• Cadastre-se
  • Equipe
  • Contato Brasil, 20 de abril de 2025 03:54:44
Misto Brasília - Por Gilmar Correa
  • 08/06/2016 16h51

    A música brasileira que reduz o papel da mulher

    Letras de gosto duvidoso marcam o repertório nacional de todos os gêneros

    Alô mulheres que tanto protestam contra o estupro coletivo no Rio de Janeiro: que tal não ouvir, cantar, comprar e não ir a shows de cantores e grupos (de funk e sertanejo universitário, em especial) cujas letras de músicas só fazem diminui-las, ofendê-las, quando não trata-las como se fossem prostitutas? E assim que se começa a ter respeito próprio, dignidade, altivez.

    A observação não é minha, mas do jornalista catarinense Raul Sartori.

    Há muito tempo que as letras dessas músicas vêm sendo questionadas por sua qualidade. Em 2012, por exemplo, o professor Jean Henrique Costa se debruçou sobre essa polêmica.

    Numa dissertação de doutorado com o tema “Indústria Cultural e Forró Eletrônico no Rio Grande do Norte” (veja o trabalho), o professor da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte mexe num vespeiro comercial de grande envergadura.

    Numa das partes da pesquisa, Costa analisou o conteúdo das letras dos cinco primeiros álbuns da banda Garota Safada e descobriu que 65% das músicas falam de amor, 36% de sexo e 26% de festas e bebedeiras.

    O ideal de uma vida festeira, regada de uísque, caminhonete 4×4 e raparigas (mulheres) é hoje um símbolo de status e prestígio para muitos dos ouvintes.

    As letras, invariavelmente, colocam no chinelo a mulher. Veja esta: “Na selva / Bem-vinda à selva / Veja ela derrubar seus joelhos / Venha, eu quero ver você sangrar.

    Ou esta: Sempre escuta as bandas que eu nunca ouvi / Sempre de vestido pra sair / E quando ela sai, não importa pra onde vai / Sempre com o cartão do pai / Compra tudo e se distrai.

    E o que dizer deste funk chamado "Kut kut - trava bumbum": bum, bum, bum, joga o bum bum, trava o bum bum, treme bum bum, dançarina número rum. Somente o vídeo desta "poesia" alcançou quase 10 milhões de visualizações no YouTube.

    E há o exagero do monossílabos. Sou simples. Mas eu te garanto. Eu sei fazer o lê lê lê, lê lê, lê. Se eu te pegar você vai ver. Lê, lê, lê, Lê, lê, lê,

    Para Eduardo Nunomura, em texto publicado na CartaCapital, afirma que a música brasileira está decadente - san élégance. Difícil encontrar alguém que nunca tenha ouvido uma frase como essa. "Refine o gênero e as frase continuarão a fazer sentido para muitas pessoas. O funk, o sertanejo, o forró, o pop, todas as músicas consumidas pelas massas não prestam".

    No texto "até quando teremos que suportar letras horríveis na música brasileira?", o site NetCina desafia: "Tente identificar uma canção nacional que esteja fazendo sucesso atualmente que tenha uma letra que não seja endereçada a alguém que sofra de um retardamento mental".

    E Rafael Teodoro, no site Bula Revista em seu artigo “O sertanejo universitário na era da imbecilidade”, arremata sobre o sertanejo universitário. Trata-se de um modelo hedônico de uma sociedade capitalista hedonista, marcadamente voltado ao consumo, onde ser um “idiota”, um “imbecil completo”, não só não é motivo de desonra — própria e familiar — como se consubstancia num status socialmente tolerado (diria mesmo instigado).

    As porcarias brasileiras mais tocadas no Spotfy

    01 – Bum Bum Granada – MC Zaac e Jerry

    02 – O nosso santo bateu – Matheus e Kauan

    03 – 10% - Maiara e Maraísa

    04 – Ela só quer paz – Prójota

    05 – Sosseguei – Jorge e Matheus

    06 – Ou Some ou Soma – Jorge e Matheus

    07 – Como é que a gente fica – Henrique e Juliano

    08 – A Rosa e o beija-flor – Jorge e Matheus

    09 – Na hora da raiva – Henrique e Juliano

    10 – Flor e o beija-flor – Henrique e Juliano

    11 – Que sorte é a nossa – Matheus e Kauan

    12 – Vou voando – Jorge e Matheus

    13 – Nada, nada – Henrique e Juliano

    14 – Química – MC Biel

    15 – Essa mina é louca – Anitta

    16 – Aquele 1% - Marcos e Belutti, com Wesley Safadão

    17 – Bang – Anitta

    18 – Você merece cachê – Israel Novaes e Wesley Safadão

    19 – Suíte 14 – Henrique e Diego, com MC Guime


Vídeos
publicidade