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Misto Brasília - Por Gilmar Correa
  • 26/10/2017 13h59

    Dois discursos, duas práticas e um resultado

    Por conta dos antagonismos, discursos difusos e a perversão política, a força popular murchou

    A letargia e a descrença tiraram o brasileiro das ruas/Arquivo/Reprodução

    Ao ser completada a votação que levou para a gaveta a denúncia contra Michel Temer e dois de seus mais próximos ministros, Eliseu Padilha e Moreira Franco, o sistema dominante induz que o Brasil passou para uma nova fase. Através de seus porta-vozes alimenta a ideia de que agora a pauta é a reforma, seja ela de qual nível for.

    Não é bem assim. Continuamos num mar de lama fétido, onde os aproveitadores financeiros levam a melhor. Eles manipulam, pressionam e utilizam ferramentas para encher os bolsos diante de um Estado à mingua financeiramente, esvaziado e muito mais refém de um perverso controle deste “mercado financeiro”, este ser sem cara e sem rosto.

    Todos os passos nesta caminhada levam a um empobrecimento da grande maioria e também ao “emburrecimento” de nossa gente. E não é só esta força descomunal do liberalismo sem freios que se apresenta com seus dentes nestes dois últimos anos, embalado por um governo entalado em crimes.

    O governo anterior com sua filosofia e doutrina do Estado soberano, contribuiu para reduzir a força popular e fomentar corrupção paga pelo dinheiro do contribuinte. Ao aparelhar as organizações governamentais e os sindicatos, por exemplo, amordaçou novas lideranças e a compreensão de uma mundo que, em tese, deveria ser bem mais generoso em vários sentidos.

    E ao contrário do que afirma em seus discursos, igualmente pavimentou o caminho para o sistema financeiro, com seus lucros extraordinários.

    Por conta dos antagonismos, manifestações difusas e a perversão política, a força popular murchou. E o empobrecimento visível através de números como o desemprego, empurra o brasileiro para a autopreservação primária, ou seja,  a emergência é colocar a comida no prato.

    As necessidades da própria preservação coloca para escanteio um entendimento maior do momento atual e das transformações do mundo.

    Quando o brasileiro enxerga a continuidade de um sistema dominante e, por consequência cada vez mais poderoso, percebe que nada vai mudar. E assim nasce a apatia e a desesperança, caracterizada pela ausência de manifestações do povo, que não está nas ruas neste momento.

    A inércia revela-se também nas chamadas entidades de classe ou de categorias. A ausência de propostas nacionais, legítimas e republicanas é fruto de um ambiente sindical apenas corporativo, que alimenta castas e privilégios.

    Assim, o “salve-se quem puder” com suas mentiras abre caminho para as grandes corporações e para o proselitismo extremo, que pode desaguar nas urnas do próximo ano. Esta situação política será facilitada pela ausência real e significativa do eleitor, hoje completamente descrente da forma como o sistema se apresenta.


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