(Brasília-DF) O dia 7 de novembro junto com o dia 11 de março de 2.020, muito provavelmente, vão ser analisados com todo o cuidado quando, lá adiante, estiverem analisando o Século 21.  Este mais recente dia, em que foi reconhecido que o político democrata Joe Biden e a, ainda senadora, Kamala Harris foram eleitos presidente e vice-presidente dos Estados Unidos da América, enquanto o outro se trata do dia em que foi reconhecida a pandemia do novo coronavirus(covid-19) pela Organização Mundial de Saúde(OMS).

Uma combinação de fatos sem precedentes.  A vitória da chapa Biden-Harris sobre a chapa comandada pelo Presidente Donald Trump e seu VP, Mike Pence, mais que o inusitado de impedir uma reeleição presidencial na mais velha república do Planeta, algo pouco comum na história daquele país, tem amplas implicações em todo o Planeta, que podem ser decisivas, muito certamente, para definir todo o resto do século.

O Presidente Donald Trump, mal ou bem, se transformou num líder único, pois representou uma ruptura. Muito já se falou sobre as apostas, e a forma, como o bilionário republicano se fez presidente e conduziu sua presidência. Um dos segredos de Trump foi conseguir unir em torno de si todos os muitos pedaços da sociedade norte-americana que se deslocavam do bloco social que se tinha mais ou menos consolidado.  Trump conseguiu atrair todos os descontentes que reunidos num sala não iriam se entender. Um grande feito ,que será estudado por anos a fio.

Donald Trump foi derrotado, perdeu no voto popular e dentro da lógica de colégio eleitoral das eleições para escolha presidencial, tão confusa e evidentemente fora de compasso para os dias atuais. Ressalte-se que ele foi derrotado não só pela pandemia e pelos erros em não saber lidar com ela, mas temos que observar com cuidado a estratégia montada pelos seus adversários para chegar a esse contento, que deve servir para vermos como a democracia, de fato, ganhou mais que uma chance. A democracia voltou a nos impressionar.

À princípio, se via Trump com seu incrível carisma e domínio da câmera de tv muito mais forte contra a chapa onde Biden era um velho político, que não tinha muito com o que encantar, sem contar que não era visto como um grande orador, como Barack Obama ou Bill Clinton, ex-presidentes democratas dos EUA. De quebra, Kamala Harris indicada por ser negra, “black people”, era da Califórnia, o mais populoso estado dos EUA que já vota, tradicionalmente, em democratas.

Agora, que a partida se encerra temos que ver nos detalhes. Joe Biden é muito mais que o velho político que foi enfrentar o outsider Trump.  Biden é o homem de classe média, homem comum, determinado, de família, católico.

Biden além de representar o homem médio vem da região onde nasceu os Estados Unidos, a Pensilvânia, onde fica a cidade da Filadélfia de onde surgiu a constituição que fundou aquela república.  Até parece que ele combinaram, tudo iria terminar por lá.

Kamala Harris é mulher, vencedora, ela não vem da elite de onde veio Hillary Clinton, que perdeu para Trump em 2016. Ela é a representação do multiculturalismo que gerou aquele país, filha de um jamaicano com uma indiana.

Isso mostra os detalhes tão pequenos, que vistos, agora, mostram a riqueza da mecânica democrática para enfrentar um líder político que descobriu caminhos especialíssimos de lidar e jogar com a democracia, mesmo dando sinais que a despreza.  De fato, tivemos um dia e tanto nesse 7 de novembro de 2.020.

A democracia ganhou uma chance a mais para mostrar que ainda é a melhor forma de se fazer política. Isso não quer dizer que não podemos encontrar outras formas exitosas. Nosso planeta está em grande transformação. Agora, é bom que os que estavam jogando a democracia no lixo aprendam com os erros.

Por Genésio Araújo Jr, jornalista.

Email: [email protected]