Relatório de Política Monetária do 4º trimestre marcado por elevada incerteza, “exige cautela na condução da política monetária”; Veja a íntegra do documento
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(Brasília-DF, 18/12/2025). Na manhã desta quinta-feira, 18, o Banco Central divulgou o seu o Relatório de Política Monetária do quarto trimestre de 2025. Veja a íntegra do relatório AQUI.
O ambiente externo ainda se mantém incerto em função da conjuntura e da política econômica nos Estados Unidos da América (EUA), com reflexos nas condições financeiras globais. Adicionalmente, os riscos de longo prazo, como a precificação apropriada de fundamentos e o aumento de gastos fiscais em diversas economias, também continuam presentes. Tal cenário exige cautela por parte de países emergentes, em ambiente marcado por tensão geopolítica.
No cenário doméstico, a atividade econômica segue em trajetória de moderação no crescimento, enquanto o mercado de trabalho mostra resiliência. O Produto Interno Bruto (PIB) avançou 0,1% no terceiro trimestre, ritmo menor que o observado no início do ano, com desaceleração mais pronunciada pelo lado da demanda, sobretudo no consumo das famílias. O mercado de trabalho permanece aquecido, com desemprego baixo e rendimento real em alta, embora se observem sinais de arrefecimento da ocupação. A estimativa de crescimento do PIB para 2025 foi revisada de 2,0% para 2,3%, refletindo revisões das séries históricas, enquanto a projeção para 2026 passou de 1,5% para 1,6%.
A inflação corrente e as expectativas de inflação recuaram desde o Relatório anterior, mas permanecem acima da meta de 3%. Acumulada em doze meses, a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) recuou de 5,13% em agosto para 4,46% em novembro. A inflação do trimestre encerrado em novembro ficou 0,32 p.p. abaixo do cenário apresentado no Relatório anterior, com surpresas concentradas em alimentação no domicílio e, em menor magnitude, em bens industriais e serviços. Embora tenham recuado para 2025 e, em menor grau, para os anos seguintes, as expectativas de inflação, segundo o relatório Focus, permaneceram desancoradas, mantendo-se acima da meta em todos os horizontes coletados.
Nas projeções do cenário de referência, a inflação segue em movimento de queda, mas permanece acima da meta até o final de 2027. Nesse cenário, que utiliza taxa Selic da pesquisa Focus e taxa de câmbio seguindo a Paridade do Poder de Compra (PPC), após permanecer na faixa de 5,2%-5,5% nos três primeiros trimestres de 2025, a inflação acumulada em quatro trimestres cai para 4,4% no final do ano, 3,5% em 2026 e 3,0% no último período considerado, referente ao segundo trimestre de 2028. No horizonte relevante de política monetária, ou seja, o segundo trimestre de 2027, a inflação projetada é 3,2%. As projeções de inflação representam a visão do Copom e são condicionais em um conjunto de variáveis, como as trajetórias da taxa Selic oriunda da pesquisa Focus e da taxa de câmbio baseada na teoria da PPC. Neste Relatório, utiliza-se o conjunto de informações disponíveis até a 275ª reunião do Copom, realizada em 9 e 10.12.2025.
Na comparação com o Relatório anterior, as projeções de inflação caíram. No horizonte relevante de política monetária, considerado como sendo o segundo trimestre de 2027, a projeção reduziu-se em 0,2 p.p. Entre os fatores que contribuem para a queda das projeções, destacam-se o comportamento mais favorável da inflação de curto prazo, a melhora das expectativas de inflação e a queda no preço de combustíveis associada a dólar e petróleo mais baratos. Por outro lado, contribuiu para cima uma projeção ligeiramente mais alta do hiato. Em sua reunião mais recente (275ª reunião), o Copom comunicou:
O Comitê segue acompanhando os anúncios referentes à imposição de tarifas comerciais pelos EUA ao Brasil, e como os desenvolvimentos da política fiscal doméstica impactam a política monetária e os ativos financeiros, reforçando a postura de cautela em cenário de maior incerteza. O cenário segue sendo marcado por expectativas desancoradas, projeções de inflação elevadas, resiliência na atividade econômica e pressões no mercado de trabalho. Para assegurar a convergência da inflação à meta em ambiente de expectativas desancoradas, exige-se uma política monetária em patamar significativamente contracionista por período bastante prolongado.
O Copom decidiu manter a taxa básica de juros em 15,00% a.a., e entende que essa decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante. Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego.
O cenário atual, marcado por elevada incerteza, exige cautela na condução da política monetária. O Comitê avalia que a estratégia em curso, de manutenção do nível corrente da taxa de juros por período bastante prolongado, é adequada para assegurar a convergência da inflação à meta. O Comitê enfatiza que seguirá vigilante, que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e que, como usual, não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso julgue apropriado
( da redação com informações do BC. Edição: Política Real)