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  • Contato Brasil, 02 de maio de 2024 03:17:52
Humberto Azevedo
  • 01/02/2023 19h32

    Reginaldo Lopes acredita em sucesso da economia e punição rigorosa para país superar legado fascista do bolsonarismo

    Ex-líder do PT na Câmara, deputado mineiro diz que governo Lula III tem duas grandes tarefas: aprovar a reforma tributária e punir rigorosamente núcleos econômico, militar e político que financiaram e incentivaram a ação de vândalos que atentaram contra a democracia

    O deputado Reginaldo Lopes (PT-MG) acredita em sucesso da economia e punição rigorosa para país superar o legado fascista do movimento bolsonarista, que contaminou o país nos últimos quatro anos. Ex-líder do partido na Câmara, o deputado mineiro afirmou também que o terceiro governo Lula tem duas grandes tarefas a cumprir: a primeira é aprovar a reforma tributária e a segunda é punir rigorosamente os núcleos econômicos, militares e políticos que financiaram e incentivaram a ação de vândalos que atentaram contra a democracia. Estas e outras declarações foram concedidas em entrevista exclusiva a este blog.

     

    Blog: você foi líder do PT num dos piores momentos da história republicana, quando o país era desgovernado por uma gestão anarco-fascista. Qual é o balanço que você faz deste seu período como líder?

    Reginaldo Lopes: Quando eu assumi a liderança, eu trabalhei com três palavras femininas: resistência, travessia e esperança. Então, eu acredito que nós conseguimos implementar a resistência e construir a travessia para poder esperançar o Brasil. Então foi um mandato de muitas lutas onde nós conseguimos resistir aos retrocessos, denunciar as políticas de genocídio do presidente Jair Bolsonaro no ponto de vista do enfrentamento da pandemia, mas também em várias outras políticas públicas no campo da saúde, da educação, das políticas amplamente voltadas para a maioria do povo brasileiro que eles tentam minimizar. E conseguimos construir a travessia do ponto de vista que as nossas ações, ao mesmo tempo [em que], elas denunciavam a tentativa de comprar a consciência do povo brasileiro, comprar votos, a gente conseguiu estar do lado do povo, votar [a favor d]os benefícios – mesmo que eles tivessem uma característica eleitoral, e, ao mesmo tempo, denunciar e formar uma maioria na sociedade brasileira para fazer a eleição do presidente Lula. Então, acho também, que a gente conseguiu fazer esta travessia. É evidente que eu imaginava, que ao fechar as urnas, os nossos adversários teriam compromisso com a Constituição Federal e é lamentável que não. Eles se transformaram numa facção terrorista golpista, de vândalos que não respeitam mais a Constituição Federal e muito menos os Três Poderes. Então, essa travessia está em construção. É evidente que nós conseguimos vencer de imediato, mas é lamentável que eles deixaram sementes deste golpismo. Então, temos a tarefa esse ano de cada vez consolidar a democracia brasileira e os seus princípios. Então, a gente vai trabalhar muito esse ano e no final [de 2022] nós conseguimos [aprovar] a PEC do Bolsa Família, a PEC da Transição, que ajuda o governo Lula neste ano de 2023 e ganhamos aí um ano para fazermos as reformas necessárias. Eu diria que a grande reforma, do ponto de vista estruturante, é a reforma tributária. Nós precisamos ter um novo sistema tributário. O atual sistema é péssimo, é o pior sistema do mundo, ele é ruim para todo mundo, ele é ruim para o trabalhador, ele é ruim para os mais pobres, em especial, porque só se paga imposto no Brasil – 60% - são indiretos, sobre o consumo, e é ruim para aqueles que querem empreender e investir no Brasil. Então, ele é ruim para os empresários, não é bom para o pacto federativo, nem para os estados, União e municípios. Então, nós temos aí essa grande tarefa de aprovar essa reforma mais estruturante, que na minha opinião será o grande legado do presidente Lula para o povo brasileiro.

     

    Blog: O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o presidente Lula, estão esperançosos de que essa reforma será aprovada até o final do primeiro semestre. Assim, há condições políticas para se aprovar até junho essa reforma tributária?

    Reginaldo Lopes: Eu acredito que sim. O governo do presidente Lula reinaugurou o respeito as instituições, aos poderes, aos líderes [políticos] e esse diálogo permanente vai permitir que juntos possamos construir essa maioria, não numérica, mais política para um tema tão importante para o futuro do Brasil.

     

    Blog: Agora como enfrentar os métodos fascistas que parte da oposição faz uso para promover campanhas de desinformação com a propagação de mentiras e de notícias falsas?

    Reginaldo Lopes: De duas formas. A primeira maneira é um pacto nacional contra os fascistas, nazistas, terroristas, vândalos e os antidemocráticos para a gente isolar essa parte da extrema-direita que joga fora das quatro linhas da Constituição Federal. O segundo passo é, na minha opinião, usar o rigor da lei. Eles tem que ser responsabilizados. Tem que ter o exemplo. Tem que ter uma punição exemplar e aí, eu acho, que tem três núcleos que precisam ser investigados e condenados. O primeiro núcleo político [é localizar] quem está por trás, quem está organizando e quem está incentivando esses ataques golpistas, terroristas, que [foram] muito ruim para a sociedade brasileira. O Brasil tem uma cultura de paz. Eu acho que os bolsonaristas, parte deles, foram para o campo terrorista e nós não podemos admitir que se coloque em risco a segurança de todos nós. Então, nós temos que punir o núcleo político. O segundo núcleo é o núcleo militar. Nós não podemos admitir que forças de segurança pública não cumpram o papel constitucional, que é defender o Estado brasileiro, a Constituição, defender o compatriota, de ter uma política de segurança pública de proximidade, de defender o cidadão, e não violenta e que não respeita a democracia brasileira. Então tem que punir aqueles que se envolveram, patrocinaram e participaram do ponto de vista do núcleo militar. E o terceiro núcleo é o econômico. Isso tem financiadores que estão patrocinando e organizando esses militantes mais radicais, às vezes estão escondidos, mas estão patrocinando do ponto de vista do núcleo econômico. Então, nós vamos investigar e punir quem está por trás e financiando esses atentados à democracia brasileira. E aí é a grande tarefa nossa: e é evidente que dentro destas duas tarefas, nós precisamos também apresentar uma agenda de reconstrução do Brasil que tenha como primeiro objetivo, que não é deixar nenhum brasileiro para trás, ninguém com fome, reconstruir as políticas públicas no primeiro momento, mas no segundo momento também, nós temos a obrigação de termos uma agenda de futuro. O Brasil é um país muito rico e pode ser um país muito justo. Então nós vamos aí reindustrializar o Brasil, precisamos agregar valor ao setor agropecuário, do agronegócio, fazer uma transição ambiental-ecológica, economia 4.0, [para aproveitar a nossa] biodiversidade, da economia verde, ou seja, da energia e aproveitar esse nosso potencial energético do Estado brasileiro permitido pelo nosso clima. Então, eu acho que nós temos que fazer essas tarefas que estão colocadas. Aí sim nós vamos derrotar, sim, [os golpistas] e ampliar a maioria deste projeto democrático, solidário, humano que tem empatia pelas pessoas, que quer por fim a extrema-pobreza construir um Brasil mais igual de oportunidades.


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