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  • Contato Brasil, 20 de abril de 2025 05:54:32
Humberto Azevedo
  • 01/06/2018 19h54

    Líder do PSB comemora queda de Parente, mas avisa que se não mudar a política de preços da Petrobras o próximo a cair será Temer

    Para o mineiro Júlio Delgado que lidera os demais deputados federais socialistas, o pedido de demissão de Pedro Parente deve marcar o início da mudança da política de preços da estatal petrolífera

    Foto-montagem a partir de imagens da Agência Brasil com o novo presidente da Petrobras, Ivan Monteiro; da Agência Globo com o ex-presidente da estatal, Pedro Parente; e da Agência Câmara mostra o deputado Júlio Delgado.

    (Brasília-DF, 01/06/2018) O líder do PSB na Câmara, deputado Júlio Delgado (MG), afirmou ter comemorado a queda do então até hoje presidente da Petrobras, Pedro Parente. Mas avisou que se não houver mudanças na política de preços da estatal o próximo a cair será o próprio presidene Michel Temer, do PMDB.

    Olha num primeiro momento foi de comemoração porque aconteceu aquilo que a gente pediu. A demissão do Pedro Parente é o reconhecimento de que a gente estava certo de que ele estava colocando a sua gestão a responsabilidade desta política de preços inconcebível que foi tratado com o dólar e com o preço do barril”, comentou.

    Enquanto se salda externamente os papéis da Petrobras, o povo sofre com seguidos aumentos dos combustíveis e que deram origem a toda esta mobilização e manifestação que nós vimos. O PSB está muito fechado nisso e não adianta agora o Parente sair e indicar algum preposto para continuar com esta política. Ou muda a postura depois que caiu o Parente, ou vai cair o Temer também”, complementou.

     

    PSDB

    Parente, filiado ao PSDB, descartou deixar a presidência da Petrobras na época em que o PSDB decidiu sair da base de apoio do governo do presidente Temer no final de 2017. Mas nem por isso sofreu qualquer sanção ou penalidade das instâncias partidárias tucanas. Ele continuava a ser um “homem” do PSDB no governo.

    Parente já tinha sido o rosto que levava consigo a responsabilidade pelo apagão elétrico que o Brasil sofreu no início dos anos 2000 no final do governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Agora ele sai de cena sendo o “grande culpado” do caos instalado a partir das manifestações promovidas pelos caminhoneiros que literalmente pararam o Brasil.

     

    “Grande executivo”

    Falando como líder dos tucanos na Câmara, o deputado Nilson Leitão (PSDB-MT) – ex-presidente da bancada ruralista – lamentou a saída de Parente da Petrobras. Aproveitou a oportunidade para atacar a gestão petista que segundo ele durante o governo da ex-presidente Dilma Rousseff “quebrou” a empresa.

    Em entrevista a reportagem do Estadão, Leitão afirmou que admira o “grande executivo” que é Parente. “Ele tinha uma ideia fixa de como recuperar a Petrobras depois da estatal ter ficado destruída com o governo Dilma, o que já estava acontecendo”, falou.

    Agora precisa ser nomeado alguém de carreira da Petrobras, com formação técnica, que traga segurança para a política da Petrobras e para a sociedade. A situação como está é muito mais pelos impostos do que pela política de preços da estatal”, complementou o líder dos tucanos.

     

    “Crime de lesa-pátria”

    Os líderes do PT e do PCdoB também se pronunciaram sobre a queda de Parente. Para o líder petista na Câmara, Paulo Pimenta (PT-RS), a demissão do ex-gestor tucano da Petrobras deveria ser classificada e justificada como “crime de lesa-pátria”.

    Ainda não podemos dimensionar o estrago que este indivíduo causou ao Brasil. Esperamos que a política nefasta de reajustes tenha sido demitida junto com Pedro Parente. Não abriremos mão de processá-lo por seus atos. Comemoremos esta vitória dos trabalhadores, mas sigamos lutando”, exclamou.

    Já para líder dos deputados PCdoB, Orlando Silva, a demissão de Pedro Parente era “inevitável”. “A crise que o país mergulhou é consequência da política de preços da Petrobras que elevou o preço dos combustíveis à estratosfera”, se pronunciou.

    A queda dele é o primeiro passo para que essa política seja revista e o plano de desinvestimento também, porque esse plano elimina a possibilidade de o Brasil, a médio prazo, voltar a ser um grande produtor de combustível. Por isso era mais que necessária a demissão de Parente”, finalizou.

     

    Demissão "inoportuna"

    Por fim o deputado Rodrigo Garcia (DEM-SP) que lidera os seus colegas de partido na Câmara avaliou como “inoportuna” o pedido de demissão de Pedro Parente. O parlamentar do ex-PFL paulista é a favor da manutenção da atual política de preços que a Petrobras.

    Considero inoportuno o pedido de demissão de Pedro Parente, visto que a política de preços está, até o momento, mantida e o governo recorreu a outros caminhos para minimizar o impacto de preços”, falou.

    Sua saída não ajuda neste momento de turbulência. Suas conquistas devem ser preservadas”.

     

    BRF

    Ligado aos grandes grupos empresariais do País e do exterior, o agora ex-presidente da Petrobras não corre risco de se juntar aos quase 15 milhões de brasileiros desempregados. Na segunda-feira, 04 de junho, ele deverá assumir a presidência do conglomerado Brasil Foods (BRF) formado pelas empresas Sadia e Petrobras.

    Nota importante de salientar é que a saída de Parente da Petrobras levou o pregão do dia na Bolsa de Valores de São Paulo ser suspenso e encerrado, com as ações da estatal chegando a cair 15%. Em compensação, boa parte dos investidores que abandonaram as ações da Petrobras correram para comprar as ações da BRF, após as especulações que se concretizaram no anúncio dele na gigante de alimentos.

     

    Novo gestor

    Num rápido pronunciamento feito no início da noite, o presidente Michel Temer comunicou que o novo gestor da estatal será o atual diretor-financeiro da empresa, Ivan Monteiro, e que não haverá mudanças na política de preços praticadas pela estatal.

    Monteiro, funcionário de carreira do Banco do Brasil, chegou a Petrobras com o colega de instituição Aldemir Bendine, em 2015, ainda no governo da presidente Dilma. Apesar da saída de Bendine desde o início do governo Temer, Monteiro foi mantido no cargo.

    A escolha de Ivan Monteiro foi elogiada pelo líder do DEM. “A escolha de Ivan Monteiro na presidência da Petrobras reafirma a independência da empresa e deixa claro que a Petrobras está blindada de interferência Política. O que é bom para Brasil”, afirmou Rodrigo Garcia.


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