Banco Central, em suas estatísticas, revela que em agosto houve redução nas concessões de crédito
As concessões nominais de crédito somaram R$633,8 bilhões em agosto. As concessões diminuíram 0,2% no mês, com retração de 2,3% nas operações com pessoas jurídicas e incremento de 1,5% nas operações com as pessoas físicas
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(Brasília-DF, 29/09/2025) Na manhã desta segunda-feira, 29, o Banco Central divuilgou suas Estatísticas Monetárias e de Crédito referente a agosto de 2025.
Em agosto, o saldo do crédito ampliado ao setor não financeiro atingiu R$19,7 trilhões (159,0% do PIB), com alta de 1,1% no mês, refletindo principalmente o acréscimo de 2,8% nos títulos públicos de dívida. Em doze meses, o crédito ampliado cresceu 11,7%, com avanços nos títulos públicos de dívida (17,0%), nos empréstimos do SFN (9,7%) e nos títulos privados de dívida (17,2%).
O crédito ampliado às empresas situou-se em R$6,7 trilhões em agosto (54,0% do PIB), recuo de 0,5% no mês, ressaltando-se o decréscimo de 1,9% nos empréstimos externos, influenciado em parte pela apreciação cambial de 3,14% no período. Em doze meses, verificou-se crescimento de 8,0%, resultado principalmente de elevações de 16,7% em títulos de dívida e de 7,2% nos empréstimos do SFN.
O crédito ampliado às famílias situou-se em R$4,5 trilhões (36,6% do PIB), com expansão no mês de 0,8%, refletindo o desempenho dos empréstimos do SFN. Em doze meses, crescimento de 11,4%, com avanços nos empréstimos do SFN (11,1%) e nos empréstimos com outras sociedades financeiras (18,4%).
SFN
O estoque das operações de crédito do SFN aumentou 0,5% em agosto, somando R$6,8 trilhões. Esse desempenho resultou das expansões de 0,2% e de 0,7% das carteiras de crédito às pessoas jurídicas e às pessoas físcas, respectivamente, cujos saldos situaram-se em R$2,5 trilhões e R$4,2 trilhões, na mesma ordem. Comparativamente ao mesmo período do ano anterior, o estoque das operações de crédito do SFN em agosto assinalou arrefecimento no ritmo de crescimento, com variação anual de 10,1% ante 10,8% observado em julho deste ano. Observadas as mesmas bases de comparação, as carteiras de crédito destinadas às empresas e às famílias desaceleraram, com altas de 8,7% ante 9,5% e de 11,0% ante 11,6%, na mesma ordem.
O estoque de crédito com recursos livres totalizou R$3,9 trilhões em agosto, com incremento mensal de 0,3% e de 8,8% em doze meses. O crédito livre às pessoas jurídicas diminuiu 0,1% no mês e aumentou 4,5% em doze meses, somando R$1,6 trilhão. Foram determinantes para a retração mensal do crédito livre às empresas as reduções das carteiras de capital de giro (-1,2%) e de outros crédito livres (-0,8%), atenuadas pela expansão das operações de descontos de duplicatas e outros recebíveis (0,9%).
O crédito livre às pessoas físicas cresceu 0,6% no mês e 11,9% em doze meses, alcançando R$2,3 trilhões. Foram determinantes para esse movimento, os avanços das carteiras de crédito consignado para trabalhadores do setor privado (+8,6%), crédito consignado para trabalhadores do setor público (+1,0) e de financiamentos para a aquisição de veículos (+0,9%) .
O estoque de crédito direcionado aumentou 0,8% no mês e 12,1% em doze meses, alcançando R$2,9 trilhões. Por segmento, os saldos de crédito direcionado às pessoas jurídicas e às pessoas físicas somaram, respectivamente, R$983,5 bilhões e R$1,9 trilhão, ambos com alta mensal de 0,8% e, na mesma ordem, altas de 16,2% e 10,0% em doze meses.
As concessões nominais de crédito do SFN somaram R$633,8 bilhões em agosto. Nas séries sazonalmente ajustadas, as concessões diminuíram 0,2% no mês, com retração de 2,3% nas operações com pessoas jurídicas e incremento de 1,5% nas operações com as pessoas físicas. Nos doze meses acumulados até agosto, as novas contratações nominais avançaram 11,4%, com altas de 14,0% nas operações com o segmento empresarial e de 9,3% com famílias. As concessões nominais médias diárias aumentaram 7,4% em agosto, ressaltando a ocorrência de dois dias úteis a menos em relação a julho.
A taxa média de juros das novas contratações de crédito do sistema financeiro em agosto situou-se em 31,8% a.a., com altas de 0,2 p.p. no mês e de 4,2 p.p. em doze meses. Por segmento, as taxas médias de juros das novas operações de crédito pactuadas com pessoas jurídicas e com pessoas físicas aumentaram, na ordem, 0,1 p.p. e 0,2 p.p. no mês e 3,6 p.p. e 4,3 p.p. em doze meses, situando-se, respectivamente, em 21,7% a.a. e 36,4% a.a.
O spread bancário, que mede a diferença entre as taxas médias de juros das operações de crédito e o custo de captação, atingiu 20,7 p.p. em agosto, com aumentos de 0,3 p.p. no mês e de 2,2 p.p. em doze meses.
Nas operações livremente pactuadas, a taxa média de juros situou-se em 46,0% a.a. em agosto, com incrementos de 0,4 p.p. no mês e de 6,3 p.p. em doze meses. No crédito livre às empresas, a taxa média de juros alcançou 25,2% a.a., com avanços de 0,2 p.p. no mês e de 4,2 p.p. em doze meses. Foi determinante o aumento da taxa média de juros das operações de capital de giro com prazo até 365 dias (+9,6 p.p.).
No crédito livre às famílias, a taxa média de juros aumentou 0,5 p.p. no mês e 6,6 p.p. em doze meses, situando-se em 58,4% a.a. Esse resultado foi influenciado, principalmente, pelo aumento na taxa média das operações de cartão de crédito rotativo (+5,3 p.p.).
Em agosto, o efeito da variação das taxas médias de juros (efeito taxa) foi determinante para o aumento da taxa média de juros do crédito livre às pessoas jurídicas, enquanto o efeito da variação da composição das carteiras de crédito (efeito saldo) mostrou-se mais significativo para o incremento da taxa média de crédito livre às pessoas físicas,
O Indicador de Custo do Crédito (ICC), que mede o custo médio de toda a carteira de crédito do SFN, situou-se em 23,4% a.a. em agosto, com elevações de 0,2 p.p. no mês e de 1,7 p.p. em doze meses.
O percentual de inadimplência da carteira de crédito total do SFN, considerados os atrasos superiores a 90 dias, alcançou 3,9% em agosto, com aumentos de 0,1 p.p. no mês e de 0,7 p.p. em doze meses.
No crédito livre, a inadimplência alcançou 5,4%, com aumentos de 0,2 p.p. no mês e de 1,0 p.p. em doze meses. A inadimplência da carteira de crédito livre às empresas manteve-se estável em 3,3%, com incremento de 0,4 p.p. em doze meses, enquanto no crédito livre às famílias foram registrados aumentos de 0,3 p.p. no mês e 1,3 p.p. em doze meses, com o indicador situando-se em 6,8%.
Em julho, o endividamento das famílias situou-se em 48,6%, com redução de 0,2 p.p. no mês e aumento de 0,7 p.p. em doze meses. O comprometimento de renda recuou 0,1 p.p. no mês e avançou 1,0 p.p. em doze meses, alcançando 27,9%.
Agregados monetários
A base monetária alcançou R$438,9 bilhões no mês de agosto, com diminuição de 1,1% no mês e aumento de 1% em doze meses. No mesmo período, o volume de papel-moeda em circulação e as reservas bancárias recuaram 0,7% e 2,5%, respectivamente.
Entre os fluxos mensais dos fatores condicionantes da base monetária, produziram impacto contracionista as operações com derivativos, R$19,9 bilhões, e as do Tesouro Nacional, R$3,7 bilhões. Apresentaram expansão as operações do setor externo, R$6,2 bilhões, as com títulos públicos federais, R$26,8 bilhões (resultado de colocações líquidas de R$119,6 bilhões no mercado primário e compras líquidas de R$146,4 bilhões no mercado secundário) e os depósitos de instituições financeiras, R$4,7 bilhões (recolhimentos de recursos de depósitos a prazo em espécie, -R$1,4 bilhão, liberação de depósitos voluntários a prazo, +R$5,5 bilhões, e depósitos de garantias em espécie vinculadas a Linhas Financeiras de Liquidez – LFL, +R$1bilhão).
Os meios de pagamento restritos (M1) alcançaram R$628,8 bilhões, avanço de 0,9%, em decorrência dos aumentos no papel-moeda em poder do público e nos depósitos à vista de 1,0% e de 0,7%, respectivamente. Considerando-se dados dessazonalizados, o M1 recuou 2,8% no mês.
Os agregados monetários no conceito M2 cresceram 0,4% em agosto, com saldo total de R$7,0 trilhões, resultado do crescimento de 0,4% nos saldos dos títulos privados emitidos por instituições financeiras, que totalizaram R$5,4 trilhões. No período, o saldo de depósitos a prazo aumentou 0,5%, totalizando R$3,5 trilhões, enquanto o saldo da poupança apresentou leve retração de 0,1%, após captações líquidas negativas de R$7,6 bilhões. O saldo das letras financeiras não registrou variação no período, enquanto o saldo das letras de crédito cresceu 0,2%.
Apesar do crescimento do M2, o M3 registrou estabilidade na comparação com o mês anterior, totalizando R$12,8 trilhões. O crescimento do M2 foi anulado pela retração nos demais componentes do M3. O saldo das quotas de fundos monetários totalizou R$5,5 trilhões e contraiu 0,4%. As operações compromissadas com títulos públicos federais e com títulos privados seguiram a mesma tendência e recuaram, respectivamente, 1,9% e 3,1%. O M4 expandiu 0,3% no mês e 8,1% em doze meses, totalizando R$14,2 trilhões.
( da redação com informações de assessoria. Edição: Política Real)