muito mais que um evento esportivo.
Por Genésio Araújo Jr, jornalistas
e-mail: [email protected]