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- Contato Brasil, 30 de janeiro de 2025 15:07:54
Tudo bem, é cedo ainda para cobrar o novo governo federal, mas o início da administração Bolsonaro revela a distância entre as postagens do Twitter e a realidade. O presidente faz hora extra na rede social. Há quase dez dias da posse há muita poeira e sobram constrangimentos.
Eis alguns deles:
01 - a nomeação do filho do vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB), Antonio Hamilton, como assessor especial no mesmo dia da posse do presidente do Banco do Brasil Rubem Novaes. Pode ser coincidência, mas é o filho do vice-presidente. E Novaes garantiu no discurso de posse que não aceitaria "ingerência política".
02 – as notas fiscais do ministro da Casa Civil Onyx Lorenzoni (DEM-RS) para comprovar gastos na Câmara dos Deputados.
03 – o caso Queiroz que envolve o filho de Bolsonaro e senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) ainda sem explicações. Ex-assessor Fabrício Queiroz disse ao jornal O Estado de S. Paulo que esclarecerá "em breve". Aguardemos.
04 – a festinha da ministra Damares, quando gritou rosa para meninas e azul para meninos.
05 – as declarações da transferência da embaixada em Israel, que pode enterrar o comércio com o Oriente Médio.
06 – os desmentidos dos auxiliares por conta das falas do presidente sobre impostos e isenções.
07 – a falta de sincronia para a propalada reforma da Previdência. Bolsonaro diz uma coisa, Mourão outra, Guedes idem, assim como Lorenzoni.
"É evidente que existem polêmicas, e tem muito espaço na mídia para isso. Mas por enquanto isso não tem grande influência dentro do governo Bolsonaro, pois o tom será dado na economia e na área política", diz o cientista político Ricardo Ismael, da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), numa declaração dada à DW.
O professor pode ter razão, mas é muita coisa para pouco mais de uma semana.
"Tivemos uma semana de muita falação, de muita conversa e de poucas medidas de natureza prática", opina o também cientista político Marco Aurélio Nogueira. "Uma primeira semana que mostra uma grande dificuldade de o governo de estabelecer um rumo claro de atuação". Fato.
Para completar esses primeiros dias, os ocupantes do Palácio do Planalto patrocinaram nas redes sociais uma nova onda contra a Imprensa. O chamado quarto pode tem suas responsabilidades, mas parece que apontar o dedo e fazer acusações é bem mais fácil e cômodo.
"Ao mesmo tempo, o governo não pode fingir que está governando. E não pode ficar em campanha", diz Marco Nogueira. Veremos os próximos capítulos.