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- Contato Brasil, 20 de abril de 2025 03:38:45
Duas agendas do presidente interino Michel Temer são emblemáticas nesse mar revolto da República. Temer recebeu personalidades que por si só provocam olhares transversos.
A primeira audiência que não foi divulgada foi com o presidente afastado da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Enrolado em diversas acusações, réu em dois processos no Supremo Tribunal Federal e com a cassação iminente, Cunha é um sujeito que os políticos evitam.
Não foi o caso de Temer que o recebeu na noite de domingo. Sem agenda, sem fotógrafos, sem registros. No dia seguinte, o encontro foi vazado à jornalista Andrea Sadi que obteve confirmação da assessoria do Palácio do Planalto. Cunha, por seu turno, negou o encontro.
O deputado defenestrado talvez queira blindar Temer, mas um encontro às escondidas suscita suspeitas. Foi dito mais tarde que o tema da conversa foi sobre a “política nacional e o interesse brasileiro (sic)”.
Tome você mesmo sua conclusão.
O segundo (na verdade o primeiro) encontro muito estranho para um presidente interino e que todos os dias enfrenta desafios gigantescos, aconteceu com o João Roberto Marinho. O jantar não foi divulgado e poucos tiveram conhecimento. A agenda vazou muito tempo depois pelas mãos do jornalista Fernando Rodrigues.
Neste início de semana se suspeita do motivo do encontro que teve como testemunha Paulo Tonet Camargo, vice-presidente de Relações Institucionais da Rede Globo.
O Diário Oficial da União publica a autorização para a transferência contábil dos herdeiros principais para os filhos e netos dos Marinho.
O recurso, segundo o site Só Contabilidade, serve para regularizar o lançamento da conta debitada ou creditada indevidamente, através da transposição do valor da conta para a conta adequada.
Essa manobra contábil já foi feita pela Globo que inflou uma microempresa e mexeu também com a Globo Rio, Globopar e TV Globo.
Se duas dessas agendas foram reveladas, é de se supor que outras tenham acontecido.
Repito: pode não ter nada de irregular ou imoral, mas o simples fato de omiti-las não tem nada de republicano, especialmente num momento crítico da nossa política.