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- Contato Brasil, 26 de dezembro de 2024 20:19:47
(Brasília-DF) Chegamos na última semana de janeiro de 2024, o primeiro mês do segundo ano do Terceiro Mandato de Luiz Inácio Lula da Silva, no meio político, falando de um possível retorno do ex-ministro Guido Mantega a um cargo importante afiançado pelo presidente Lula, o reaparecimento público de José Dirceu, o lançamento do programa “Nova Indústria” bancado pelo BNDES e uma discussão profunda sobre o modelo econômico, face a “negada” interferência na governança da Vale.
Depois de um primeiro ano difícil para todos, face a efervescência da retomada de políticas públicas frente a uma polarização política inegável e uma clara reinserção internacional do país - se imagina que teremos um ano, eleitoral que o diga, mais voltado para as coisas internas. Temos novos comandos no Ministério Público Federal e no Supremo Tribunal Federal. Um dizendo que vai fazer o que tem que ser feito, respeitando os poderes, e o outro pregando a pacificação. Vamos ver como vai ser, mas voltemos ao inicial.
O economista Guido Mantega foi o mais longevo ministro da Fazenda do Brasil, foi o que entregou o Brasil crescendo 7,5% no final do Governo Lula e deixou o Governo Dilma com o Brasil crescendo 0,1%, à beira da maior recessão da história que acumulou 7,2% entre 2015 e 2016. José Dirceu é o mais importante formulador petista que gerou as condições para a primeira eleição de Lula em 2002. Ele foi condenado no caso do Mensalão, perdeu o mandato de deputado federal, chegou a ser condenado no Petrolão, mas tudo indica que todas suas condenações, nesse caso, serão anuladas.
O retorno desses senhores à cena pública gera, até no mais cuidadoso dos observadores - em meio a um governo que precisa ser voltado para o Século 21 estando à frente do G-20 e se preparando para a COP-30, o evento do clima das Nações Unidas - a sensação de que o velho e o antigo viraram prioridade. Parece ser um prato cheio para os que desejam redobrar o acirramento.
A questão da “Nova Indústria”, programa de revitalização de nossa indústria, colocando o BNDES como principal financiador e mobilizador com R$ 250 bilhões, também gerou cheiro de coisa velha e antiga sendo apresentada por quem deve ser líder do novo.
A possibilidade do Governo Federal tentar impor vontades no Conselho Administrativo da Vale, à antiga Vale do Rio Doce, surge como uma forma de revisitar o modelo de privatizações que foi implantado no Brasil, que a maioria da população e dos agentes econômicos acabaram aprovando. Também tem cara do velho e antigo, sendo posto em destaque.
É verdade que não se caminha para o novo sem lidar com as cicatrizes do passado. Ninguém é novo mais uma vez se não vê que já foi velho. A imagem da serpente, símbolo da sagacidade, perdendo a pele para ficar nova de novo tem uma clara associação com os caminhos humanos.
Lula, especialmente, visto que hoje ele não tem mais conselheiros conhecidos a não ser muitos tutelados e dependentes, insiste em lidar com a imagem do velho e antigo no caminho para o novo. A ousadia do experiente homem público, ele que na prática, avaliza e empolga, é impressionante.
Lula já provou que não pode ser menosprezado, já trocou de pele várias vezes e continua aí serpenteando. Ele já disse, em momento de fúria, que só pisando na cabeça da jararaca!
Vamos ver se Lula, usando do velho e do antigo consegue se projetar ao efetivo líder de um país que parece predestinado ao protagonismo de um tempo novo, com uma economia do Século 21!
Por Genésio Araújo Jr, jornalista
e-mail: [email protected]