Acilino Ribeiro, um dos grandes articuladores da Nova Esquerda no Distrito Federal e entre os movimentos sociais no País, enviou ao blog da Política Real uma declaração.  Ele estava revoltado com a informação de que uma das pessoas indicadas para a Comissão de Anistia tem ligações com os toruradores.

Na última sexta-feira, o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, nomeou 19 novos conselheiros e exonerou 6 membros atuais que não haviam solicitado desligamento do colegiado. A mudança ocorreu dois dias depois que Dilma Rousseff (PT) foi destituída do cargo por impeachment.

Segundo o Movimento por Verdade, Memória, Justiça e Reparação, entidade da sociedade civil que acompanha os trabalhos da comissão, alguns dos indicados são ligados a pessoas que apoiaram a ditadura, sendo que um é suspeito, inclusive, de ter sido colaborador direto dos militares.

“Lutei numa época em que a morte era o preço da coragem; num tempo em que só os kamikazes sobreviveram; nos anos de chumbo; onde as prisões as torturas e os assassinatos eram a resposta aos que como eu lutavam por Justiça, por Liberdade e por Democracia.   Não cometi nenhum crime. Lutei por meus sonhos e combati pelo que acreditava. Veio a Anistia e diz que me "perdoou". Eu pergunto: Perdoou de que ? Eu e que deveria perdoá-los.  E o fiz. Pois fui implacável na luta, mas também fui misericordioso na vitória.

Vencemos e não perseguimos ninguém. E só em estar vivo já é uma vitória.  Vi que a Lei da Anistia "me perdoava".  A um preso e torturado, mas também perdoava meu torturador. E isso não era função do Estado. Só eu e o consentimento de meu Deus posso fazer-lo. E o fiz. Pois um revolucionário não deseja a morte do pecador; o torturador, mas a destruição do pecado; a tortura.  

Tive amigos, amigas, companheiras e companheiros perseguidos, presos, torturados e assassinados e depois de tantos anos de luta conseguimos conquistar e construímos uma Comissão da de Anistia onde o governo reconhece a necessidade de resgatar a Verdade e fazer as devidas reparações, Comissão essa que se iniciou no Governo FHC e funcionou durante os governos Lula e Dilma de forma correta e com as pessoas sérias, parentes de presos, torturados e assassinatos além de juristas e especialistas dos temas requisitados. Ontem porém. Após 24 horas do Golpe que afastou a Presidente Dilma, o governo Temer assina um ato mudando a composição da Comissão dente outras conquistas que eles já estão programando e afastam definitivamente os membros da Comissão e colocam em seu lugar pessoas que durante anos apoiaram o Golpe de 64. Apoiaram ou são amigos e parentes, professores e colegas de escola de torturadores, comprometidos com todos os retrocessos que o golpe de 1964 implantou.”, disse, inicialmente.

E ele fala mais:

“ Quando aceitei meu pedido de Anistia não foi por uma indenização  financeira, foi por justiça e para contar para minha aposentadoria os dez anos que se somam pelos meus períodos de clandestinidade, prisões e exílio, dentro e fora do Brasil.  Assim pensei  que iria me aposentar profissionalmente. Mas não da luta, pois dessa jamais me afastarei. Desta forma, como disse.  Pensei que que iria me aposentar. Mas Deus me traz de volta à luta, agora para mostrar que aqueles companheiros que desapareceram e morreram pelo que como eu lutavam, por seus sonhos, continuarão a falar, através de mim e dos que comigo sobreviveram a utopia revolucionária e estão vivos para contar a História e refazer-la através da Comissão de Anistia Memória e Verdade.  E aos 63 anos de idade quero deixar claro uma coisa. Iniciei minha luta política no Movimento  Estudantil, depois no Movimento Sindical, depôs no Movimentos Comunitário e agora  me sinto jovem e forte, reenergizado para fortalecer os movimentos sociais inclusive e se necessário daqui a dez, vinte ou trinta anos o Movimento dos Idosos ou Terceira Idade como queriam chamar. Mas a chama continua acesa e a luta continua.”, destacou.

Ele como um bom comunista cristão, lembra de Deus:

“E nesse momento poderia dizer: - Senhor Deus, perdoe-os, pois eles não sabem o que fazem - Mas Senhor, perdoe-me, não posso  pedir isso, pois eles sabem o que fazem. Mas Senhor, não os castigue-os. Reeduque-os. Ensine-os a respeitar aqueles que lutam pelo bem da Humanidade. Não quero vingança. Quero Justiça. Com sua permissão Eu os perdoo-os, pois meu perdão e minha Justiça.

Vamos à luta companheiras e companheiros. Vamos nos reunirmos. Nos reestruturarmos e nos reorganizarmos.

Lembremos de nosso lema durante o combate à ditadura militar: - Retroceder nunca. Render-se jamais. Ousar lutar. Ousar vencer. VENCEREMOS. Com o fraterno e carinhoso abraço do ACILINO RIBEIRO.”, finaliza sua mensagem

( da redação com informações de assessoria. Edição: Genésio Araújo Jr)