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Edson Vidigal
  • 17/09/2014 19h04

    Amarelo Piscando

    O que leva alguns de nós a se interessar, por exemplo, pela politica e a ter ambições politicas? O bem comum - é a resposta primeira que, nuns poucos idealistas, desponta logo querendo calar a todos.

    Repare bem no pássaro engaiolado por tanto tempo e um dia veio alguém e o soltou. De tão acostumado que estava com a quietude daquele exíguo espaço pareceu que já nem sabia o que fazer das suas asas.

    Geralmente aprisionam os pássaros porque sendo raros em suas plumagens e cantos logo despertam a cobiça e a inveja, sentimentos negativos próprios dos que não conseguem sedimentar com bons princípios as suas ambições.

    Faz lembrar o Cartola, ainda é cedo amor, mal começastes a conhecer a vida...

    Sim, é legítimo ter ambições. E precisamos mantê-las despertas, acenando-lhes com as esperanças mais verdes encontráveis nos brejais mais sonhados. Ambições, mas só daquelas do dizer do poeta, as mais nobres e as mais lúcidas!

    O que leva alguns de nós a se interessar, por exemplo, pela politica e a ter ambições politicas? O bem comum - é a resposta primeira que, nuns poucos idealistas, desponta logo querendo calar a todos.

    O bem comum, hão de questionar, não pode ser alcançável sem que se tenha que fazer, obrigatoriamente, as nem sempre limpas travessias da política.

    Quando perguntaram a Tancredo, querendo constrange-lo, se ele iria mesmo para aquela farsa do Colégio Eleitoral, submetendo-se às regras da ditadura, só para ser nomeado Presidente, ele respondeu que iria, sim, tapando com um dedo o nariz e com um lenço à boca para travar as náuseas. 

    Havia um objetivo maior, a volta da democracia, a remoção de todos os resquícios do autoritarismo, as liberdades civis.

    Um dia, enfim, seremos todos cidadãos.

    E quando houver cidadania plena, as pessoas inteiras, conscientes não só dos seus direitos, também dos seus deveres para com os outros, a sociedade será dona, ela sim, dos seus movimentos e das suas aspirações.

    O paternalismo de Estado que, sem resolver as questões estruturais, se dana a querer inventar enganosamente soluções paliativas e o clientelismo político que se ocupa sempre em distribuir agrados que só retardam a explosão da bomba ao mesmo tempo em que outras vão sendo feitas, terão que desaparecer

    Esses dois grandes defeitos, paternalismo de Estado e clientelismo político, mais a farsa partidária, que só deformam e atrasam democracia, perderão adeptos quando a cidadania for plena na consciência das pessoas e os princípios mais sólidos inspirarem as ações mais firmes.

    Quando os movimentos sociais se apresentarem mais unidos nos seus propósitos e mais fortes em sua organização será possível fazer as travessias da política com todas as certezas de que as ações dos políticos, em verdade mesmo, terão como destinação única o bem comum.

    A política, então, só terá espaços para os melhores do meio do Povo, e não apenas para os ricos, ou aqueles oportunistas, ou os carreiristas, ou os outros que se submetem a tudo, pagando qualquer preço, o sangue ou a alma, enfim, o que o diabo quiser pela ambição desvairada que os mantém espertos.

    Estar acostumado com o espaço exíguo da gaiola e depois ser tirado para fora mas sem saber o que é efetivamente a liberdade, sem noção do que é verdadeiramente a democracia, tantos foram os anos de alpiste e de assobios, em movimentos que nem chegaram a ser vôos, tão exíguos os espaços, é como estar livre que nem um pássaro desengaiolado, que solto no tempo nem tentou alçar-se um pouco acima do chão.

    Isto porque não sabendo há tempos o que era a liberdade já nem sabia mais o que fazer com as próprias asas. Precisamos retomar o trabalho da transição democrática. A Constituição como está, cheia de remendos e equívocos, não se sustenta. O Estado já não responde por suas obrigações. A inépcia grassa, a corrupção domina.

    Acesse o meu blog –   www.EdsonVidigal.com


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