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- Contato Brasil, 04 de dezembro de 2024 16:29:28
Esta sexta-feira, 1º de abril - verdadeira data em que comemora-se ou se lamenta (a depender do gosto) o golpe militar de 1964, colocou os pontos nos “is” do quadro eleitoral tupiniquim. Abriu-se e fechou-se a janela para a troca de partido daqueles que buscam se manter nos cargos para os quais foram eleitos, ou que pretendem se eleger no próximo 2 de outubro.
A partir de agora, o jogo não pertence mais aos 594 congressistas e, sim, aos caciques que comandam as siglas partidárias. Já que em maio se encerra o prazo para definir quais legendas vão se casar pelos próximos quatro anos. Se por um lado, a base formada pela ampla maioria dos deputados e senadores apostam na polarização entre o atual ocupante do Palácio do Planalto contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a maioria das direções dos partidos que se situam no campo político que popularmente passou a ser denominada como “centrão” insistem na tecla de se estabelecer uma terceira via para enfrentar o pré-candidato favorito a vencer as eleições do final do ano.
Isso posto, os acordos que muitos dos deputados federais e estaduais fizeram neste mês podem, em alguns casos, serem totalmente desfeitos pelas decisões que as direções partidárias tomarão no próximo dia 31 de maio. O baixo clero, que deu seu primeiro grito de independência com o surgimento de Severino Cavalcanti (PP-PE), e se consolidou nas gestões de Jair Messias Bolsonaro (PSL/Sem Partido/PL) e Arthur Lira (PP-AL), pode e deve estar com os dias contados para se manter na crista da onda. A transformação da Câmara dos Deputados numa imensa Câmara de Vereadores como vem ocorrendo há algumas décadas, deve começar a ter novamente a sua vocação de volta de ser a caixa de ressonância dos problemas e das soluções pátrias. Embora, a resposta para o contra-ataque das direções partidárias ao modo baixo-clero de operar já foi dada: a discussão do semipresidencialismo que oficializa o bônus ao gabinete parlamentar governamental, hoje já praticado pela liberação das emendas de relator e apelidado de “orçamento secreto”, e que estabelece os ônus a cargo apenas ao Palácio do Planalto de então.
Nessa disputa entre o baixo clero e as executivas que detêm, de fato, o poder de quem é candidato e sobre o volume de recursos utilizados para a realização da campanha eleitoral, não há polarização de direita, centro, ou esquerda. Apenas briga pelo poder mesmo. Na verdade, a (falsa) polarização que há entre Bolsonaro versus Lula, assim como foi nos últimos 30 anos entre PT x PSDB, é só balela para enganar os incautos. E como se tem incautos!
Afinal, as direções partidárias que aderiram inocentemente à intifada produzida pelos ianques em maio de 2013, se cansaram de ficar à deriva de governos populares eleitos consecutivamente por quatro mandatos. Para tanto, o ‘golpimpeachment’ de 2016 foi apenas consequência. E, nesta espiral que degringolou de vez todas as relações existentes no país que se acha ser uma nação, o resultado foi o caos. Nada além do caos! E enganam-se todos, ou pelo menos a maioria, que do caos virá algo novo. Não virá mais do que caos e, talvez, até a eclosão final!
Percebendo a besteira que fizeram ao aderir inocentemente na barca encomendada pela inteligência norte-americana, as direções partidárias (municiadas do que restou de elite pensante brasileira que encerrou seu ciclo nos anos 90) buscam desesperadamente instituir uma terceira via para pôr fim a polarização Bolsonaro X Lula. Estão à mesa, ainda, Ciro Gomes (PDT), João Dória (PSDB) e Simone Tebet (MDB). O ex-juiz e ex-ministro de Bolsonaro, Sérgio Moro (Podemos/União Brasil [PSL-DEM]), desistiu de se candidatar à Presidência para buscar uma vaga na Câmara dos Deputados por São Paulo. O mesmo destino deve ter Dória, que deve escolher ser candidato ao Senado. Já Simone Tebet é tida como provável candidata a vice-presidenta na chapa de Ciro Gomes, que está tentando costurar um amplo acordo com o principal cacique do União Brasil, ACM Neto, que tenta derrotar o PT em suas terras baianas.
Aliás, depois de anos tentando encontrar um representante para finalmente assumir a terceira via contra Lula e Bolsonaro, as direções partidárias estão começando a perceber que a única via alternativa à polarização é mesmo o terceiro colocado nas eleições de 2018, Ciro Gomes. Tanto é que o pré-candidato do PDT, que já passou por PDS, MDB, PSDB, PPS, PSB e PROS, é o único que tem condições de arrancar votos tanto de Lula, quanto de Bolsonaro. O problema é que o jeito explosivo do cearense, natural da paulista Pindamonhangaba, é temido pelas maiorias das direções partidárias. Se não fosse isso, Ciro já estaria certo de ser ele o candidato da tal terceira via.
Assessorado pelo competente João Santana, Ciro Gomes está fazendo as inflexões corretas para cima tanto de Bolsonaro (a quem chama de boçal) e de Lula (a quem chama de querer ter sido Deus). E o resultado começa a aparecer. Santana aposta que Ciro tirará votos mais ao centro tanto de Lula, quanto de Bolsonaro, assim que a campanha se iniciar e que com a ajuda dos debates poderá ceifar o atual ocupante do Palácio da Alvorada.
É importante notar que Bolsonaro, nesta eleição de 2022, terá um dilema. Fraquíssimo na articulação das palavras, Bolsonaro não conseguirá um álibi para fugir dos debates como o fez em 2018 - o que foi fundamental para vencer a disputa numa cama de hospital. Se não comparecer aos debates perderá votos que provavelmente lhe tirarão as chances de ir ao 2º turno; se comparecer terá como missão garantir que o seu cercadinho de 30% dos eleitores considerem lindo o triunfo da ignorância e se vitimizar, na hora certa, das falas “pedantes” que o douto Ciro Gomes fará para nocauteá-lo.