Fernando Haddad diz que o texto aprovado pela Câmara asfixia a PF no seu melhor momento de ação contra o Crime Organizado
"Então, é uma situação muito delicada. Nós temos que reforçar o Ministério Público, a COAF, a Polícia Federal e a Receita Federal, o Ministério Público inclusive estadual, para combater o crime organizado e não asfixiar a Polícia Federal", disse
Publicado em
(Brasília-DF, 19/11/2025) Nesta quarta-feira, 19, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ao falar aos jornalistas à porta do bloco em que fica a sede de sua pasta falou muito sobre a decisão da Câmara em aprovar o PL Antifacção a partir do substitutivo do deputado Guilherme Derrite (Progressistas-SP). Ele disse que a proposta enfraquece a Polícia Federal no melhor momento de ação da PF contra o crime organizado.
Ele listou diversos projetos que estão na Câmara e que tratam do enfrentamento do crime organizado, que não seguem adiante, numa clara crítica ao deputado Hugo Motta (Republicanos-PB)
“Então, nós estamos aqui sob a batuta do ministro Lewandowski, que tem feito, com todo o seu conhecimento jurídico, tem feito um combate ao crime organizado, mandou uma PEC, nem relator do Devedor Contumaz ainda foi destacado, designado.”, disse.
Haddad disse que o projeto de Derrite enfrenta a PL e a asfixia no melhor momento da PF contra o crime organizado:
“Objetivamente esse projeto asfixia financeiramente, não o crime organizado, asfixia financeiramente a Polícia Federal.
Não é aceitável num momento auspicioso da Polícia Federal. A Polícia Federal está no seu melhor momento de combate ao crime organizado, com três operações em menos de 120 dias.”, disse.
Veja a íntegra da fala de Fernando Haddad aos jornalistas, hoje, 19:
Fernando Haddad: A máfia dos combustíveis no Rio de Janeiro, e agora aqui em Brasília, a questão da fraude no sistema financeiro, essas operações vão ser enfraquecidas com esse projeto, que, repito, asfixia financeiramente a Polícia Federal e não o crime organizado.
Jornalistas: Ministro, mas como que o senhor mudaria, que o próprio líder do Deputado Lindbergh falou, olha, quando o texto for para o Senado, a gente vai tentar voltar o texto original elaborado pelo Deputado Lindbergh...
Fernando Haddad: Então, nós estamos aqui sob a batuta do ministro Lewandowski, que tem feito, com todo o seu conhecimento jurídico, tem feito um combate ao crime organizado, mandou uma PEC, nem relator do Devedor Contumaz ainda foi destacado, designado. A PEC da Segurança Pública tem relator, mas não tem data ainda para votar.
E é uma PEC importante porque integra os órgãos de combate ao crime organizado e os órgãos de suporte ao combate ao crime organizado, que é justamente a Receita Federal e a COAF. Então é uma integração. Então, nós precisamos sensibilizar a opinião pública.
Vocês viram as fraudes que foram apuradas com fundos de pensão, sobretudo no Rio de Janeiro. 25% do fundo de pensão dos servidores públicos do Rio de Janeiro comprometidos. Um quarto da poupança da vida de uma pessoa comprometida com a compra de títulos sem lastro.
Então, é uma situação muito delicada. Nós temos que reforçar o Ministério Público, a COAF, a Polícia Federal e a Receita Federal, o Ministério Público inclusive estadual, para combater o crime organizado e não asfixiar a Polícia Federal, tirando o dinheiro da Polícia Federal no momento da sua maior atuação contra o crime organizado. São três operações em quantos dias? De agosto pra cá? Três grandes, as maiores operações de combate ao crime organizado? De agosto pra cá.
Agosto, setembro, outubro, novembro. Em menos de quatro meses nós conseguimos começar a desbaratar quatro grandes esquemas de corrupção, crime organizado, lavagem de dinheiro. Nós não podemos deixar essas operações serem enfraquecidas por um relatório açodadamente votado, sem que os especialistas fossem ouvidos, sem que os órgãos fossem ouvidos, adequadamente, à luz do dia, em audiência pública, para que todo mundo tenha conhecimento do que aconteceu.
Então eu estou aqui, nessa condição de Ministro da Fazenda, repito, eu respondo pela aduana, eu não posso aceitar que a autoridade da aduana seja enfraquecida num momento tão importante do combate ao crime organizado.
Jornalista: Você acredita que utilizaram o tema pra politizar e desgastar a imagem...
Fernando Haddad: Eu não vou fazer avaliação subjetiva, eu estou falando objetivamente. Objetivamente esse projeto asfixia financeiramente, não o crime organizado, asfixia financeiramente a Polícia Federal.
Não é aceitável num momento auspicioso da Polícia Federal. A Polícia Federal está no seu melhor momento de combate ao crime organizado, com três operações em menos de 120 dias. Então, é uma coisa muito séria, um país que precisa pegar o andar de cima, porque senão você repõe mão de obra barata pro crime organizado e você continua vulnerabilizando as comunidades por causa do dinheiro que ceifa vidas das comunidades, transtorna a vida das pessoas, do trabalhador.
E se a gente não asfixiar o crime, você vai asfixiar a Polícia Federal?
Jornalista: Você chegou a conversar com o presidente depois da aprovação ontem à noite?
Fernando Haddad: Não, não cheguei porque ele foi pra Belém, mas eu vou viajar com ele pra África do Sul e nós vamos poder conversar sobre essa questão da Aduana. Essa questão é muito séria. Nós estamos com cinco navios de 250 milhões de litros de combustível apreendidos no Rio de Janeiro, vocês acompanharam.
O fiel depositário desse combustível é a Petrobras, pra não dar munição pro bandido. Justamente a Petrobras recebeu com determinação judicial esse combustível pra ser fiel depositário. Agora, você vai complicar o perdimento pra abrir brechas pro bandido atuar ao invés de fortalecer os órgãos que estão combatendo a corrupção e o crime organizado? É uma contradição que nós temos que resolver, tá bem? Obrigado.
( da redação com informações de IA. Edição: Política Real)