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- Contato Brasil, 28 de dezembro de 2024 05:36:49
(Brasília-DF) A manchete do “O Globo” desse sábado,08, foi “Raro consenso político faz avançar a pauta econômica”.
Quem conhece jornal, desde a época que o papel era mais folheado que o “touchsecren”, se sabe que é o pior dia para jornais. As pessoas, naturalmente, se desligam do pesado da semana, obrigatória de todas as responsabilidades. A manchete do jornal do maior grupo de comunicação do Brasil, mas não é o mais influente, foi um caso importante.
As democracias dão certo, apesar desses anos difíceis, pois buscam algum tipo de consenso. Todo momento que isso não é possível, ela entra em crise. Isso vem se vendo de forma mais evidente desde 2016, neste país e em boa parte do mundo.
Cheguei em Brasília no final de 1998, terminava o primeiro Governo FHC. Começava em seguida o segundo mandato do “Príncipe dos Intelectuais”, ganho em primeiro turno, também. Lula, como costuma dizer, foi para o fundo da rede chorar suas mágoas e lamber feridas. A história quis que por ligações familiares, e tendo formação jurídica acima da média, passasse a andar do lado do deputado Mussa Demes(PFL-PI), um piauiense com forte ligação com o Ceará, onde atuou com destaque.
Ele foi relator da Reforma Tributária durante anos a fio. Em 1995, no primeiro governo FHC foi apresentada a PEC 175/95 que ele a relatou, acredite, até 2003, quando o Governo Lula apresentou uma nova mensagem. Naquele ano foi apresentada a PEC 41/2003, que tinha Mussa como presidente da Comissão Especial e foi relatada pelo deputado Virgílio Guimarães(PT-MG).
Vi tanto os relatórios de Mussa, por quase 9 anos, como o de Guimarães, serem derrotados pelos próprios governos FHC e Lula.
Naquele tempo, os grandes empresários e conglomerados tinham muita força sobre o Congresso, mais que outras corporações, pois não existia essa história de emendas impositivas, orçamento secreto, Fundo Partidário ou Fundo Eleitoral. O Brasil não tinha as reservas cambiais que tem hoje, ainda não existia essa história de G-20, não existia essa história de padrão ESG, os bancos podiam tudo, não existia essa história de Fundos de Investimento, não tinha digitalização e a extrema direita estava ainda dentro da lâmpada de Aladim.
Por quais cargas do destino quiseram que a Câmara dos Deputados aprovasse uma Reforma Tributária sobre o consumo, a grande reforma nessa área desde a democracia? Para você tem uma ideia, o ICM foi criado em dezembro de 1965 e o Código Tributária Nacional é uma lei complementar nascida em 1966. Nada de democracia, ressalte-se.
Ainda tem uma caminhada boa no Senado Federal, vários ajustes serão feitos, fique certo, mas é difícil duvidar que dessa vez a coisa será finalizada. Em seguida, virá o capítulo da renda e da riqueza. Natural.
Terminado tudo isso, muitos livros vão tentar contar essa história longa. Muita gente está viva para contar muita coisa.
Mais uma vez, uma combinação de nordestinos, paulistas e mineiros será decisiva para que isso se dê.
Avalio que o fato do Congresso estar se financiando de uma forma inédita, nossa economia ter ganho outra dimensão, termos um congresso revisor, o petismo ter se assumido revisor com a influência de um novo status, um chefe da Câmara querendo entrar na história para que esqueçam seus pecados foram decisivos até aqui. Repito: muita coisa vai ser dita e escrita. Temos ainda gente querendo entrar na história.
Por Genésio Araújo Jr, jornalista
e-mail: [email protected]