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- Contato Brasil, 28 de dezembro de 2024 05:34:19
(Brasília-DF) O grande acontecimento, em terras nacionais, paro o mundo político neste final de semana foi a oficialização do pedido de colaboração premiada do tenente coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do então presidente Jair Bolsonaro, pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, e sua consequente liberdade provisória.
A delação premiada, como na prática é tratado esse instituto, criada a partir da Lei das Organizações Criminosas, a Lei nº 12.850/2013 - foi muito usada durante a Lava Jato. Naquela época, se falava em “tortura”, pois tinha gente como Marcelo Odebrecht que ficou mais de um ano preso incomunicável em Curitiba. Se sabe que Mauro Cid ficou 4 meses presos num quartel guardado por colegas de farda a poucos quilômetros de sua residência assim como recebeu quase uma centena de visitas.
Foi homologado seu pedido de delação a partir das declarações dadas em 30 horas de depoimento a Polícia Federal, que confirmou ao juízo de Alexandre de Moraes. A delação poderá gerar um perdão judicial, estabelece a Lei das Organizações Criminosas, mas os indícios precisam ser transformados e reconhecidos como provas. Na verdade é bom que se ressalte que Mauro Cid foi preso por conta dos registros fraudulentos de carteira de vacinação do covid-19 que atinge ele, familiares e Jair Bolsonaro, inclusive uma filha dele que estuda nos Estados Unidos, mas existem mais indícios (provas, mesmo!) de seu envolvimento em mais dois outros crimes: incentivo a atentado ao Estado de Direito, com tentativa de golpe de Estado, e o desvio e venda de bens do Estado Brasileiro.
A delação é algo mal visto na sociedade e na caserna. A delação por tortura era ancestralmente perdoada, há séculos, tanto que a Igreja fechava os olhos para os suicidas heróicos. Aquele que delata por algum tipo de vantagem vai para além dos Infernos de Dante. O Estado brasileiro deu nobreza ao delator que dá ao mesmo algum tipo de reparo, ao menos da mera verdade que explica a origem do crime.
O caso expõe mais ainda o ex-presidente Jair Bolsonaro e sua família pois, a princípio, seu ex-ajudante de ordens não tinha outro superior que não seja o próprio Jair Bolsonaro.
Independente das consequências legais disso tudo, caso se confirme ou não, o mundo político ganha um ingrediente que se projeta ao novo ano eleitoral que se inicia nesse outubro, remete as eleições municipais de 2024.
O ex-presidente Jair Bolsonaro era visto com um grande patrimônio eleitoral, que iria animar seu partido, o PL, comandado por Valdemar Costa Neto, qual foi um dos grandes vencedores do pleito eleitoral de 2022, mesmo com a derrota da candidatura presidencial de Bolsonaro ao tempo que ele próprio não concorreu a nada!
Por mais que seus apoiadores e o próprio Bolsonaro aleguem perseguição político-judicial não parece ser crível imaginar que ele manterá o patrimônio eleitoral visto no resultado de outubro de 2022. Os que lhe apoiavam simplesmente pelo fato de fazer frente ao PT e Lula, mas que não viam suas ideias e práticas como as melhores para o país, tendem a um natural afastamento à cata de novas referências politicas e eleitorais.
Independente de uma possível prisão do ex-presidente ou algum de seus parentes, surge uma oportunidade para que o país ganhe alternativas políticas. Algo que vá além do petismo.
Para o país, é importante que se gere as condições para uma nova oposição, que não seja meramente fiscalista ou anticorrupção(hipócrita!). Lula se agarra bem no combate às desigualdades, um velho discurso, é verdade, mas agora estribado na nova economia verde.
Ir além disso, e Bolsonaro, é uma dura missão!
Por Genésio Araújo Jr, jornalista
E-mail: [email protected]