COP30: CNI lança estudo com 24 ações para viabilizar a nova meta global de financiamento climático
Apesar dos aportes globais venham crescendo, o estudo mostra desigualdades no acesso aos recursos
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(Brasília-DF, 13/11/2025). Nesta quinta-feira, 13, foi apresentado estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI), que elenca 24 ações para viabilizar a nova meta global de financiamento climático (NCQG). O compromisso, aprovado na COP29 em Baku (Azerbaijão), prevê mobilizar US$ 300 bilhões por ano até 2035, com possibilidade de chegar a US$ 1,3 trilhão por ano a partir de fontes públicas, privadas, bilaterais e multilaterais.
O levantamento “Nova arquitetura do financiamento climático: mobilização de recursos para a mitigação e adaptação” defende a reforma da arquitetura financeira internacional, com instrumentos mais atrativos, acessíveis e de menor custo de capital. Também recomenda o fortalecimento de políticas públicas e mecanismos nacionais, como a Política Nacional sobre Mudança do Clima, o Plano Clima e o programa Eco Invest Brasil.
“Para alcançar escala e impacto no financiamento climático, é preciso repensar o sistema financeiro internacional e fortalecer mecanismos que atraiam o setor privado. A CNI acredita que o fortalecimento do financiamento climático é condição essencial para a implementação efetiva das Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs), para a transição em direção a uma economia de baixo carbono e para a promoção de um desenvolvimento resiliente e inclusivo”, afirma Roberto Muniz, diretor de Relações Institucionais da CNI.
Apesar dos aportes globais venham crescendo, o estudo mostra desigualdades no acesso aos recursos. Em 2021-2022, o financiamento climático global atingiu uma média anual de US$ 1,3 trilhão – aumento de 63% em relação ao biênio anterior. No entanto, a maioria dos fluxos (89%) foi destinada à mitigação, com apenas 11% voltados à adaptação. Além disso, países menos desenvolvidos e pequenos estados insulares receberam, respectivamente, apenas 2,6% e 1% do total mobilizado.
Entre os principais entraves estão o alto custo do capital, a volatilidade cambial, o espaço fiscal limitado e a ausência de incentivos concretos para projetos climáticos, especialmente nos países em desenvolvimento.
Para enfrentar esses desafios e promover maior equidade na distribuição dos recursos, a CNI estruturou 24 ações, organizadas em 11 temas prioritários. As medidas vão desde o aprimoramento de políticas climáticas nacionais até a criação de arranjos inovadores de garantia e incentivo à participação privada.
Brasil
Além de propor ações estratégicas, o estudo destaca oportunidades para o Brasil no novo cenário global. Neste ano, o Fundo Clima conta com orçamento recorde de R$ 21,2 bilhões, representando uma janela importante para financiar projetos nacionais.
No cenário internacional, o país já acessa recursos do Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF), com alocação de US$ 79,83 milhões no atual ciclo, e do Fundo Verde para o Clima (GCF), que soma US$ 12,8 bilhões mobilizados globalmente.
Outra possibilidade é o fundo Alterra, lançado na COP28, em Dubai, com aporte inicial de US$ 30 bilhões. O Alterra prioriza projetos de inovação tecnológica e soluções sustentáveis voltadas à transição para uma economia de baixo carbono, com foco em startups e iniciativas escaláveis em áreas como transição energética, descarbonização industrial, economia circular e tecnologias limpas, especialmente em países emergentes como o Brasil.
Para a CNI, o sucesso da nova meta global dependerá da criação de ambientes regulatórios favoráveis, de instrumentos financeiros eficazes e, sobretudo, de incentivos concretos à mobilização do setor privado. “É esse o caminho que permitirá transformar metas ambiciosas em ações reais de impacto global”, aponta Davi Bomtempo, superintendente de Meio Ambiente e Sustentabilidade da CNI.
(da redação com informações da Ag. CNI. Edição: Política Real)