31 de julho de 2025
RUSSIA/UCRÂNIA

Depois que Trump aplicou sanções a petrolíferas russas, petróleo subiu cerca de 5%; sanções só começam a valer em novembro

Europeus também anunciam sanções contra a Rússia

Por Politica Real com agências
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Lukoil é uma gigante russa do petróleo Foto: The Moscou Times

 Com agências

(Brasília-DF,23/10/2025).  Nesta quinta-feira, 23, um dia após os  EUA anunciarem sanções às duas principais petrolíferas russas, Rosneft e Lukoil, em retaliação pela guerra na Ucrânia, o preço do petróleo subiu cerca de 5% e atingiu seu patamar mais elevado nas últimas duas semanas.

As sanções, que só devem entrar em vigor em 21 de novembro, podem reduzir a quantidade de petróleo disponível nos mercados globais, já que a Rússia é o segundo maior produtor do mundo de petróleo bruto, atrás somente dos EUA, segundo dados do governo americano.

O preço nos mercados futuros do petróleo brent subiu 2,91 dólares, um aumento de 4,7%, chegando a 65,50 dólares na manhã desta quinta. Já o petróleo intermediário do oeste texano (WTI) bruto teve alta de 2,89 dólares (4,9%), chegando a 61,39 dólares.

O ministro do petróleo do Kuwait, outra grande nação petrolífera, tranquilizou os mercados anunciando que os membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opec) estão prontos para cobrir qualquer demanda em caso de necessidade.

Reagindo ao anúncio das sanções, o presidente russo Vladimir Putin disse que a tentativa de restringir as exportações do petróleo de seu país vai desestabilizar os mercados e prejudicar os Estados Unidos, com a população sentindo o impacto da medida no bolso. "Uma redução brusca da quantidade do nosso petróleo que é enviada aos mercados globais vai levar à alta de preços", afirmou.

Efeitos na China e na Índia

As sanções já estariam surtindo efeito na China e Índia, dois grandes mercados de petróleo russo e cujas empresas agora correm o risco de serem excluídas do sistema bancário ocidental, segundo fontes citadas pela agência de notícias Reuters.

Grandes estatais chinesas teriam suspendido seus negócios. Na Índia, a expectativa é de que o mesmo ocorra. A empresa privada indiana Reliance Industries, principal compradora de petróleo bruto, estaria planejando reduzir ou suspender completamente essas importações.

Refinarias estatais também estão de sobreaviso, já que estima-se que a Rosneft e Lukoil respondam por cerca de 60% do petróleo comprado no país.

Antes, as duas empresas já estavam sob sanção do governo britânico. A União Europeia também havia aumentado a pressão sob o Kremlin ao banir as importações de gás natural liquefeito russo e acrescentar duas refinarias chinesas com capacidade de 600 mil barris por dia, além da Chinaoil Hong Kong, braço da PetroChina, à lista de empresas sancionadas por causa da guerra na Ucrânia.

O que as sanções significam na prática

O Tesouro americano deu a empresas compradoras de petróleo prazo até 21 de novembro para eliminar gradativamente suas transações com produtores russos, alegando  "falta de um comprometimento mais sério de Moscou com o processo de paz para acabar com a guerra na Ucrânia".

As sanções levaram ao congelamento de todos os bens da Rosneft e da Lukoil nos Estados Unidos, e proíbem todas as empresas americanas de fazerem negócios com elas, mas têm efeito global, já que empresas de fora dos EUA que comprarem das petrolíferas correm o risco de serem excluídas do sistema bancário, comercial e logístico americano, e também de ficarem sem seguradoras.

Rosneft e Lukoil produzem cerca de 55% do petróleo russo, segundo estimativas, e boa parte da Rosneft é controlada pelo governo russo.

Estas foram as primeiras sanções contra a Rússia tomadas pelo governo de Donald Trump desde o retorno dele à Casa Branca, em janeiro deste ano.

O texto afirma que colocar as empresas na lista punitiva deve prejudicar a capacidade da Rússia de arrecadar receitas para sua máquina de guerra, acrescentando que os EUA  estavam preparados para "tomar outras medidas, se necessário", a fim de pressionar pelo fim do conflito.

Antes do anúncio oficial, o secretário do Tesouro, Scott Bessent, disse que esta seria "uma das maiores sanções que já impusemos contra a Federação Russa".

O anúncio veio um dia após o fracasso de um possível novo encontro entre Trump e Putin em Budapeste, na Hungria, que havia sido pré-acordado em telefonema no dia 16 de outubro.

Na quarta-feira, no Salão Oval da Casa Branca, junto ao secretário-geral da Otan, Mark Rutte, Trump confirmou que havia cancelado a cúpula planejada com Putin, em mais um sinal do desgaste entre Washington e Moscou.

"Cancelamos a reunião com o presidente Putin. Não me parecia correto. Não parecia que iríamos chegar ao ponto em que precisávamos, então cancelei. Mas faremos isso no futuro", afirmou.

"Cessar-fogo imediato"

Trump adiou novas sanções durante meses, dizendo que esperava persuadir Putin a fechar um acordo de paz. Mas, aparentemente, a paciência do presidente americano se esgotou em seis dias, desde que falou com Putin por telefone, na última quinta-feira, escreveu o jornal britânico The Guardian.

"Agora é hora de parar com as mortes e fazer um cessar-fogo imediato. Dada a recusa do presidente Putin em acabar com essa guerra sem sentido, o Tesouro está sancionando as duas maiores empresas petrolíferas da Rússia, que financiam a máquina de guerra do Kremlin", divulgou Bessent no comunicado.

"O Tesouro está preparado para tomar outras medidas, se necessário, para apoiar os esforços do presidente Trump para acabar com mais uma guerra. Encorajamos nossos aliados a se juntarem a nós e aderirem a essas sanções", acrescentou.

Novas sanções também da UE

A União Europeia (UE) também anunciou novas sanções contra a Rússia na quarta-feira. Elas incluem a proibição da importação de gás natural liquefeito da Rússia até 2027, restrições à frota fantasma de petroleiros russos e a transações com criptomoedas, bem como de viagem para diplomatas russos. Cartões e sistemas de pagamento russos também serão proibidos no bloco.

A UE sancionou apenas a estatal Rosneft, mas não a Lukoil, que é privada, muito devido às isenções concedidas à Hungria e à Eslováquia, que compram petróleo russo.

O anúncio, no entanto, marca uma vitória para a Ucrânia e seus aliados europeus, que viam com preocupação Trump se aproximar de Putin. O presidente russo, por sua vez, argumenta que a única maneira de alcançar a paz seria por meio da cessão de território pela Ucrânia e do acordo em limitar suas parcerias militares e econômicas com a Europa e os EUA.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse que havia conversado com Bessent pouco antes do anúncio e elogiou as novas sanções.

"Com a iminente adoção do 19º pacote [de sanções] da UE, este é um sinal claro de ambos os lados do Atlântico, de que vamos manter a pressão coletiva sobre o agressor", afirmou.

( da redação com informações da DW. Edição: Política Real)