Valor da produção da pecuária nacional em 2024 chegou a R$ 132,8 bilhões; maior rebanho bovino fica em São Félix do Xingu (Pará) com um rebanho estimado em 2,5 milhões de cabeças
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(Brasília-DF, 18/09/2025) Nesta quinta-feira, 18, o IBGE divulgou a sua Pesquisa de Pecuária Municipal (PPM) referente a 2024 que apontou que o valor de produção chegou à marca de R$ 132,8 bilhões, alta de 8,8% em relação ao ano anterior.
Os produtos de origem animal levantados na pesquisa (leite de vaca, ovos de galinha e de codorna, mel, casulos-do-bicho-da-seda. ) atingiram R$ 121,1 bilhões, alta de 8,2% em relação a 2023, e os itens da aquicultura foram responsáveis por R$ 11,7 bilhões, aumento de 15,4%.
O efetivo bovino atingiu 238,2 milhões de cabeças em 2024, o segundo maior da série histórica iniciada em 1974, sendo superado apenas pelo total registrado em 2023. No ano, o Brasil alcançou recordes no abate de bovinos, suínos e frangos, de acordo com a Pesquisa Trimestral do Abate de Animais do IBGE, bem como das exportações de carnes in natura destas espécies, segundo resultados da Secretaria de Comércio Exterior - Secex, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.
Em relação a variação negativa em 0,2% no efetivo de bovinos de um ano para outro, a analista da PPM, Mariana Oliveira explica: “Nesse caso, a queda de bovinos, ocorrem função do ciclo pecuário. Há alguns anos o abate de fêmeas está elevado, em função dos preços do bezerro e da arroba, que desestimularam a retenção de fêmeas para reprodução, sendo assim era esperada uma redução no rebanho.”
Entre os municípios, São Félix do Xingu (Pará), segue na liderança entre os bovinos, com um rebanho estimado em 2,5 milhões de cabeças, o que representa 1,1% do total brasileiro. Na sequência, aparecem Corumbá (Mato Grosso do Sul), Porto Velho (Rondônia), Cáceres (Mato Grosso) e Marabá (Pará). Somados, esses cinco municípios respondem por 3,9% do rebanho bovino nacional, totalizando 9,2 milhões de animais.
A produção de leite atingiu novo recorde ao atingir 35,7 bilhões de litros, um aumento de 1,4% em relação ao ano anterior. Ao passo que a produção de leite subiu, o número de vacas ordenhadas decresceu. Foram contabilizadas 15,1 milhões de vacas ordenhadas, 2,8% a menos do que em 2023, sendo esse total de vacas ordenhadas o menor já registrado desde 1979.
Produção de leite cresce pelo segundo ano consecutivo
Em 2024, a produção estimada de leite de vaca foi de 35,7 bilhões de litros. O resultado corresponde a uma alta de 1,4% na produção nacional. O valor de produção do leite contabilizado em 2024 foi de R$ 87,5 bilhões, alta de 9,4% frente a 2023. O preço médio estimado pago ao produtor foi de R$ 2,45 por litro de leite, um aumento de 7,9% em comparação aos R$ 2,31 pagos no ano anterior.
“Ao longo dos anos existe uma alternância entre as regiões Sul e Sudeste na liderança entre as Grandes Regiões com a maior produção de leite no país. Atualmente, o Sudeste lidera após três anos de liderança da Região Sul”, explicou Mariana Oliveira. No Sul, a produtividade é o diferencial, a Região possui a maior produção de leite por vaca no país. O Sudeste lidera no número de vacas ordenhadas, com destaque para Minas Gerais, que é responsável por cerca de um quarto da produção nacional de leite.
O município de Castro (Paraná) liderou o ranking, mais uma vez, com 484,4 milhões de litros, alta de 6,7% em relação ao ano anterior. Carambeí (Paraná) manteve a segunda posição, com 293,1 milhões de litros, e Patos de Minas (Minas Gerais) ocupou a terceira posição, com 226,9 milhões de litros.
Impulsionado pela região Sul, quantidade de galináceos e galinhas atinge novo recorde
Estimou-se 1,6 bilhão de cabeças de galináceos no Brasil, um aumento de 1,7% em relação ao ano anterior, equivalente a 26,8 milhões de animais a mais. Em 2024, o abate de frangos também registrou novo recorde em 2024, segundo a Pesquisa Trimestral do Abate de Animais, IBGE, com aumentos de 2,7% em cabeças e 2,4% em peso de carcaça. O efetivo nacional de galinhas também atingiu um recorde, com 277,5 milhões de cabeças, um aumento de 6,8%.
A Região Sul mantém sua posição como a maior detentora do efetivo desde 1983, respondendo por 47,3% do total em 2024. Essa liderança é impulsionada pela relevância dos estados sulistas, em especial o Paraná, que lidera a criação de galináceos desde 2006, e contribuiu com 28,8% do total desta edição da pesquisa. Rio Grande do Sul e Santa Catarina figuram como o terceiro e o quarto maiores efetivos, com 9,8% e 8,7%, respectivamente.
São Paulo, com o segundo maior efetivo estadual (13,0% do total nacional), e Minas Gerais, com o quinto (8,2%), juntos, contribuíram com um incremento de 14,9 milhões de cabeças em relação ao ano anterior.
Santa Maria de Jetibá (Espírito Santo), município com o maior efetivo de galináceos, registrou um aumento de mais de 2 milhões de animais em 2024. Desse incremento, 90,7% foram galinhas, o que reforça a sua liderança municipal nesse efetivo desde 2015, totalizando 14,9 milhões de galinhas em 2024. São Bento do Una (Pernambuco), Bastos (São Paulo), Toledo (Paraná) e Uberlândia (Minas Gerais) completam o ranking dos cinco maiores municípios em galináceos.
No ranking de galinhas, Bastos (São Paulo) e São Bento do Una (Pernambuco) também se destacam, invertendo posições para segundo e terceiro, respectivamente. Primavera do Leste (Mato Grosso) e Beberibe (Ceará) ocupam o quarto e quinto lugares.
Com destaque da região Nordeste, rebanho de caprinos e ovinos apresentam novos recordes na série histórica
O efetivo de caprinos aumentou 3,1% no ano de 2024, chegando a 13,3 milhões de animais, enquanto o número de ovinos aumentou 0,3%, atingindo 21,9 milhões de animais. Os dois valores são recordes históricos da pesquisa. A região Nordeste foi a principal responsável por este aumento, já que possui 96,3% do total de caprinos e 73,5% dos ovinos.
Bahia e Pernambuco respondem pelo primeiro e segundo maior efetivo, respectivamente, em ambas as criações: a Bahia é responsável por 31,6% do rebanho caprino e 23,5% do rebanho ovino do País; enquanto 25,7% e 18,0% desses efetivos, respectivamente, estão em Pernambuco.
Em nível municipal, os maiores efetivos de caprinos estão localizados em Casa Nova (Bahia), Juazeiro (Bahia), Floresta (Pernambuco), Curaçá (Bahia) e Petrolina (Pernambuco). Para ovinos, Casa Nova (Bahia) também se destaca como principal Município produtor, seguido de Juazeiro (Bahia), Dormentes (Pernambuco), Remanso (Bahia) e Afrânio (Pernambuco) - em sexto lugar vem Sant’Ana do Livramento (Rio Grande do Sul), diferenciando aqui do domínio nordestino para caprinos devido, justamente, à apontada criação de ovinos destinada à lã no Sul do País.
Produção de ovos cresce em 24 das 27 UFs e atinge novo recorde na série histórica
Com o total de 5,4 bilhões de dúzias, a produção brasileira de ovos de galinha apresentou um crescimento de 8,6% para o ano de 2024, resultando em um novo recorde para a série histórica, que estima que a produção de ovos vem aumentando ininterruptamente desde 1999. Importante mencionar que a produção de ovos levantada pela pesquisa possui tanto a finalidade consumo quanto incubação.
Os cinco principais municípios produtores foram: Santa Maria de Jetibá (Espírito Santo), Bastos (São Paulo), São Bento do Una (Pernambuco), Primavera do Leste (Mato Grosso) e Beberibe (Ceará).
Em ano recorde de abate e exportações, rebanho de suínos apresentou crescimento
Foram contabilizados 43,9 milhões de suínos nesta edição da pesquisa. No último dia de 2024 havia, no país, 1,8% de animais a mais se comparado ao ano anterior. Paralelo a isso, com um aumento de 0,6%, o total de matrizes de suínos se mostrou praticamente estável, sendo 5,0 milhões de animais contabilizados, o maior registro para este efetivo. Também foi observado um aumento de 1,2% no abate de suínos, alcançando um recorde em 2024, porém demonstrando uma desaceleração do crescimento do setor. Houve recorde ainda nas exportações de carne suína in natura.
Toledo (Paraná) manteve sua posição na liderança municipal para a criação, dentre as 5 487 municipalidades que registraram alguma criação, com 2,2% do efetivo nacional, ou 950,0 mil animais. Uberlândia (Minas Gerais) aparece em seguida, com 1,4% do total nacional, ou 623,9 mil animais, seguido de Marechal Cândido Rondon (Paraná), com 1,3% ou 576,0 mil suínos.
Impulsionada pela região Nordeste, produção de mel atinge recorde
A produção nacional de mel cresceu 4,9% em 2024, totalizando 67,3 milhões de quilos, o mais alto valor já registrado na série histórica da pesquisa, que desde 2016 apresenta crescimentos consecutivos e, desde 2018, a cada ano, alcança recordes na estimativa.
A Região Nordeste manteve o primeiro lugar entre as Grandes Regiões, com um aumento de 3,5% no seu resultado, sendo responsável em 2024 por 39,4% do total nacional. Nela destaca-se o Piauí, com 12,8% da produção nacional, seguido por Ceará, Bahia e Maranhão. O maior produtor nacional, no entanto, é o Paraná.
Os municípios com a maior produção de mel foram, em ordem, Santa Luzia do Paruá (Maranhão), Arapoti (Paraná), Santana do Cariri (Ceará), São Raimundo Nonato (Piauí) e Ortigueira (Paraná).
Produção de peixes e camarão atinge recorde
A estimativa da produção de peixes em 2024 mostrou um aumento de 10,3%, chegando a 724,9 mil toneladas, o que resultou em um valor de produção de 7,7 bilhões de reais, crescimento de 15,8% em relação ao ano anterior.
O peixe mais produzido no Brasil, desde o início do levantamento da piscicultura, é a tilápia. Em 2024, sua produção correspondeu a 68,9% do total de peixes. Em relação ao ano anterior, foi um aumento de 12,8%, resultando em 499,4 mil toneladas. Quase metade desse total (47,5%) é proveniente da Região Sul, devido principalmente ao Paraná, responsável por 38,2% da produção nacional, ou 190,5 milhões de quilos.
Já a produção brasileira de camarão criado em cativeiro atingiu 146,8 mil toneladas, um crescimento de 15,2% com relação ao ano anterior. O valor de produção foi de R$ 3,1 bilhões, equivalente a um aumento de 16,3%. Essa estimativa corresponde a um recorde na série histórica da produção, que vem crescendo continuamente desde 2017.
Do total, 99,7% são provenientes da Região Nordeste, principalmente do Ceará (57,1%) e do Rio Grande do Norte (21,5%). Ambos os Estados registraram aumentos que, somados, resultam em cerca de 18,0 milhões de quilos. Os maiores produtores municipais estão concentrados nesses dois Estados, começando por Aracati (Ceará), que, com produção de 18,0 mil toneladas, é origem de 12,2% da produção nacional e 21,4% da produção estadual. Na sequência, aparecem Jaguaruana (Ceará), com 8,8% e Pendências (Rio Grande do Norte), com 6,5% da produção nacional.
Mais sobre a pesquisa
A Pesquisa da Pecuária Municipal - PPM investiga, anualmente, informações sobre os principais efetivos das espécies animais criadas e as produções de leite de vaca, ovos de galinha e de codorna, mel de abelha, lã bruta, casulos do bicho-da-seda, além da aquicultura (piscicultura, carcinicultura e malacocultura), constituindo, assim, a principal fonte de estatísticas desse segmento econômico.
Ela fornece informações sobre os efetivos da pecuária existentes no município na data de referência do levantamento, bem como a produção de origem animal, e o valor da produção durante o ano de referência. Os efetivos incluem bovinos, suínos, matrizes de suínos, galináceos, galinhas, codornas, equinos, bubalinos, caprinos e ovinos. A produção de origem animal, por sua vez, contempla a produção de leite, ovos de galinha, ovos de codorna, mel, lã bruta e casulos do bicho-da-seda; as quantidades de vacas ordenhadas e ovinos tosquiados; e a aquicultura, que engloba as produções da piscicultura, carcinicultura e malacocultura.
A periodicidade da pesquisa é anual. Sua abrangência geográfica é nacional, com resultados divulgados para Brasil, Grandes Regiões, Unidades da Federação, Mesorregiões, Microrregiões e Municípios.
( da redação com informações de assessoria. Edição: Política Real)