31 de julho de 2025
OPINIÃO

Reforma Administrativa?

No Brasil, ser classe média, gostem ou não, era, é, ser servidor público.

Por Genésio Araújo Jr, jornalista.
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Nem sempre a cara do serviço público é da felicidade! Foto: Portal Único

(Brasília-DF) A vida não para, no mínimo circula. A do momento, depois da votação histórica da unanimidade, é a discussão sobre o resultado de um projeto de trabalho para a Reforma Administrativa.

Se diz que quem nasceu neste século 21 vai viver mais de 100 anos, terá no mínimo seis profissões, não por escolha, mas porque elas irão se acabar e no mínimo quatro casamentos. Sabe como é! Papel aguenta tudo, mas esses meninos, e meninas, estudiosos de Berkeley não devem ser jogados na lata do lixo! 

O assunto tem relação com empregos e profissões. Dizer que isso não vai atingir o serviço público seria uma arrogância sem par. 

John Gray no seu já clássico “Cachorro de Palha”, uma crítica inteligente ao humanismo, ao falar do emprego e trabalho diz  que em certo momento “já não é inimaginável que, dentre de poucas gerações, a maioria da população tenha pequeno ou nenhum valor no processo produtivo”.  Ele não disse isso ontem, ele disse isso há 20 anos atrás, duas gerações em tempo da tecnologia de Século 21.

Mais adiante ele diz “na Europa e no Japão, a vida burguesa desaparece lentamente.  Na Inglaterra e na América, tornou-se conteúdo de parques temáticos. A classe média é um luxo que o capitalismo já não pode se dar”.

No Brasil, ser classe média, gostem ou não, era, e é, ser servidor público.  A Reforma Administrativa é importante nos tempos atuais, já deveria ter sido enfrentada, mas isso não é só um advento reformista, isso tem a ver com a formação da economia de nosso país.

A nova economia da inteligência artificial, dos robôs mexe com tudo, mas não é só em encaixe no serviço público até por que lá não existe só o legalmente aplicável, mas o discricionarismo que tem ligação com a razoabilidade na função pública. Não vamos ser pretenciosos em afirmar que o de novo que temos, em algum momento, irá ocupar esse nicho.

O Centrão que tem representado no poder o jovem deputado Hugo Motta (Republicanos-PB) tem compromisso com mercado, a chamada Faria Lima, com a Reforma Administrativa, mas falar nesse assunto ao final do terceiro ano de uma legislatura congressual à beira de uma nova eleição presidencial que deverá ser, novamente, uma disputa polarizada, em que corremos o risco de ter um congresso majoritariamente conservador e um num novo governo de centro-esquerda, na conta de hoje  - é muito mais que um exagero. É inadequado, politicamente.

O Brasil nos seus 35 anos de Constituição Federal de 1988 tem todo o direito de mudar a camisa, reformar o figurino, mas não é caso de jogar o armário fora.

Precisamos de uma Reforma Administrativa, sim, mas que não seja um favor ao Mercado que assim exige, mas a nossa sociedade que precisa ter um serviço público vinculado sim, a regra legal, mas cada vez mais apto a orientar mais que regular, conduzir a sociedade à redenção de reduzir as desigualdades ao tempo que nos conduz à prosperidade humana e econômica.

Esse caminho pode ser alinhavado, agora, e participar das discussões presidenciais de 2026 mas não serem tocadas como definitivas neste momento especialíssimo que vivemos.

Sabemos que o Brasil tem pressa, mas às vezes a pressa depende do momento certo, como em tudo na política!

Por Genésio Araújo Jr, jornalista

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