Na Cúpula de Paris, 26 países anunciam que vão compor força de segurança para atender Ucrânia
As tropas não seriam destacadas para a linha de frente, mas teriam como objetivo "impedir qualquer nova agressão importante", afirmou o presidente francês
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(Brasília-DF, 04/09/2025) Nesta quinta-feira, 04, vinte e seis países se comprometeram a apoiar a criação de uma força de segurança que seria enviada à Ucrânia após um eventual acordo com a Rússia que encerre a guerra, com o objetivo de impedir que Moscou volte a atacar seu vizinho, afirmou o presidente francês, Emmanuel Macron.
Porém, também há preocupação crescente de que o presidente russo, Vladimir Putin, não esteja demonstrando interesse em um acordo de paz. Essa preocupação se intensificou após a visita de alto nível de Putin a Pequim nesta semana.
A extensão do envolvimento dos EUA em um eventual apoio à segurança da Ucrânia também permanece incerta, mesmo após os líderes europeus conversarem com o presidente Donald Trump por videoconferência também nesta quinta-feira.
A reunião foi organizada por Macron e contou com a presença do presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, enquanto outros líderes, como o primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, participaram remotamente. Macron não informou quais 26 países se comprometeram a apoiar a força de garantia.
A cúpula em Paris faz parte de um esforço articulado para mostrar que a Europa poderia agir independentemente de Washington, depois que Trump mudou a política externa dos EUA sobre o tema e iniciou negociações diretas com Putin.
Os Estados Unidos foram representados pelo enviado especial de Trump, Steve Witkoff, que também se reuniu com Zelenski separadamente.
"Primeiro passo concreto"
A Europa está sob pressão para intensificar sua resposta ao conflito, mais de três anos e meio após a Rússia ter lançado sua invasão em grande escala em fevereiro de 2022.
"Temos hoje 26 países que se comprometeram formalmente – alguns outros ainda não tomaram uma posição – a enviar tropas como uma 'força de segurança' para a Ucrânia, ou a estar presentes no terreno, no mar ou no ar", disse Macron aos repórteres, ao lado de Zelenski. "No dia em que o conflito acabar, as garantias de segurança serão mobilizadas", afirmou.
O presidente ucraniano saudou a medida. "Acho que hoje, pela primeira vez em muito tempo, este é o primeiro passo concreto tão sério", disse.
As tropas não seriam destacadas para a linha de frente, mas teriam como objetivo "impedir qualquer nova agressão importante", afirmou o presidente francês. Macron acrescentou que outro pilar importante seria a "renovação" do Exército ucraniano para que ele pudesse "não apenas resistir a um novo ataque, mas dissuadir a Rússia de uma nova agressão".
O líder francês disse ainda que os Estados Unidos estavam sendo "muito claros" sobre sua disposição de participar das garantias de segurança para a Ucrânia, mas a contribuição americana permanece incerta.
Há também divisões dentro da coalizão. O chanceler federal alemão, Friedrich Merz, segue cauteloso quanto ao alcance do envolvimento na segurança da Ucrânia
"A Alemanha decidirá sobre o envolvimento militar no momento apropriado, uma vez que as condições gerais tenham sido esclarecidas", disse um porta-voz do governo alemão após a cúpula.
Seguindo uma linha semelhante, a primeira-ministra Giorgia Meloni reiterou que a Itália não enviará tropas à Ucrânia, mas poderá ajudar a monitorar qualquer possível acordo de paz, informou seu gabinete.
Antes das negociações em Paris, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, disse que Moscou não concordaria com o envio de tropas estrangeiras à Ucrânia "em nenhum formato".
Decepcão
A decepção tem se elevado em países do Ocidente com o que os líderes dizem ser a relutância de Putin em chegar a um acordo para encerrar o conflito. Macron acusou a Rússia de "não fazer nada além de tentar ganhar tempo" e intensificar os ataques contra civis.
Zelenski disse que a ligação com Trump discutiu sanções contra a Rússia e a proteção do espaço aéreo da Ucrânia. "Discutimos diferentes opções, e a mais importante é usar medidas fortes, particularmente econômicas, para forçar o fim da guerra", escreveu Zelenski nas redes sociais.
A Casa Branca, por sua vez, afirmou que instou os países europeus a pararem de comprar petróleo russo "que está financiando a guerra".
A reunião ocorreu após as viagens de alto nível de Putin à China e aos Estados Unidos, onde se encontrou com Trump no Alasca no mês passado.
( da redação com DW e AFP. Edição: Política Real)