Cúpula da Celac, que reúne latinos americanos e europeus, não deverá receber a maioria dos líderes, mas Lula e Pedro Sanchez vão marcar presença
Evento será na colombiana Santa Maria
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Com agências
(Brasília-DF, 09/11/2025). Neste domingo, 9 de novembro, vai se realizar na cidade colombiana de Santa Marta a 4ª Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e da União Europeia (UE). O evento tem o propósito oficial de projetar um novo modelo de integração num momento delicado da política internacional.
Na prática, o encontro entre os 33 países da Celac e os 27 da UE é marcado pela ausência da maioria dos líderes de ambos os lados e terá como pano de fundo as tensões entre alguns líderes latino-americanos e os Estados Unidos por causa da presença naval americana no Caribe e o afundamento de embarcações supostamente carregadas com drogas, nos quais morreram mais de 70 pessoas.
O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, anfitrião do evento, denunciou dias antes a pressão dos EUA contra a participação na cúpula. Washington retirou a certificação da Colômbia como aliada na luta contra as drogas e impôs sanções econômicas a Petro, argumentando que ele não está fazendo o suficiente para combater o narcotráfico.
Para o cientista político afirma Alberto Rizzi, as ausências são um "claro sinal diplomático, motivado principalmente pelo desejo de evitar uma escalada de tensões" com o presidente dos EUA, Donald Trump.
Trump declarou guerra aos supostos narcotraficantes que partem em barcos de portos do Caribe e do Pacífico, a quem culpa pelo crescente consumo de drogas nos Estados Unidos. Petro critica os ataques às embarcações.
Com Lula e Sánchez
O chefe do governo espanhol, Pedro Sánchez, é, junto com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, um dos poucos líderes de peso que estarão na cúpula. Lula é um aliado próximo de Petro e um dos interlocutores mais importantes da região com a Europa.
Sánchez não fez declarações ao chegar na sexta-feira à noite a Santa Marta, mas em Belém, onde participou da COP30, destacou que este é o momento de "construir pontes, reforçar nossa agenda bilateral com um continente que nos é muito próximo do ponto de vista cultural e histórico, e também econômico e comercial".
Da mesma forma, confiou que em breve será possível culminar o acordo entre a União Europeia e o Mercosul para forjar o que disse que será a área de livre comércio mais importante do mundo.
A cúpula será copresidida por Petro, na qualidade de anfitrião, e pelo presidente do Conselho Europeu, António Costa.
Com eles estarão também os primeiros-ministros de Portugal, Luís Montenegro, da Finlândia, Petteri Orpo, da Holanda, Dich Schoof, e da Croácia, Andrej Plenkovic, pelo lado europeu.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, cancelou de última hora sua participação, assim como o presidente uruguaio, Yamandú Orsi, entre outros líderes da região. O chanceler federal alemão, Friedrich Merz, também não estará presente.
Sem grandes acordos
A cúpula está programada para ocorrer neste domingo e na segunda-feira, mas fontes oficiais disseram à agência de notícias Efe que as equipes negociadoras dos dois blocos estão procurando deixar pronta já neste domingo a Declaração de Santa Marta, com as decisões mais importantes do encontro, o que poderia levar a um término antecipado da reunião.
Especialistas não esperam grandes acordos desta cúpula, mas enfatizam que ela poderá impulsionar o muito debatido acordo comercial entre a UE e o Mercosul.
Apesar das divergências em questões como a guerra na Ucrânia, que a Celac não condenou oficialmente, a América Latina e a Europa são aliadas fundamentais na troca de tecnologias e em matérias-primas.
(da redação com informações de DW, AFP e EFE. Edição: Politica Real)