31 de julho de 2025
ORÇAMENTO

Fernando Haddad após ser criticado por defender que o Copom baixasse a taxa Selic, hoje, disse que existe preconceito no Brasil de se discutir economia

Veja a íntegra da conversa com os ministros

Por Política Real
Publicado em
Fernando Haddad falou com os jornalistas Foto: Arquivo da Política Real

(Brasília-DF, 05/11/2025) O ministro Fernando Haddad, da Fazenda, ao chegar a sede da pasta, na Esplanada dos Ministérios, falou, como é de hábito, com os jornalistas. Ele falou sobre as decisões desta semana do Congresso e das que estão em pauta, inclusive sobre a votação do PL da Isenção do IR que será votada na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado em que foram incluídos pontos da MP 1303/25 que não foi apreciada pela Câmara dos Deputados.

Ele disse que existe um tabu de se discutir no Brasil questões econômicas e que ele apoia e respeita do Banco Central. Hoje, o Comitê de Política Monetária do Banco Central irá decidir sobre a Taxa Selic e se dá como certa a manutenção da taxa em 15%. Ontem, em evento de agência de notícias ele disse que se estivesse no BC baixaria a taxa Selic e foi criticado por agentes do Mercado.

“E na minha opinião, ontem mesmo já me manifestei sobre isso, acho que o Banco Central tem o mandato dele, eu respeito institucionalmente os diretores e vamos ver como é que as coisas acontecem. Mas a minha opinião, eu me sinto no direito e até na obrigação de emitir.”, disse.

Veja a íntegra da conversa com os jornalistas:

Jornalistas:  Ministro, bom dia, tudo bom? Por favor, ministro. O governo editou hoje uma nova medida provisória mudando as regras do seguro-defesa, inclusive com uma limitação muito clara de que a despesa este ano vai ficar limitada a 7,35 bi e a partir do ano que vem ela cresce de acordo com as regras do arcabouço.

Tem uma estimativa de economia com isso? É a mesma coisa que estava prevista no MP1303?

Fernando Haddad: Primeiro, a coisa mais importante da MP, inclusive do Ministério do Trabalho, é a mudança da governança do programa. O programa precisa de uma governança em virtude dos cadastros. Precisa melhorar os cadastros.

O Ministério do Trabalho tem uma competência já reconhecida nessa direção. Então, nós estamos trazendo para dentro do arcabouço fiscal as regras de evolução dessa despesa e nós entendemos que o recurso disponível é mais do que suficiente para atender absolutamente todos os beneficiários do programa. Não tem ninguém que vai ficar de fora.

Jornalistas: Bom, e sobre esse projeto que foi apresentado pelo senador Renan junto com o parecer dele da isenção do Imposto de Renda, que é basicamente o que tinha na MP1303?  A suspensão de Bets, Fintechs?

Fernando Haddad:  Eu tive uma reunião com o senador Renan e isso foi uma decisão do mandato do senador que entendia que, depois da audiência pública que nós tivemos com ele lá no Senado, ele entendia como correta a orientação do governo em relação a Beds, bancos e bilionários e achou por bem reapresentar para CAE, uma vez que não tinha passado pelo Senado, essa propositura. Agora, eu vou conversar com os senadores hoje, tanto com o presidente quanto com o relator, para saber como é que eles pretendem encaminhar.

Jornalistas:  O senhor acredita que passa hoje? Porque o presidente Davi não...

Fernando Haddad: Eu não sei porque eu não conversei com o presidente Davi ainda.

Eu vou conversar com ele, como teve o episódio da Câmara, nós temos que encontrar um caminho. Mas enfim, ali é mais uma questão de justiça tributária do que propriamente de resultado fiscal. Porque realmente está desbalanceada a tributação desses super ricos, vamos dizer assim.

Jornalistas: Ministro, hoje o Comitê de Política Monetária do Banco Central vai divulgar a taxa básica de juros. A expectativa é sem maiores novidades, mantendo-a em 15% ao ano.  Qual é a sua avaliação com relação, mais uma vez, a essa taxa e como o senhor pode mudar esse quadro econômico?

Fernando Haddad:  As pessoas conhecem a minha opinião sobre isso e, às vezes, ao contrário do resto do mundo, onde esse tipo de debate é feito com muita tranquilidade, aqui no Brasil o debate não é bem recebido, como se fosse um tabu conversar sobre economia.

E na minha opinião, ontem mesmo já me manifestei sobre isso, acho que o Banco Central tem o mandato dele, eu respeito institucionalmente os diretores e vamos ver como é que as coisas acontecem. Mas a minha opinião, eu me sinto no direito e até na obrigação de emitir. Sempre lembrando que, do ponto de vista institucional, o respeito, tanto de um lado como de outro, é normal.

Jornalistas: Ministro, em relação à MP do Seguro Defeso, o que o governo vai fazer para evitar que ela caduque? E como aconteceu com a MP 303?

Fernando Haddad:  Olha, na verdade, no caso, não sendo matéria tributária, essa MP nem passou por aqui, só para te deixar claro isso. É uma MP de reorganização de um programa social. Mas em se tratando disso, se ela caducar o ano que vem, e se isso acontecer o ano que vem, o governo não está autorizado a editar a mesma medida provisória.

Não tem nenhum obstáculo a uma reedição. Mas eu acredito que a formulação que foi feita vai ser bem recebida pelo Congresso.

Porqu esse trecho do Seguro Defesa já tinha sido tirado daquele projeto que foi relatado pelo Juscelino Filho.

Jornalistas: O que o sr avalia que vai ser diferente agora? Teve muitas mudanças em relação ao que estava no projeto?

Teve mudanças, sobretudo na questão da governança do programa, que é quem que vai organizar o cadastro do programa. Mas era bom falar com as outras pastas que formularam essa proposta. Eu tomei conhecimento dela ontem, em virtude de uma necessidade de reorganização do programa.

Jornalista: Mas tem uma estimativa de algum corte de gasto efetivo com essa medida, ministro?

A questão não é de corte, a questão é de ordenação da evolução da despesa.

Jornalista: Quer dizer redução do crescimento do programa?

Fernando Haddad: Exatamente. Você controla o crescimento forçando a uma melhoria do cadastramento do programa.

Isso é o objetivo desde o começo.

Jornalistas: Nessa semana o Congresso aprovou medidas que aumentam despesas. No caso do Ministério da Defesa, você que vai ficar uma parte fora do arcabouço fiscal. E também ontem à noite, aumento de salários para o Poder Judiciário. Isso vai impactar nas contas?

Fernando Haddad: Olha, eu não trato da questão do Judiciário aqui, porque eles têm um orçamento próprio que segue a lógica do arcabouço fiscal. E eu acredito que não tenha havido, da parte do Congresso, a excepcionalização dessa regra.

Que vale para o judiciário também.

Jornalistas:  Em relação ao LDO, tem alguma novidade? Porque o senador Efraim está dizendo que depende do governo. Eu queria saber qual é a análise?

Fernando Haddad:  Não... depende do Congresso. Nós estamos esperando votar o que falta votar. Que é o corte linear que foi proposto pelo Congresso para o Presidente da República.

Eu quero enfatizar isso. Aquele corte linear de gasto tributário foi proposto pelos dois presidentes na mesa do Presidente da República. Então, está dependendo disso.

Mas eu não vejo no horizonte necessidade. Eu acredito que depois de feito o balanço de tudo, os orçamentos do vão ser voltados normalmente.

Jornalistas: Então falta para votar? Faltaria esse projeto que está sendo relatado pelo Juscelino?

Fernando Haddad: Falta o que está no Senado.  O que o Juscelino relatou está no Senado. Parece que vai bem lá no Senado, sem problema. E o que está com o Mauro Benevides.

Jornalistas:  Então não leva em consideração aquele projeto que está na CAE que trata da tributação de fintechs e bets?

Fernando Haddad:  Aquilo é muito pequeno. É um impacto muito pequeno dentro do orçamento para causar turbulência na peça orçamentária. Não é disso que se trata.

Jornalistas: Então, não está mais contando com a arrecadação das bets? Aumento?

Fernando Haddad:  Estou porque, está no orçamento. Eu vou ter que fazer um ajuste pequeno no orçamento. Mas ele é pequeno, ele não tem expressão significativa.

Jornalistas: Tem um valor estimado já? Daquele projeto? É, do projeto de fintechs e bets?

Fernando Haddad: Aquilo é menos de R$ 5 bilhões.

Jornalistas:  Ministro, colocaram mais R$ 5 bilhões para fora dos limites do arcabouço para gastos em defesa. Não seria uma sinalização ruim, ministro, já tem muita gente reclamando que tem muita coisa fora.

Fernando Haddad: Não tem nada fora. Isso que é curioso.

Porque vocês insistem com uma coisa que o pé de meia... O precatório é fruto de um calote, não é culpa do governo. Não sei, mas está fora. O pé de meia está 100% dentro do arcabouço.

Nós refizemos o programa do Vale Gás para estar completamente dentro do arcabouço. Não tem mais nada fora do arcabouço. Agora, tem decisões do congresso que eu tenho que receber.

Dependendo do mérito, eu tenho que endereçar uma peça orçamentária. O limite é a democracia. Quando a democracia estabelece uma regra que não passou pela Fazenda, e se for validada, foi muito bem recebido pelo congresso esse apoio às Forças Armadas em função da questão geopolítica, eu tenho que conversar com os parlamentares sobre isso, que é o que eu estou falando.

( da redação com informações de assessoria. Edição: Política Real)