E o Brasil?!
Quem poderia imaginar que novamente Estados Unidos, Europa e Brasil voltam a ter uma oportunidade para se manterem unidos para definir o século 21 como foram decisivos para o século 20.
Publicado em
( reeditado)
(Brasília-DF) Dizem que o Diabo é sábio pois é velho! Em outubro de 2020, faltando um mês para a eleição presidencial para escolha do 59º chefe de Estado e Governo dos Estados Unidos, o jornal conservador “ The Financial Times” defendeu que o presidente Donald Trump não deveria ser reeleito.
Nas entrelinhas do artigo da bíblia conservador, ficava claro que a decisão de Trump de se afastar da Europa e por conseguinte do resto das Américas não era bom para o Mundo, que entendia que a China não deveria ser a protagonista do Planeta tão rápido assim. Só uma besta não notava que os conservadores não estavam irritados com Trump por conta de seus erros e devaneios da pós-verdade, mas por conta de seu equívoco histórico de romper o acordo que garantiu os bons anos do Século 20.
Donald Trump volta ao poder defendendo o petróleo, que foi o definidor do século 20, mas não é para o século 21. A China, diferente do tosco Trump, sabe que o petróleo do século 21 são os minerais críticos que estão nas terras raras.
A China sabia que Trump empreendia a guerra de tarifas, mas que não tinha como avançar sobre a China. A China tem 69% das terras-raras do mundo, processa 90% e é responsável pelo processamento de quase 99% das pesadas, controlando o fornecimento de imãs especializados e outros bens industriais vitais.
A decisão da China anunciada na sexta-feira de impor controle sobre vendas de minerais críticos e abrir um processo, simbólico, contra a gigante de semicondutores dos EUA, Qualcomm, por antitruste, é algo sem precedentes no Século 21. Talvez algo tão célebre quando das empresas inglesas e norte-americanas dominaram o Oriente Médio, ainda no Século 20. A Qualcomm produz e quer produzir mais chips para a Nvídia a grande empresa concorrente dos chineses na Inteligência Artificial.
Sabe onde está quase 40% do resto dos minerais críticos em terras raras do Mundo? No Brasil. Se se explorar, talvez, tenha mais. Não exploramos nada, em verdade.
Neste final de semana, dois ex-cônsules dos Estados Unidos no Brasil, no Rio e em São Paulo, James Story e Ricardo Zuñinga, hoje atuantes na empresa Dinâmicas América, em artigo no “O Globo”, destacaram a interlocução surgida entre os presidentes Donald Trump e Lula, começando em Nova York. Eles ressaltam a importância do Brasil neste momento fundamental para os dois países e para o Mundo.
“Brasil e Estados Unidos têm alternativas para promover seus interesses independentemente um do outro. Mas, neste momento de incerteza, uma parceria pragmática em torno dos minerais críticos representa uma oportunidade histórica para promover a a prosperidade e a competitividade nas próximas décadas em ambos os países.”, dizem, ao finalizar o artigo.
Os dois senhores não tem paixões. Só racionalidade. Quem poderia imaginar que novamente Estados Unidos, Europa e Brasil voltam a ter uma oportunidade para se manterem unidos para definir o século 21 como foram decisivos para o século 20.
O Brasil tem uma parceria contemporânea e estratégica com a China, mas tem uma amizade de 200 anos com os Estados Unidos que foi o primeiro país a reconhecer nossa independência.
O Brasil, quem poderia imaginar, vive um protagonismo que os norte americanos já viam lá atrás. Coisa que Donald Trump desconhecia. De fato, vivemos um momento único no Brasil que vai muito além da besta e fajuta polarização!
O presidente Lula, para horror de seus adversários e inimigos, já sabe disso!
Por Genésio Araújo Jr, jornalista
e-mail: [email protected]