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- Contato Brasil, 21 de novembro de 2024 09:23:55
A ressaca das eleições trouxe um caminhão de análises sobre o passado recente e o futuro presente. Se antes se esperava um índice absurdo de abstenções, agora a surpresa foi a troca de velhos políticos por uma geração de novos parlamentares, muitos dos quais herdeiros familiares de quem foi barrado na urna. Sim, a abstenção foi grande, a maior em uma década.
Seja pelo lado do avesso, Jair Bolsonaro se parece muito com Lula da Silva. Assim como o petista, o presidenciável que recebeu mais de 50 milhões de votos, é uma metamorfose ambulante. Deu para perceber na sua primeira manifestação pública ontem à noite, quando ainda estavam sendo contados os votos.
Bolsonaro como Lula adapta seu discurso de acordo com a conveniência do momento. O candidato do PSL fala em unir o Brasil de negros a índios, de brancos a amarelos, de gays a heteros. Apazigua seu discurso de olho no resultado do dia 28 de outubro, data fatídica do segundo turno.
Lula também fez isso quando estava solto. E, quando preso, distribuiu bilhetes na direção de velhas oligarquias, de antigas paixões e de costuras que já tinham dado certo em outras campanhas. Claro, de olho nos resultados, na tomada do poder, como bem observou o ex-ministro condenado José Dirceu (PT).
Agora, o preposto de Lula, Fernando Haddad, volta-se para o chamado centro. Chama para uma grande coalização para enfrentar o “fascismo”. E como Bolsonaro, percebeu que o brasileiro é conservador. É como se a maioria preferisse a caderneta de poupança, a investir em títulos da dívida pública.
Menos radicalismo seria um perfeito remédio na hora do voto.
Tanto um como o outro, já devem ter percebido que não dá para fazer cavalo de pau. É possível ter um discurso mais agressivo, mas é importante deixar recados, porque ninguém é maluco.
Em 2002, Lula da Silva lançou uma carta de boas intenções para deixar o mercado mais calmo. Em 2018, Bolsonaro usa a ferramenta que ajudou a ser, neste momento, a maior liderança política do Brasil. Ao lado do economista Paulo Guedes, fala nas redes sociais em planos, em cuidar do que é certo, e economia sustentável.
Entretanto, não se descuida do seu velho discurso como que a dar combustível à sua militância. Como ele mesmo disse, “não posso ser um Jairzinho paz e amor”. Aparência é tudo.
No outro lado da trincheira, Haddad insiste com Lula da Silva em suas falas. É para animar não o PT, mas a galera do “lulismo”, algo como uma religião. Bolsonaro também constrói sua “igreja” há mais de cinco anos. Fiéis que acreditam que tiro e armas são a solução pra tudo. Pelos discursos mais recentes, nem Bolsonaro foi convertido a essa temática.
Bolsonaro pode até perder na segunda virada eleitoral, mas o Brasil terá, com certeza, um novo viés ideológico. É esperar para ver.