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Misto Brasília - Por Gilmar Correa
  • 26/11/2018 16h05

    O novo quase velho

    Presidente eleito terá que mostrar habilidade agora e depois para garantir a confiança do eleitor

    Lembranças que Bolsonaro define como esperança depositada no futuro governo/Divulgação

    Jair Bolsonaro assume a Presidência da República daqui a 35 dias. O longo período de transição e a campanha que ainda não saiu do palanque, dão a impressão que o deputado federal já está no Palácio do Planalto há muito tempo. A briga nos bastidores por conta da formação da equipe governamental embalam esse imaginário.

    Quando janeiro chegar, parte do crédito que o eleitor deu nas urnas em outubro já terá sido queimado nestes meses de transição. O presidente eleito terá que mostrar muita habilidade para estender essa confiança nos próximos meses. O futuro governo deve provar na prática que o “toma-lá-dá-cá” não terá sido um mero devaneio das promessas eleitorais, porque dele muito se espera.

    Há muitas questões em jogo. Eis algumas delas.

    01 – O presidente deverá encontrar um meio de unificar os discursos dos seus auxiliares e dele próprio. Uma coisa é fazer campanha pelas redes sociais. A outra é governar de fato. Disparar recados pelo Twitter é uma coisa. Publicar atos oficiais no Diário Oficial da União é outra. O time pode morrer pela boca, assim como pela disputa de egos - típico onde supostas estrelas disputam o mesmo espaço.

    02 – A equipe econômica terá um imenso desafio em mostrar que tem competência em controlar os gastos públicos, criar programas para geração de emprego e renda, e mostrar que suas propostas de reformas são factíveis e viáveis e que não penalizam os mais fracos. Até agora nada foi apresentado de concreto. O tempo corre.

    03 – Assim como na economia, os problemas na segurança pública são enormes. Basta lembrar a tragédia de 65 mil mortes anuais provocadas pela violência. Com recursos minguados, é preciso muita criatividade para reverter as estatísticas negativas. E não será na bala que isso será conquistado.

    04 – O presidente Michel Temer tem ajudado muito nessa transição, basta lembrar o imbróglio do Mais Médico. Nessa questão Bolsonaro entra em janeiro com uma solução bem encaminhada. Entretanto, precisa descer do palanque e mostrar que tem mais competência além do discurso raso a respeito das graves desigualdades sociais e econômicas.

    05 – O novo governo precisa provar que não é fruto do velho sistema. Colocar militares em cargos estratégicos não é sinônimo de competência, tão pouco de honestidade. O combate à corrupção é uma promessa, digamos, “pétrea” de Bolsonaro, veremos se o “sistema” não vai engolir o discurso.

    06 – Quando fevereiro chegar, o Legislativo abre suas portas para os parlamentares. Há muita conversa sendo antecipada, mas os acordos serão fechados mesmo com a posse dos senadores e parlamentares. É pelo Congresso Nacional que boa parte do governo Bolsonaro vai passar. Por enquanto ainda não há interlocutores à altura para essa costura política. As eleições nas duas Casas serão um teste do relacionamento entre o Executivo e o Legislativo.

    07 – E não podemos esquecer do Judiciário, que teima em legislar, tomar decisões estranhas e insiste em reajustes salariais acima da média, mas que não entrega os serviços à população como deveria. E há ainda os servidores públicos... aqueles com mais poder de fogo corporativo.

    08 – Duas reuniões já foram realizadas com os futuros governadores e com aqueles que se reelegeram. Há um problema central com os entes federados. A maioria dos estados está com a corda no pescoço, assim como o governo federal. Entretanto, quando se fala em mudar as regras do jogo, a conversa não encontra eco.  


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