Logo cedo, quando muita gente acordava para o trabalho ou seguia seu caminho para o colégio dos filhos, o Senado Federal concluía uma votação de 20 horas. Decretou o afastamento temporário da presidente Dilma (até as 10 horas de hoje) por 180 dias. A partir de agora vamos ter num novo presidente, Michel Temer (foto), do PMDB de São Paulo.

Creio que não seja um dia de comemorações, mas de reflexão. Entramos numa fase intermediária, onde os desafios são gigantescos para o tamanho de um país como o nosso. O Brasil passa por uma crise profunda na área política, na econômica e por que não dizer, ética.

Sim, é preciso renovar as esperanças, mas é preciso também lembrar que não há mágica. Muitos daqueles que voltam a postos estratégicos do governo central, já estiveram lá ou estão envolvidos em gravíssimas acusações de malversação do meu, do teu, do nosso dinheiro público.

Aliás, a corrupção sistêmica provavelmente seja o pior de nossos problemas. Ela, esta chaga que persiste em nossa História, está encastelada nos poderes, nas gestões públicas, nas nossas representações populares. Infelizmente, para este problema, não há grandes motivações para melhoras.

Para quem perdeu esta parada do impeachment, que faça uma análise dos erros. Não basta dizer que é “golpe”. É necessário, sim, compreender o momento crítico, fomentado em boa parte por uma administração incompetente e um aparelhamento partidário de nossas instituições.

Para quem agora está temporariamente à frente das decisões, que faça o que prometeu de forma ágil e competente. Tenho algumas dúvidas sobre isso, mas mais uma vez fica aqui a minha esperança de dias melhores.

E para quem está no Congresso Nacional, que se faça as reformas. A política é uma delas, e outra vez ficamos na retaguarda diante de promessas, novamente renovada no discurso do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), pouco antes da votação eletrônica do impeachment de Dilma Rousseff.

O Brasil escreveu mais um capítulo de sua História, Vamos ver agora como será o próximo.