31 de julho de 2025
BRASIL/ESTADOS UNDOS

“Logo, logo não haverá problema entre Estados Unidos e Brasil”, disse Lula em fala aos jornalistas; Lula disse que as questões de sanções as autoridades serão tratadas só entre ele e Donald Trump, sem intermediários

Lula disse que a Ideologia não atrapalha

Por Politica Real com agências
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Lula fala em coletiva sobre conversa com Trump Foto: Ricardo Stuckert

Com agências

(Brasília-DF, 27/10/2025) Na madrugada desta segunda-feira, 27, no Brasil, lá em Kuala Lampur, na Malásia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, falou com a imprensa sobre o encontro que teve com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, nesse domingo,26.   Lula disse que haverá uma solução breve com vista ao tarifaço imposto pelos Estados Unidos ao Brasil com uma normalidade nas relações entre os dois países.

“Logo, logo não haverá problema entre Estados Unidos e Brasil. O que interessa numa mesa de negociação é o futuro, é o que você vai negociar para frente. A gente não quer confusão, a gente quer negociação. A gente não quer demora, quer resultado”, resumiu Lula, em conversa com jornalistas na reta final de sua passagem pelo leste asiático.

Ideologia não atrapalha

Lula reforçou que questões ideológicas não serão empecilhos para que as tratativas avancem para um desfecho favorável aos dois países.

“Fiz questão de dizer ao presidente Trump que o fato de termos posições ideológicas diferentes não impede que dois chefes de Estado tratem a relação com muito respeito. Eu o respeito porque ele foi eleito presidente dos Estados Unidos pelo voto democrático do povo americano e ele me respeita porque fui eleito pelo voto democrático do povo brasileiro. Com isso colocado na mesa, tudo fica mais fácil”, ponderou.

Negociações

Na manhã desta segunda-feira na Malásia, como desdobramento do encontro entre Lula e Trump no domingo ,26, o ministro Mauro Vieira (Relações Exteriores), acompanhado do secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Márcio Rosa, e do assessor especial da Presidência, embaixador Audo Faleiro, reuniram-se com o representante de comércio dos Estados Unidos e com o secretário do Tesouro.

Segundo Rosa, ficou acordado que as equipes dos dois países vão trabalhar para construir um acordo satisfatório para ambas as partes, com um cronograma de reuniões entre as equipes de negociadores com foco nos setores mais afetados pelas tarifas. “Hoje estamos num cenário muito mais positivo do que estávamos há alguns dias”, declarou.

Lula relatou que entregou a Donald Trump um documento que mostra com clareza o equívoco do argumento de que a balança comercial dos Estados Unidos com o Brasil era deficitária.

“Fiz questão de dizer a ele que eram infundadas as informações de que os Estados Unidos tinham déficit comercial com o Brasil. Nós provamos que houve superávit de 410 bilhões de dólares em 15 anos. Só no ano passado foram quase 22 bilhões de dólares de superávit para os Estados Unidos. Em todo o G20 só há três países em que os Estados Unidos são superavitários: Brasil, Reino Unido e Austrália”, reforçou Lula.

Sem contrapartidas

Lula explicou que ainda não houve, por parte dos norte-americanos, uma apresentação de potenciais contrapartidas para entrar numa mesa de negociação, mas enfatizou que não existem temas proibidos.

"Se ele quiser discutir a questão de minerais críticos, de terras raras, se quiser discutir etanol, açúcar, não tem problema. Eu sou uma metamorfose ambulante na mesa de negociação. Coloque o que quiser que eu estou disposto a discutir todo e qualquer assunto”.

Sem dependências

Lula também reforçou que o Brasil mantém a postura de ampliar a rede de comércio exterior do país com o maior número de nações amigas possíveis, numa postura de aposta no livre-comércio e no multilateralismo. "Não temos preferência. Quero continuar tendo uma belíssima relação com a China, com os Estados Unidos, com a União Europeia, porque é importante lembrar que, depois de 22 anos, vamos em dezembro fazer o acordo União Europeia e Mercosul. E também estamos fazendo acordo para a Indonésia com o Mercosul, para a Malásia, para a ASEAN. O nosso negócio é fazer negócio.

Washington ou Brasilia

Segundo o líder brasileiro, a possibilidade de um novo encontro entre ele e Trump não está descartada.

“Ele me disse que está com vontade de ir ao Brasil, eu disse que estou à disposição para ir a Washington, porque se tem uma coisa que aprendi a fazer na vida foi negociação. Vamos à estaca zero e voltar para o seguinte: aonde queremos chegar? Se houver a disposição do presidente Trump, como ele disse que tem de fazer um bom acordo com o Brasil, temos toda a intenção de fazer um bom acordo, não haverá problema para a relação entre as duas maiores democracias do Ocidente”.

Lei Magnitsky,

Lula também citou a Lei Magnitsky, utilizada pelos Estados Unidos para impor sanções a autoridades estrangeiras. Segundo o presidente, a aplicação em relação a ministros do Supremo Tribunal Federal é “injusta”, uma vez que “respeitou-se o devido processo legal e não houve nenhuma perseguição”.

Na entrevista coletiva, Lula disse que questões políticas entre Brasil e Estados Unidos - incluindo as sanções aos ministros - serão tratadas apenas por ele e por Trump, ao passo que assessores dos dois governos negociarão temas comerciais, como as tarifas a produtos brasileiros.

Lula disse ainda ter defendido na reunião com Trump a legitimidade do julgamento no STF que condenou Bolsonaro a 27 anos e 3 meses de prisão por golpe de Estado e outros crimes. O americano já fez várias críticas ao julgamento e o usou como um dos argumentos para aplicar as tarifas de 50% contra o Brasil.

"Eu disse que foi um julgamento muito sério, com provas contundentes", afirmou Lula.

Referindo-se a Bolsonaro, Lula disse que Trump sabe que "rei morto, rei posto".

"Bolsonaro faz parte do passado da política brasileira. Eu disse [a Trump]: com três reuniões que você fizer comigo, vai perceber que Bolsonaro não era nada", disse o petista.

Lula disse que a reunião com Trump foi importante para que pudessem se conhecer pessoalmente.

"Quando você se conhece [por intermédio] das pessoas que falam, é mais difícil. Tem que sentir, pegar na mão, olhar, ver a reação da pessoa. Acho que houve sinceridade na nossa relação", afirmou.

( da redação com informações de agências. Edição: Política Real)